Mistério Dos Sombrios Vol 1

Capítulo 36

_Você pode ajudá-la? _perguntou Andrew pra Balthazar minutos depois no corredor.

_Não sem saber exatamente o que está acontecendo. É como se alguém a estivesse machucando de longe. _respondeu o demônio para o vampiro com uma expressão seria. _Você tem alguma ideia do que possa estar acontecendo?

_Eu fiquei pensando nos últimos minutos e acho que possa ser algum tipo de bruxaria. _disse Andrew. _Algo como as artes malignas usadas pelas bruxas, elas são servas fiéis do seu irmão, é possível que estejam metidas nisso.

_Se você estiver certo Emily está em perigo, algo assim é muito difícil de ser remediado. _comentou Balthazar antes de se afastar do vampiro e voltar para o quarto onde Emily estava, deitada na cama encolhida chorando.

Fechou a porta do quarto e se aproximou dela. Ela o encarou com os olhos vermelhos por causa do choro e ele se sentou ao seu lado retribuindo o olhar tocando em seu braço carinhosamente.

_Eu posso fazer algo que alivie sua dor. _disse ele suavemente. _Mas você deve estar ciente de que será apenas algo passageiro. Não vou poder impedir que algo assim volte a acontecer enquanto não descobrir o que está realmente acontecendo.

Fungando levemente Emily acenou positivamente e se sentou na cama se virando para ele, mas sendo virada de costas gentilmente pelo demônio.

_Posso? _perguntou ele subindo o moletom que ela usava devagar.
Confusa Emily assentiu. Seja lá o que ele pretendia fazer confiava nele. Só precisava que aquela dor parasse. Então quando sentiu seu moletom ser levantado e retirado, a deixando somente de sutiã na parte de cima e a calça moletom na parte de baixo, não protestou ou o empurrou, apenas o deixou fazer o que ele queria.

_O que vai fazer? _perguntou a garota.

_A mesma coisa que fiz com seu pulso na floresta, você confia em mim?

_Confio. _assegurou ela ao sentir o cheiro forte de sangue.

Não podia ver por que estava de costas para ele, mas sabia que ele tinha cortado seu próprio pulso como fizera na floresta e o usaria para desenhar algum símbolo que faria aquela dor parar. Sentiu os dedos dele desenharem algo no meio das suas costas e tremeu involuntariamente ao sentir seus dedos gelados tocarem sua pele. Como havia acontecido quando ele fizera o mesmo na floresta com seu pulso, sentiu-se levemente sonolenta e tombou para trás fraca. O ouviu dizer alguma coisa em uma língua estranha que não reconheceu e tentou se virar para encará-lo, mas ele a fez permanecer onde estava, deixando um beijo em seu ombro o que a fez sentir sua pele se arrepiar.

_Shii. _sussurrou ele quando ela tentou protestar, a abraçando pela cintura por trás de maneira carinhosa. _Você vai ficar bem, vou resolver isso. Ainda doe?

_Não sinto nada. _murmurou Emily bocejando sonolenta. _Só estou com sono.

_Durma, vou estar aqui quando você acordar. _disse ele a empurrando gentilmente para que se deitasse na cama e a cobrindo com o cobertor.

_Obrigada. _agradeceu ela sorrindo fracamente antes de fechar os olhos. _Você me salvou de novo.

_E você me salva todos os dias mesmo sem saber. _sussurrou Balthazar, mas ela já havia adormecido e não o ouviu.

Acariciando o rosto dela uma última vez Balthazar se levantou e foi até a enorme janela de vidro no fundo do quarto, fechando as cortinas e se afastando rumo a porta, a deixando dormir em paz.


***

_ Lúcifer está jogando pesado, tudo isso é mais do que perigoso. Isso pode matá-la. _opinou Azazel horas depois enquanto ele, Balthazar e Nora estavam na sala de estar conversando sobre o mais novo problema.

_Eu sei. _concordou Balthazar respirando fundo cansado. _Eu só gostaria de estar frente a frente com ele agora para podermos enfim resolver isso.

