18- TORTA DE PÊSSEGO COBLE

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O fim de semana passou com a voz de Eric ecoando em minha mente. O que ele queria dizer com " não vai durar muito"? Será que ele faria algo, machucaria Taylor? Não fazia sentido. Por que ele faria alguma coisa contra Taylor? Ou será que ele sabia de algo que eu não sabia? Se fosse isso, não seria a primeira vez que ele tinha esse poder sobre mim.

Não, aquelas palavras não significavam nada. Um dos esportes preferidos daquele vampiro carcomido era brincar com a minha cabeça.

Eu estava nervosa, em poucas horas, não, minutos, Taylor iria me buscar para nosso primeiro encontro. Eu usava um vestido lápis vermelho, curto porém muito elegante, com decote em "v" nas costas, e uma sandália dourada de salto largo. Nancy me convenceu a comprá-las também. Ela era bem boa em fazer eu gastar meu suado dinheiro. Passava o batom quando aquela coisa no pescoço comichou. E de rabo de olho, o vi sentando no parpeito da minha janela.

Como diabos ele conseguiu chegar ali?

— Posso entrar? — A pergunta era apenas por educação, já que, tecnicamente, Eric já estava dentro da minha casa. Tinha me esquecido de revogar a autorização dele.

Meneei a cabeça concordando, me ajeitei no banco da penteadeira e mexi nos cabelos. Eles estavam soltos e desembaraçados, mas não estavam combinando com a roupa. Pelo espelho vi o vampiro sentando em minha cama, bem atrás de mim, me encarando. Da onde aquelas histórias antigas tiraram que vampiros não tinham reflexo?

— Assim fica mais bonito. — Com uma mão segurou toda minha farta cabeleira no alto, deixando apenas uns fios soltos. Gelei da cabeça aos pés, mole com a voz firme dele próximo ao meu ouvido. — E deixa seu belo pescoço à mostra.

—Valeu— piagerrei e inclinei a cabeça, me soltando de seus dedos mornos em minha pele. — O que quer?

— Gostou?

— Do quê? — Com os olhos, ele me mostrou o apartamento, eu suspirei. Desde que ele mobiliou, reformou e decorou minha casa, a gente não tinha conversado direito. — Ah, sim.

— Então, gostou?

— Sim, Eric, gostei. Mais do que devia, mais do que queria. — Virei-me olhando-o nos olhos e foi uma péssima ideia. Aquele azul brilhante me deixava muito nervosa. — Eu sei que você está tentando me manipular, me presenteando assim, só não sei o que você ganha com isso.

— Você não confia em mim.

— Nem um pouco.

— Que bom.

Ele esticou o braço, colando o corpo em mim. Antes de reclamar, ele se afastou segurando com a ponta do meu lápis kajal o meu cordão.

— Não vai usar? — Sacudiu o colar.

— Não combina com os brincos.

Ele largou o objeto na minha penteadeira e se inclinou ficando quase deitado na minha cama, e riu. Cara, só uma pessoa cega... não, nem uma pessoa cega seria inabalável com aquele vampiro todo sedutor, sorrindo sugestivamente para ela.

Não era só visual, era a presença que ele tinha. Odiava como me sentia perto dele. E nessa noite, ele usava uma blusa social, aberta, um paletó, e calça social, de preto da cabeça aos pés, como um modelo da GQ, parecia empacotado para presente. Um presente muito perigoso e bonito. Como uma bomba que chega pelos correios, como o cavalo de troia. Virei-me para o espelho e pus a prender os cabelos conforme ele tinha mostrado.

— Foi meu pedido de desculpas pela forma que a tratei quando nos conhecemos.

— Você diz há quatro anos quando me mordeu depois que te ajudei, ou quando mentiu dizendo que não me conhecia? — Recebi dele a sua costumeira resposta, o silêncio. — Obrigada. Tudo ficou ótimo. De verdade. A designer da loja tem muito bom gosto. Amo lavanda.

Das cinzasOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz