A PROMESSA NÃO FEITA

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— Minha Senhora, prometeu que aquela noite seria a primeira e a última vez, e segues assim, a par de dias; não posso mais tomar vosso lugar.

— O que passas, criança? Achei que estivessem de acordo, não podes abandonar-me agora...

— Oh, Minha Senhora, não vos abandono, não; não penses que não sou fiel a ti, mas ..

— Então, por qual razão?

— Minha Senhora, não é certo tomar vosso lugar! Pense em todos os quem vem falar com vós ... e eles falam comigo.

Acacia riu do desespero de sua ama.

— Criança, se pensares bem, sempre que assumes meu lugar os pedintes e adoradores falam, pela primeira vez, direto comigo. Eles ficariam honrados se soubessem, não achas?

Acacia piscou, enquanto terminava de colocar as vestes da criada, e a ama sentou na cama com a cabeça abaixada e suas mãos entres os cabelos. Acácia via o amarelo da aura de sua ama brilhar fortemente.

— Não, Minha Senhora, não é certo. E o Sumo Sacerdote, oh, pelos céus, como ouso falar com ele de tal forma, o chamando pelo nome... que desonra! Minha Senhora, se me descobrem, eu morro na hora.

— Um nome, é só um nome; um título é só um título. O título não faz o homem, o homem é feito por sua essência. Confia, não fazes nada de errado. — Acácia se agachou em frente a ama, tomando-lhe e a mão, a beijando. — Também não serás pegas. Jamais colocaria tão amada criança em perigo.

— Eu confio, Minha Senhora, mas não podeis, não deveis continuar a se encontrar com o estrangeiro. Eu temo pela sua pureza.

— Minha pureza?

— Sim, e Minha Senhora deverias temer também. Não desejas dar continuidade a vossa essência? Como farás, Minha Senhora, se não fores mais pura?

— Oh, minha amada criança, não digas que crês em todas essas fábulas... Ora, uma virgem que nasce de outra virgem! Já és crescidas o suficiente para saber que não é assim que bebês são gerados, e tão pouco, minha pureza é definida por isso. Enquanto meu coração for puro, eu viverei.

— Minha Senhora!? Mais são os ensinamentos... não, não diga mais nada. Os céus podem tirar o vosso dom por tal injúria. E todos nos iremos perecer ...

— Kynthia, já menti eu alguma vez para ti? — A ama balançou a cabeça em negação.— Então, peço-te mais uma vez: confia em mim. — Acácia se levantou e colocou o véu sobre a cabeça da ama. — Esta noite eu cearei novamente na praia. Não precisas me esperar.

— Minha Senhora, não irás acostar-se com aquele... aquele estrangeiro, não é mesmo?

— Oh, criança, isso é algo que não posso prometer.

Das cinzasWhere stories live. Discover now