_E se tudo o que você estiver fazendo for em vão? E se tudo o que estamos fazendo ao tentar protegê-la der errado Balthazar? _quis saber Azazel frustrado.

_Então que eu pague por isso, mas não vou apenas ficar parado e vê-lo ter a chance de machucá-la.

A sala ficou em silêncio por vários minutos, que somente foi quebrado com a chegada de Andrew que se sentou entre Balthazar e Nora e de Katherine que se manteve em pé próxima a poltrona onde Azazel estava.

_Vários líderes de clãs de vampiros estão no local que indicou para a reunião.  _informou Andrew para Balthazar. _É um bom número pelo que eu pude ver, o que me surpreendeu. Não achei que tantos das suas criações estariam prontos para algo tão perigoso quanto um confronto com Lúcifer e os seres infernais que o adoram, e nem que seriam tantos quanto os que vi. E são somente os líderes, se somarmos os vampiros de seus clãs chegaremos a números exorbitantes. Eles parecem ansiosos para enfrentar Lúcifer.

_Eles eram milhares quando os criei. Eles têm criado outros nesses muitos anos que se passaram, não é surpresa alguma para mim que estejam em tão grande número agora. _observou o demônio de olhos azuis com ar satisfeito se levantando. __Você vem comigo Nora? Chegou a hora de começarmos de vez nossas estratégias para o que vem a seguir. Será guerra e será catastrófica, seja para o meu irmão ou para mim... ou para ambos.

_Claro. _disse Nora prontamente também se levantando.

_Eu gostaria de estar lá também. _comentou Azazel os seguindo quando Balthazar e a vampira começaram a ir rumo à porta no corredor que saia da sala e os levaria ao estacionamento.

_Não, você ficará e tomara conta de Emily. Abaixo de mim você é o mais forte nessa casa e a protegerá de uma maneira que Katherine e Andrew não poderão. _negou Balthazar prontamente, se virando para encarar o outro demônio seriamente.

_Emily acordara em pouco tempo, por que não a leva conosco? Ela estará tão segura lá quanto aqui e estará perto de você. _sugeriu Nora.

_Nora está certa. Não fará mal algum Emily participar. _concordou Azazel sorrindo pra Nora por achar que de alguma forma ela queria que ele estivesse lá, por isso a ideia de levar a humana. A vampira lhe lançou uma careta e desviou o olhar do dele irritada.

_Não sei se é uma boa ideia Nora, Emily não está acostumada a esse tipo de coisa. E ela não está bem. _recuou Balthazar hesitante. Emily não estava bem e sem descobrir o que havia causado as dores insuportáveis que ela havia sentido mais cedo era uma má decisão permitir que ela estivesse tão exposta.

_Porque não a deixa decidir sobre isso. _aconselhou a vampira cruzando os braços e encarando o demônio que a criara de maneira desafiadora.

_Emily as vezes é como você Nora. Ela não vê os perigos que a cercam até que seja tarde de mais. _resmungou o demônio mais velho friamente. _Eu quero apenas protegê-la, fiz mal de mais a ela...

_Mas o mal agora é bem pior e precisamos que Emily seja mais do que uma garotinha indefesa. Ela precisa estar preparada para lidar com outros como nós se quiser se proteger. Ela não terá você para sempre. _disse Nora sabiamente. _Não a mal algum em dar a ela o conhecimento necessário para poder ao menos se defender como se deve, nem sempre é preciso ser poderoso como nós para lidar com ameaças malignas.

__Você me convenceu, vou chamá-la. _bufou Balthazar dando a volta e retornando de onde tinha vindo, rumo a sala de estar, que o levaria as escadas aonde iria até o quarto onde Emily estava.

