O CASAL NA PRAIA

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Ela sentia nos pés a areia morna da praia. A roupa leve marcava as curvas do corpo delgado dela ao balançar junto às brisas do mar mediterrâneo que jogavam os fios de um loiro acinzentado em seu rosto. Ao tentar colocá-los atrás da orelha, foi impedida pela mão livre do homem com quem caminhava.

O jovem de cabelos loiros claros na altura dos ombros e rosto avermelhado, marcado com bochecha alta, queixo quadrado e ar másculo, virou-se de frente a jovem e tirou do rosto dela os fios que a incomodavam. Ele era um homem alto, largo, forte, um estranho naquela terra quente vestindo malha de ferro por cima da camisa de manga comprida de couro e uma capa de pele de lobo cinza.

Ele era uma Adônis com corpo de Hércules.

Sorrindo com doçura nos olhos azuis, ele a puxou para si, a enlaçando em um abraço, a beijando com paixão. Levando a firmeza das pernas da moça. Por pura implicância, ela afastou-se. Riu da cara de frustração dele e correu até a grama. Ele foi atrás e sem muito esforço a pegou pela cintura, erguendo-a no ar.

— Solte-me, meu caro senhor — ela disse engolindo o riso —, ou terei que fazer-te meu para todo sempre.

— Já o fizeste, minha amada.

Ele a levou para debaixo de uma árvore, e com gentileza a deitou sobre a capa que ele havia jogado na relva. E à sombra da tamareira, tendo o sol que morria no horizonte como testemunha, ele a beijou mais uma vez.

No início, apenas os lábios se encostaram: quentes, úmidos e lentos. Em seguida, provaram o sabor um do outro como se a vida dependesse disso.

— Por que parastes, meu caro senhor? — indagou sem fôlego. — Dei, a ti, permissão para isso?

— Preciso, eu, permissão para admirar as belas pérolas negras que ornam teu formoso rosto, minha amada Acácia?

— Cá deste lado do mundo, precisas... e não dou. Beija-me. Ordeno.

— Falas como se fosses a Senhora desta terra, contudo, a única coisa que te pertences sou eu.

— Se pertences-me como disseste, mostra-me! — O puxou pela nuca, sussurrando: — Bendita é a tempestade que o trouxe até mim.

Os lábios se encontraram mais uma vez, tudo nela ardia na ânsia de ser dele. Tão pouco ela estava sozinha nessa angústia, as mãos dele apertavam os seios e cintura dela com a mesma urgência. E sem cerimônia, ele a fez sua movendo por entre as coxas delas, vigoroso e ritmado.

O nome dela era uma oração nos lábios dele.

Até que ele foi tirado abruptamente de cima da jovem. Os olhares, assustados, se encontraram e se desencontraram quando ela sentiu umas mãos a arrastando para bem longe dele.

— Deixa-o! Irão matá-lo se continuar. Deixa-o! Ele não sabia de nada. Ele não sabia.

Ela se debatia e gritava enquanto era carregada para uma carroça, assistindo ele ser espancado por cinco homens vestindo armaduras de bronze e saiotes de couro.

— Por que não me ouves? — gritou com o soldado que a segurava. — Não sabes quem sou? 

Das cinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora