Capítulo 26

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Eu só preciso de tempo (Snap - Rosa Linn)

— Como você está? Pergunto no dia seguinte para Jessy, lhe entregando um copo com água.

Dan tinha me dito que tentou visitá-la, mas ela pediu a ele que fosse embora. Não de uma maneira grosseira — Eu duvidava que ela fizesse algo do tipo, mas porque precisava de espaço.

Ele ficou na sala conversando com Phil, que, admito, foi uma surpresa vê-lo aqui. E considerando o histórico de Dan com ele, eu não sei se está sendo uma conversa confortável.

Ela apoiou o copo na bancada da cozinha e olhou para mim, seu rosto estava inchado, mas não havia lágrimas.

— Eu achava que podia perdoar ele, óbvio que perdoar não é igual a esquecer, e não é como se fosse aceitar que amizade fosse igual. — Ela hesitou por um momento, mas respirou fundo. — Ela não seria de qualquer maneira. Mas eu não queria que as coisas terminassem assim para ele.

— Eu entendo.

E entendia mesmo.

Me aproximei dela a puxando para um abraço.

— Às vezes, quando fecho os olhos, é como se tudo estivesse acontecendo de novo. — Ela admitiu. — Acho que nunca vou conseguir esquecer aquilo.

Eu também não sabia se conseguiria esquecer, se era possível esquecer.

— Jessy, o que aconteceu foi uma situação terrível e traumática. É natural que você esteja tendo essas reações. — Eu tentei oferecer um conforto, embora soubesse que eu mesma estava passando por essa situação de merda.

Jessy olhou para o nada por um momento e então deu um suspiro profundo.

— Eu sei, Jade. É só... Difícil de processar.

— Eu entendo. Você não precisa passar por isso sozinha. Se quiser conversar, desabafar, estou aqui. E tenho certeza de que Dan também.

— Não sei como você e Dan conseguem lidar com isso. — Ela balançou a cabeça.

— Dan também está sofrendo. — Minha voz estava cheia de compaixão. — Ele se sente responsável de alguma forma.

Jessy acenou com a cabeça, mas seus olhos refletiam uma expressão pesada de dor que me fazia sentir impotente.

— Você não foi.

Eu sabia do que ela estava falando e desviei o rosto.

— Não fui.

Dessa vez, ela me ofereceu o copo com água. E não falei de novo, quando voltei para a sala e Dan perguntou se ela estava bem. E ela respondeu que ia ficar. Aquela resposta o deixou preocupado, mas o reconfortou.


◇◆◇


Segurava o diário desgastado da mãe de Jake, respirando fundo, tentando recuperar a compostura depois de ser barrada ao tentar visitá-lo.

Entrei na delegacia, meus olhos buscavam Alan, uma esperança fugaz de que ele pudesse interceder por mim. Mas para meu azar — porque nada na minha vida infeliz estava cooperando ultimamente, eu dei de cara com Kim Will que, sem sombra de dúvidas, parecia ter uma aversão pessoal por minha presença.

É, éramos dois.

— Ah, você aqui de novo. — Ele ergueu os olhos dos papéis, fixando em mim um olhar que parecia sugerir que eu era um incômodo constante.

Duskwood - Não é o fimWhere stories live. Discover now