Quando entrou em seu quarto, onde havia deixado a garota adormecida horas antes, a viu sentada na beirada da cama com olhar sonolento e inchado por causa do sono. Momento que normalmente deixava as pessoas com aparências estranhas ou desagradáveis fez o demônio quase suspirar ao observá-la. Ela era linda, mesmo agora daquele jeito. Mesmo com os cabelos bagunçados ou a expressão confusa e inchada. Ela ainda era a coisa mais bela na qual ele já havia posto os olhos e o demônio soube que não poderia de maneira nenhuma voltar a machucá-la. Ele não a merecia, por isso a protegeria para que ela pudesse ser feliz e tivesse uma vida muito além da que ele podia dar a ela.

_Eu sairei em breve e gostaria de saber se você gostaria de ir comigo. _disse ele quando ela levantou o olhar para encará-lo.

_Para onde você vai? _perguntou ela corando intensamente ao notar que o olhar dele analisou descaradamente seus seios moldados pelo sutiã que ela usava, o que a fez se dar conta que ainda não havia posto o moletom para se cobrir e havia dado a ele uma visão privilegiada de seu decote.

_Irei me encontrar com diversos líderes de clãs de vampiros aliados a mim. Eu vou repassar estratégias e treiná-los para que possam repassar conhecimento o suficiente adiante para seus clãs e possamos acabar com Lúcifer de uma vez.  _contou Balthazar se colocando a sua frente e se ajoelhando próximo de onde ela estava sentada na cama, apoiando suas mãos nos joelhos dela e lhe lançando um olhar inexpressivo. _Nora acha que você poderá aprender algo também, o que você acha?

_Não é perigoso eu estar tão perto de tantos outros vampiros?

_É tanto quanto estar perto de mim. _respondeu ele rindo levemente. _Vampiros não são como os filmes e livros retratam, eles são até muito controlados quando o assunto é sua sede por sangue, o problema está em suas emoções. Como minhas criações eles não são muitos bons exemplos de paciência, são movidos pela raiva e isso as vezes pode ser perigoso, mas Azazel e Nora estarão lá por você.

_Mas e você?

_Estarei lá, mas ocupado demais em treinar meus filhos para ter que prestar atenção a você. _disse Balthazar. _Por isso peço que se você for fique sempre próxima a Nora e a ele, assim estará segura.

_Tudo bem então, eu irei com você. _concordou Emily se levantando, gesto seguido por ele que fez o mesmo instante depois.

Emily vestiu o moletom que estava em cima da cama, que o demônio havia retirado ao usar seu sangue para ajudá-la com a dor inexplicável que a havia atingido mais cedo naquele dia. Ele a encarou durante todo o momento enquanto ela o vestia e lhe entregou um casaco por causa do tempo lá fora, já era noite e ventava bastante, diferentemente do tempo que havia feito cedo naquele dia.

_Eu dormi o dia todo? _perguntou Emily se dando conta daquilo, já era noite e quando havia apagado por causa do símbolo demoníaco que Balthazar usara para curá-la naquela manhã.

_Sim. _assentiu ele acenando positivamente.

_E o meu pai? Onde ele acha que eu estou? Eu havia prometido que voltava para casa hoje à tarde. _disse ela se desesperando ao se recordar daquele detalhe. Havia dito ao pai que dormiria na casa de Nora e voltaria a tarde para casa, mas aquilo não havia acontecido.

_Eu o hipnotizei, ele sabe que está aqui e que está tudo bem.

_Não pode manipular a mente do meu pai para fazê-lo ver o que você quiser que ele veja, isso não é legal! _exclamou Emily não gostando nada daquilo.

_Vai ser o melhor para ele nessas circunstâncias e o melhor para você é estar perto de mim. Existem pessoas cuidando do seu pai de longe, ele também estará seguro caso Lúcifer queira usá-lo para te magoar. _disse Balthazar para confortá-la. _Fique tranquila, eu pensei em tudo.

_Tudo bem. _concordou ela ficando calma.

_Vamos. _chamou ele lhe estendendo a mão esquerda que ela prontamente aceitou, sentindo-o apertá-la gentilmente querendo lhe passar conforto. _Tudo vai ficar bem.