Capítulo 51

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_Você sentiu isso? _perguntou Azazel tenso, se pondo em pé em alerta ao lado do irmão e olhando ao redor com uma expressão observadora, analisando tudo a sua volta.

O que sentiu foi presenças demoníacas e não havia sido poucas. Não estava preocupado, mas todo cuidado era pouco naqueles tempos. O demônio ao seu lado, Balthazar, tinha no rosto uma carranca profunda que era de dar medo e apertou a adaga em suas mãos tão forte que a sentiu afundar na pele de suas mãos. Belfegor, Belzebu e Mamon e mais uma horda de milhares de outros demônios. Podia sentir a presença de demônios Deumus, espectros, razacs e meio-demônios, eram tantos quanto se lembrava, o suficiente para o estrago ser fatal e a carnificina ser algo certo. Poucos sobreviveriam, ele sabia disso. Estavam no meio de uma enorme clareira com extensão tão grande quanto a de um estádio de futebol e esperava que seu tamanho fosse suficiente para o que aconteceria em breve, seria um desastre se os humanos tivessem que presenciar tudo.

Eles os haviam pegado de surpresa, nem todos os seus aliados teriam tempo suficiente para chegar até ali para ajudá-los. Além dele, Asmodeus e Azazel, só havia cerca de oitocentos vampiros e quase trezentos meio-demônios. Não era suficiente e torcia para que Emily estivesse bem longe dali com Nora e Alex. Não importava quem morresse, desde que as três estivessem seguras.

_Este seria um bom momento para trocar de lado, mas meu ódio por Lúcifer é ainda maior do que o que sinto por você, então não importa, eu lutarei. _disse Asmodeus do seu lado esquerdo. _Mas tem algo estranho nisso, não sinto a presença de Lúcifer...

Balthazar estava ciente disso e sabia o que aquilo poderia significar.

_Aquele desgraçado! Está indo atrás dela, nem se deu ao trabalho de aparecer. _exclamou o demônio furioso.

_Nem mesmo Lúcifer conseguirá entrar naquela cela Balthazar. _disse Asmodeus colocando a mão em seu ombro. _E ele não seria tolo o bastante para tentar.

_Temos adagas suficientes para todos, com poder angelical em grande quantidade, onde você as conseguiu? _questionou Azazel lançando um olhar analisador para o irmão.

_ Você não consegue sentir? _questionou o outro demônio de volta. _Não reconhece?

_ Miguel. _supôs o outro demônio para si mesmo. _Ele o está ajudando.

_Ele os odeia mais do que tudo, o céu não vai se meter diretamente, mas Miguel acha que me ajudando pode enfim se livrar de Lúcifer. _contou Balthazar apertando a adaga em suas mãos ainda mais forte, foi impossível não fazer uma careta ao sentir sua mão queimar enquanto o poder angelical entrava em contato com sua pele.

Apenas alguns poucos quilômetros os separavam dos demônios que se aproximavam rapidamente e tudo dependia do que aconteceria em breve. A espada de Miguel não estava com ele, não pensava em desperdiçá-la com seus irmãos príncipes do inferno, contra eles as adagas teriam que ser suficientes. Sabia que seria impossível mata-los com elas, mas poderiam deixá-los fracos o suficiente para manda-los de volta de onde vieram.

_Espero que seu plano dê certo e Nora fique bem, senão eu pessoalmente terei o privilégio de matar você e não Lúcifer. _ameaçou Azazel lhe lançando um olhar ameaçador.

_Fique calmo irmão, se tudo der errado não será só Nora que estará morta, mas sim todos nós. _reiterou Asmodeus sorrindo sombriamente como se sorrisse de uma piada interna doentia. _Isso tinha que acontecer, de um jeito ou de outro isso iria acontecer. Lúcifer não é tão invencível e seu poder irresponsável e indiferente sobre todos os habitantes infernais vai fazer muitos se voltarem contra ele. Ele tem medo de você apesar de não deixar isso transparecer, por isso não virá esta noite. Ninguém consegue sentir ou prever o que realmente acontecerá, o imprevisível o amedronta. Ele o teve por anos sendo seu maior aliado, seu cachorrinho que sempre o reergueu e esteve ali quando ele precisou. Mas ele não o tem agora, e por isso tem tanta raiva. Ele tem medo porque sabe que muitos de nós veem em você tudo o que ele não foi, tudo o que ele não é.

_Espero que isso seja suficiente para fazer mais do nosso povo se juntarem a mim no último minuto. Os outros não veem o que irá acontecer, mas para mim está claro como nunca esteve antes, a morte eu vejo, a minha morte. Ela está certa como a noite. Mas eu também vejo a dele, talvez não hoje, mas um dia, sobre as minhas mãos seu sangue jorrara. _murmurou Balthazar com a expressão doentia no rosto virado para a frente, ao mesmo tempo em que sentiu as presenças demoníacas que se aproximarem pararem.

Estavam muito perto, poucos metros os separavam e ele pôde ver apesar da escuridão as sombras de suas presenças pouco mais a sua frente. Eram muitos, quase o dobro do que eles eram. Ele, Azazel e Asmodeus estavam na frente dos vampiros aliados a eles, atrás deles centenas de vampiros e meio-demônios em posição de ataque com adagas em cada uma das mãos e outras guardadas em uma proteção na cintura. Lúcifer não os pegará tanto de surpresa assim, eles estavam se preparando para aquilo há semanas.

