C A P Í T U L O 15

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O rugido das criaturas aladas ressoa ao longe, quebrando o silêncio. À sua frente, o vento agita as vestes de um… de um homem.

Uma ilusão?

Ele está descalço, usando somente uma saia de couro que revela suas coxas robustas e bem trabalhadas, enquanto cobre apenas suas genitais. Sua pele exibe um tom escuro, contrastando com a única corrente prateada presa em seu cinto. Uma capa escura envolve seus ombros largos, ocultando o restante de seu corpo, assim como o capuz que esconde seu rosto.

Dandara pisca repetidamente, sentindo a sujeira escorrer por seu corpo. Ao levantar o braço, algo gosmento provoca repulsa.

Apenas seus olhos negros, belos, grandes e estrelados, são visíveis. O homem inspira profundamente, preenchendo seus pulmões com ar.

A humana arregalou os olhos. Não é um sonho!

Ao abrir a boca para falar, algo seboso entrou. Ela cuspiu imediatamente! Em seguida, tentou ao máximo limpar o rosto antes de ousar pronunciar uma frase:

— Q-Quem é você?

O homem inclinou suavemente a cabeça, remexeu os ombros e… seguiu seu caminho.

Ele a ignorou!

Dandara nota uma bolsa de couro, com uma única alça, cuidadosamente pendurada junto ao corpo altivo. É uma bagagem robusta, evidenciada pelo suave balançar de seus movimentos. Com agilidade e elegância felina, ele escala uma rocha, voltando-se em direção à mulher. Ele a espera.

Dandara se depara com um desafio ao atravessar o trecho lamacento, onde apenas algumas raízes se estendem como apoio para alcançar o solo sólido. A espessa lama adere às suas coxas, dificultando os movimentos. Apesar da sujeira em sua pele oferecer alguma cobertura, ela procura disfarçar sua nudez da melhor forma possível.

Como ela desejaria ter aquela capa escura dele, com detalhes semelhantes à pele de peixe descamado.

Não há sinal do macaquinho em lugar algum.

O homem vira as costas e sobe para outra rocha. Trata-se de uma formação rochosa clara, parcialmente enterrada no solo.

Ele continua avançando para a próxima rocha, e depois para a seguinte, em uma sequência contínua. Parece seguir um caminho definido, uma espécie de escada natural que serpenteia ao redor do morro e eventualmente retorna ao ponto de partida.

Dandara hesitou. Ela não o conhece e estaria voltando para… para o covil.

Mas é um homem!

E se for o lobisomem?

Mas é um homem! É dia!

E se ele for um assassino? E se ele se transformar?!

O encapuzado, do topo da escada, a olhou mais uma vez. Num gesto encorajador, ergueu a mão e a chamou para se juntar a ele.

Ela obedeceu lentamente.

As pernas de Dandara começaram a sentir o esforço da subida. Ela não tinha certeza se seria capaz de enfrentar mais uma escalada.

De volta ao cume do morro, o cenário era dominado por uma exuberante vegetação que separa eles da cachoeira. Nas sombras, ele se mesclou como um espírito da floresta. Por um momento, Dandara o perdeu de vista. Mas lá estava, se destacando na luz e beleza da cachoeira como um espectro sombrio.

Lhe aguardando.

Das árvores, Dandara mal saiu. Era um cão acuado tentando esconder a nudez e examinando o ambiente em busca de algum perigo iminente.

ACASALAMENTO: Lua CheiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora