C A P Í T U L O 07

2.8K 259 16
                                    

Silêncio. Silêncio. Silêncio.

Silêncio!

Dandara pouco se importa com o silêncio!

Não quando um corpo caiu em seu colo. Não quando bichos brancos e rechonchudos estavam dentro de suas roupas, no cabelo e deslizavam por seu corpo tentando se agarrar a ela com o mesmo desespero que Dandara grita, grita, grita e se contorce.

Cadáver e bichos… Bichos e um cadáver. Um morto e bichos que grudam e não querem soltá-la. Foi repulsivo se levantar com aquele pedaço de carne pútrida em seu colo e desesperador tentar tirar aquelas criaturinhas.

Os homens lhe cercaram, tentaram acalmá-la. Mas Dandara não deu ouvidos a nada enquanto chacoalhava as roupas, bagunçava o cabelo e pulava sem rumo com grunhidos e gritaria.

A névoa lhe envolveu, úmida, pesada e fria quando ela começou a tirar suas roupas e a se coçar.

Dandara!

Em algum momento, os chamados ficaram longe. Em algum momento, só restou ela e uma densa neblina.

A última peça de roupa caiu aos seus pés.

Dandara agora estava nua e sozinha.

Com bichos brancos e gordos grudados em seu abdômen, peito e coxas. Dezenas deles.

E ali estava seu desespero: ter que puxar aquela coisinha como se arrancar o carrapato de um cachorro. Ele se agarrou, mordeu e lutou. Mas saiu… e doeu.

Ela foi para o próximo, o próximo e o próximo. Dandara perdeu a conta quando puxá-los se tornou mais difícil. Aqueles vermes queriam entrar em seu carne, em seu corpo e comê-la. Em algum momento, caroços se formaram e filetes de sangue começaram a escorrer.

Sangue fresco na brisa suave que movia a neblina.

Dandara! — Alexandre lhe procurava.

E então, ela tirou o último bicho. Aquele que insistia em ficar em sua coxa.

Apenas para se recompor e sentir os músculos das costas latejar.

Dandara? — Em meio a neblina, ela o viu.

Repulsa e dor foi o que Alexandre viu em seu rosto quando ela o olhou por cima do ombro. Ombro, com bichos se afundando em sua carne.

Nua.

Com as costas…

O nojo visto no rosto dele…

*

Uma lança...

O corpo de um dos batedores foi empalado em uma lança e deixado como um aviso, enquanto os animais começaram a devorá-lo de dentro para fora. A névoa o escondia perfeitamente, até o momento em que o cadáver se partiu e caiu em cima de Dandara.

Aquele lugar só podia ser amaldiçoado!

Ninguém nunca tinha visto vermes se comportarem daquela forma, afundando-se dentro do corpo de uma pessoa viva. Alexandre nem tinha certeza se eram vermes, especialmente quando os maiores eram mais compridos, com dezenas de pernas, correndo em direção à fonte de carne mais próxima: ele.

Os vermes menores, aqueles que caíram em Dandara, se contorciam no chão como bebês emburrados. Independentemente do tamanho, todos eles foram esmagados.

No entanto, Alexandre se recusou a colocar as mãos nas costas de sua escrava. É nojento e repulsivo para ele.

Francisco quem fez e com ajuda.

ACASALAMENTO: Lua CheiaWhere stories live. Discover now