_ Você ainda pode voltar atrás, a humana não vale tanto. _ouviu uma voz grossa sombria dizer não muito longe a frente, a reconheceu no mesmo instante, Mamon, o príncipe do inferno que tinha os olhos amarelados apontados em sua direção. Parecia estar no comando do exército rival e se aproximou devagar em sua direção.

_ Não se trata de Emily, mas de mim. Eu quero isso. _murmurou Balthazar com a voz perigosamente calma, apesar da expressão carrancuda dizer outra coisa.
O olhar de Balthazar ao encará-lo foi mortal, tão carregado de ódio que se o homem a sua frente fosse um humano o temeria. Mas não, ele era um príncipe do inferno e o encarou de volta com ainda mais repulsa. Não abaixou a cabeça e sim manteve sua expressão na dele, parando a pouco menos de dez passos do outro.

_ Você achou mesmo que sua brincadeirinha valia tanto para ele? Isso não dará em nada e nós sabemos isso, então por que não para com isso e voltamos ao tempo em que você era seu melhor amigo? Sua amizade e tudo que fez por ele depois da queda não foi esquecido, ele está disposto a fingir que isso que está fazendo agora jamais aconteceu se você fizer um pacto de sangue com ele e renunciar a seu doce e juvenil amor pela garota. _continuou o outro demônio mantendo a expressão de repulsa ao se referir a Emily.

_ Não. _negou Balthazar prontamente.

_Essa é sua resposta final? _questionou Mamon seriamente.

_Esses são todos os que vocês são? Não sinto a presença das bruxas e tenho certeza de que esses não são todos do inferno. _quis saber o demônio recebendo um olhar surpreso e sugestivo de Azazel, que estava ao seu lado. O olhar dizia "Que merda você tá fazendo?"  "Nós vamos conversar agora é isso?"

_São o suficiente para acabar com vocês. _retrucou Mamon de maneira sombria, lhe lançando um olhar perverso e cheio de ódio.

_Mas nem todos de vocês tem armas com poder angelical para acabar conosco. Nesse quesito acho que estamos em vantagem. _observou Balthazar asperamente.

_Essa é a sua perspectiva. A minha me diz que vocês serão uma escória morta quando acabarmos.

_Onde está Evelyn? Eu gostaria de cumprimentar minha esposa. _disse Balthazar ironicamente, a única coisa que queria da meio-demônio era vê-la morta com suas entranhas espalhadas pelo chão frio daquela floresta, mas o cinismo lhe pareceu melhor para ser usado naquele momento.

_Lamento desapontá-lo, mas não vai vê-la hoje. _Mamon sorriu amplamente naquele momento e um barulho de mensagem foi ouvido. Balthazar franziu o cenho furioso quando o viu tirar um aparelho celular do bolso da calça que usava e sorrir de maneira maligna de volta para ele. _Acho que você acabou de perder, Emily está sob nova proteção, seu plano deu errado. Ele conseguiu o que queria, no fim tudo era sobre isso de qualquer forma.

Não dando a Balthazar a chance de processar suas palavras ele continuou:
_E Azazel... _ continuou ele lançando um olhar vitorioso para o demônio ao lado de Balthazar. _Lamento por Nora, você a amava, não é?

O olhar de Azazel se tornou duro e antes que Balthazar ou qualquer outro demônio ou vampiro pudesse pensar ele avançou sobre Mamon e o chão tremeu com o impacto quando os dois demônios caíram sobre o chão da floresta escura. Nos instantes seguintes os demônios comandados por Mamon avançaram sobre os vampiros e meio-demônios e o confronto deu início, causando gritos e enormes tremores no solo.

Por um momento Balthazar analisou se deveria ou não ir atrás de Emily, mas mesmo se fosse não chegaria a tempo e tudo estaria perdido de qualquer forma. Ele não sentia a presença de Alexia, mas tinha certeza de que Nora e Emily ainda estavam vivas. Seu semblante se tornou pálido e sentiu-se levemente tonto, pensar no que Lúcifer faria agora com ela o deixava ainda mais lívido. A dor que sentiu ao pensar no que o irmão a faria passar chegou a assustá-lo. Motivado pelo ódio decidiu que ficaria, se não conseguisse salvá-la, pelo menos a vingaria. Não podia deixar Asmodeus, Azazel e os vampiros e meio-demônios sozinhos, ainda mais quando eram tão poucos. Com aquele pensamento avançou sobre dois demônios Razac e antes que eles pudessem pensar os tinha caídos no chão com as cabeças cortadas pela adaga fina e longa que tinha nas mãos. Sangue negro e espesso manchou suas mãos, mas não se importou, dessa vez não era sangue inocente.

Mais demônios avançaram sobre ele e ele tentou ignorar alguns vampiros que caiam mortos ao seu lado enquanto atingia corações e arrancava cabeças, era cruel não se importar com suas próprias criações afinal eles eram seus aliados e lutavam por ele, mas aquilo era uma batalha e se concentrar nos próprios adversários era mais importante. Sua raiva era tanta que por vezes usou suas próprias mãos para despedaçar demônios Deumus que se colocavam em seu caminho até Belfegor e Belzebu, que lutavam com outros vampiros que eram dizimados em poucos minutos. Aquilo não os matava, mas voltariam para sua dimensão e demorariam muito tempo para se regenerar e voltar para a luta depois de terem sido despedaçados.

Mistério Dos Sombrios Vol 1Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