12-SANGUE DOURADO

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Estacionei o maverick na esquina da lavanderia, desafivelei o cinto de segurança e chamei Miguel que dormia. Resmungando, ele saiu do carro. Sai logo em seguida, e como se estivéssemos sincronizados, o motorista da Dodge Ram estacionada à frente do maverick saltou da cabine e veio em direção a mim e meu amigo parados na calçada.

—Precisa de ajuda, Santini? — o rapaz que conheci no bar perguntou para Miguel. — Consegue subir sozinho?

— Aqui. — Aproximei-me para devolver a chave do carro para ele. — Quer que eu durma aqui hoje?

Miguel grunhiu em resposta, o que pareceu ser uma dupla negação, me beijou no rosto e cambaleou com as chaves de casa na mão até a escada.

— Obrigada. — Encarei meus pés para não olhar para Taylor. — Eu não ia mesmo saber voltar. Tudo escuro uma hora dessa, capaz de parar no Kansas.

— Não foi nada, eu teria que vir pra essas bandas de qualquer jeito.

Dei um sorriso de lábios apertados para o rapaz parado ao meu lado sem saber como lidar com aquela situação constrangedora.

Há poucas horas, estava sentada ao seu lado no bar, conversando como se ele não fosse um completo estranho, tentando não aparentar que estava babando pela beleza dele: lábios cheios, nariz reto e uma barba que cobria boa parte do rosto e que fiquei tentada em passava a mão para ver se era tão macia quanto parecia. E não posso esquecer do belo par de pernas, bem torneadas, e do traseiro redondinho e empinado que eu espiei quando ele foi ao banheiro, até esqueci dos contornos, vampiros, laços de sangue.

— Sabia que eu voltei para te procurar no outro dia? —Taylor havia falado bebendo refrigerante para me acompanhar.

— Não brinca?!

— Foi um dos meus momentos mais vergonhosos, jamais brincaria com isso. Catei um par de meia, que nem estava sujo, só pra não chegar de mãos vazias e você me achar estranho.... Imagina a decepção de chegar lá e dá de cara com um cara todo parrudo com cara de poucos amigos...

E foi naquele momento, quando os olhos castanhos escuros dele, cheio de desejo, encontraram os meus que eu pensei que ele me beijaria. O que não aconteceu.

Miguel, que havia bebido um pouco além da conta, entrou no meio da gente pedindo para levá-lo embora. E o que havia ficado apenas em suspenso com a interrupção do meu amigo, piorou quando os dois se chamaram pelo sobrenome.

— Da onde vocês se conhecem?— perguntei.

— Ele é sobrinho do senhor Herveaux, o dono da lavanderia — Miguel respondeu com a voz arrastada. —É um peixão, gata... vai fundo

E foi assim que soube que o beijo tinha saído do status de suspenso para o cancelado.

Ao me convidar para sentar, Taylor havia me explicado que estava ali por curiosidade e perguntado qual o motivo para estar naquele bar tão longe de Shreveport, e eu havia falado, descontroladamente, da comemoração de Miguel e do meu primeiro salário decente. Na empolgação, eu havia falado mal do antigo emprego, e por consequência, do antigo chefe.

—Sabia que ele nunca falou comigo direito? Nunca sequer olhou na minha cara. Nem quando fui pedir demissão e agradecer a oportunidade. Me falaram que ele é rico, mas ser rico não dá permissão pra ele ser tão cuzão, você não acha?

E como se não bastasse ter xingado o tio dele, Miguel não havia ajudado ao tagarelar como se o rapaz não estivesse presente.

— É sério amiga, você deveria ir fundo... — Miguel havia ignorado as cutucadas que dei para ele ficar em silêncio. — Ai, isso dói... sabe o que não deve doer? Taylor Benson- Herveaux... vai Fundo... — E soluçou. — Mais fundo que presas de vampiros. Ele não é igual ao Collins... já te falei o quanto o Collins ...

Das cinzasWhere stories live. Discover now