C A P Í T U L O 11

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Um segundo era tudo o que as serpentes precisavam para dar o bote. E foi exatamente um segundo que Dandara teve para correr. Um segundo depois, ela não estaria mais viva.

No entanto, o bote das serpentes falhou e suas bocas se encheram de terra e plantas.

Dandara desapareceu entre a vegetação, pulando obstáculos, empurrando folhagens e forçando seu caminho pela vida selvagem. Seu coração pulsava com uma mistura de adrenalina e medo, enquanto a melodia do amanhecer lançava raios de luz tênue entre as árvores.

As serpentes não ficaram para trás.

Rastejando com seus corpos imponentes em uma velocidade surpreendente, estavam ao seu encalço. O grunhido das criaturas ecoou e, então, em um piscar de olhos, Dandara deu um passo em falso. Seu tornozelo doeu intensamente e ela caiu ao chão.

Uma ladeira.

Descer e não subir. Uma árvore lhe parou. Descer e nunca subir! As cobras vieram de cima e mais uma vez sua vida esteve por apenas um segundo: um segundo para sair e um segundo depois, a serpente se enroscou na árvore.

Seu corpo musculoso era tão largo quanto o de um jovem adolescente humano, porém, sua cabeça não era menor. Com uma mandíbula enorme repleta de dentes afiados, abria-se monstruosamente em direção a Dandara. Um grunhido escapou de sua garganta, não se assemelhando ao som de uma serpente, mas sim a algo medonho e ameaçador.

As cristas em seu pescoço se ergueram e tremularam.

A víbora recuou alguns centímetros para trás. Dandara se arrastou e impulsionou seu corpo vários metros à frente. Veneno viscoso foi expelido das cristas um segundo depois.

Com a presa em movimento contínuo, a víbora saltou em sua direção. Firme, perfeita e certa do prêmio. Porém, alguma coisa se agarrou ao corpo alongado lhe impedindo.

No entanto, outra continuou a perseguir Dandara. Com a língua bifurcada sibilando no ar, ela anunciava sua caçada.

A ladeira revelava-se traiçoeira, alternando entre trechos íngremes que propiciavam quedas repentinas e momentos de relativa estabilidade, embora a densa vegetação chicoteasse constantemente Dandara. As belas flores espalhadas pelo chão nunca foram tão indesejadas, dificultando sua fuga. Ela tinha a sensação de que a floresta muito mais espaçosa apenas um momento antes!

E a serpente se aproximou.

A floresta se tornou incrivelmente densa, sem oferecer nenhuma rota de fuga clara, exceto por um velho tronco de árvore caído. Sem hesitar, Dandara mergulhou para dentro e rastejou buscando alcançar o outro lado.

Uma serpente poderia passar facilmente por ali, contudo, não foi o que aconteceu. A cobra vinha em tal velocidade que se chocou contra a madeira podre, movendo-a do lugar e olhou para dentro com suas cristas sensíveis — até demais — à mostra. Sua presa estava deitada, apertada pela madeira e se arrastando com a força dos braços.

Ela sibilou.

E não entrou.

Poderia, mas simplesmente deu a volta, se arrastando pelo lado de fora, subindo, descendo, passando por baixo, subindo e descendo à medida que se enrolou ao tronco. Poeira caiu sobre a humana e pequenos insetos se agitaram em meio às lascas.

Dandara parou. Algo não estava certo…

Ela ouviu o som do vento em meio a copa das árvores, o silêncio da floresta e o ranger da madeira podre. Até o estalo. Mais poeira caiu.

Track!

E algum bicho comprido e cheio de perninhas subiu em sua canela.

Track!

ACASALAMENTO: Lua CheiaWhere stories live. Discover now