20-O MESTRE PROTEGE

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Mal tive tempo de reparar onde estava, Eric agarrou minha cintura e saiu voando comigo e com Taylor desmaiado em seu ombro. Aterrisamos, pouco tempo depois, no estacionamento, próximo ao local onde fomos capturados. Por sorte, tanto a chave quanto o carro de Taylor estavam no mesmo lugar. Sorte... será que poderia chamar de sorte qualquer coisa que tenha acontecido naquela noite?

Abri a porta e Eric colocou Taylor no banco do carona. Só então, com ele sentando, fora de perigo, a adrenalina caiu e me vi sã e salva. Minhas pernas fraquejaram e encostei na lateral do carro. De olhos fechados, me abracei, suspirando, eu estava viva, e inteira, ao menos, fisicamente inteira.

—Você está bem?— Eric perguntou fechado a porta do carro.

— Só tô enjoada.

— foi o vôo.

— Ah, é — falei sem pensar, pegando a chave da mão dele. — É, o vôo.

Poderia ser o vôo, que eu nem tinha sentido, ou o sangue ainda úmido e pegajoso, em minhas roupas e braços, que secava. Ou as lembranças de Nabal se misturando com os flash do que acabou de acontecer.

— Você não vai começar a chorar, vai?

Olhei para o vampiro, ele parecia desconfortável como se não soubesse o que fazer se eu chorasse. Ainda bem que eu e ele não éramos amigos, se fôssemos, ele me abraçaria, talvez, e eu desabaria em lágrimas.

— Não, mas se isso te incomoda tanto você pode ir embora.

Caminhei para longe dele, queria chegar logo no banco do motorista e sair logo dali, mas quando estava passando na frente do carro ouvi ele me chamar e virei quase dando de cara com o tronco dele.

— Não foi isso que eu quis dizer.

—Não? Ok... tudo bem... sabe, achei que ia morrer, mais uma vez, e nem quero imaginar o que teria acontecido se você não tivesse aparecido. Um segundo a mais, acho que estaria tudo perdido...

— Não foi minha intenção demorar.

— Não, não, eu não to reclamando disso, sequer pensei nessa hipótese, eu to te agradecendo.

—Você tem um jeito estranho de dizer "obrigado".

—Você tem um jeito estranho de merecê-lo — suspirei forte—, já que tocou no assunto, por que demorou? Achei que tínhamos um vínculo.

— Temos, só não é tão forte pra eu ter sua localização exata, e este lugar está cheio de encantamentos, revirei tudo, de cima a baixo, só consegui voltar a te sentir quando você falou meu nome. — E se aproximou de mim de um jeito muito inquisidor. — Aliás, por que você demorou tanto? Da próxima, não hesite em me chamar, posso me sentir magoado e não aparecer.

— Eu sei que você não pode fazer isso, a maldição... — Ele me olhou como se pudesse. — Não é? — Ele ergueu os ombros. — Não é? — Silêncio.— Por que você faz assim? Por que não me diz logo o que sabe? É perigoso pra mim e pro outros me deixar no escuro. — Olhei para trás e vi Taylor ainda desacordado, será que ele ficaria bem mesmo? — Mas você não vai me dizer, não é?

— Um dia

— Quando?

— Quando for a hora. Avise ao seu humano que nem você e nem ele podem mais pisar aqui. Até amanhã, Lara.

Ele partiu, voltei para o carro, ajustei o banco, retrovisores e coloquei o cinto. Dava partida quando ouvi Taylor resmungar algo incompreensível.

— O que disse?

Das cinzasWhere stories live. Discover now