As coisas não podem piorar

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Willow está com Hunter na escola. Eles estão juntos. Estão juntos no salão e estão sorrindo muito. Depois que passo muitos minutos sentada em uma cadeira giratória, digo:

— Oi!

Ela sorri para mim.

— Bom dia.

Willow e Hunter também estão sentados, ela está com as pernas esticadas sobre o colo dele.

— Acho que nunca falei com você — diz Hunter. Ele sorri tentando parecer simpático — Qual é o seu nome?

— Amity Blight — respondo. — Estou na sua turma de matemática. E de inglês.

— Ah, sim, pensei que a tinha visto! — acho que ele não tinha me visto. — Sim, sou o Hunter.

— Eu sei.

Permanecemos sentados ali por um tempo, ele esperando que eu continue a conversa. Está claro que ele não me conhece bem.

— Espera. Amity Blight? — ele semicerra os olhos para mim. — Você... é irmã do Edric Blight?

— Sou.

Instantaneamente, todos os rastros de simpatia desaparecem do rosto dele, deixando apenas um tipo de ansiedade sofrida. Por um momento, é quase como se ele estivesse esperando uma reação da minha parte. Mas logo passa.

— Legal. Sim, eu o vi na Glandus.

Meneio a cabeça.

— Legal.

— Você conhecia o Edric? — pergunta Willow.

Hunter mexe nos botões da camisa.

— Não muito. Eu o via por aí, sabe? Mundo pequeno, né?

— Sim — digo, depois murmuro: — Né.

Willow está olhando para mim com uma expressão esquisita. Olho para ela, tentando lhe contar por telepatia que não quero estar aqui.

Skara está aqui o tempo todo, longe de nós, falando com algum aluno do segundo ano com quem eu não converso. Nesse momento, ela gira na cadeira, e se referindo a Willow e Hunter, diz:

— Ai, vocês dois são tão adoráveis.

O sinal toca e saio sem me despedir.

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Boscha se aproxima de mim no intervalo enquanto estou arrumando meus livros no armário. Ela tenta dar início a uma conversa e, para ser sincera, só porque sinto muita pena dela na maior parte do tempo, me esforço muito para ouvi-la. Mas “me esforço muito” quer dizer que eu só não a ignoro.

Conversamos sobre a festa da Skara.

— Sim, eu bebi um pouco além do meu limite — diz ela — Você meio que desapareceu do nada.

Fico me perguntando se ela me viu com Luz.

— Pois é — respondo, olhando depressa para ela com uma das mãos na porta do armário. — Hum... eu fui para casa.

Ela meneia a cabeça para mim e enfia as mãos nos bolsos da jaqueta. Mas percebo. Percebo que ela sabe que eu não estou contando toda a verdade. E nem vou. Há um silêncio breve, e ela segue em frente depressa.

— Não sei se ela gostou do meu presente — comenta, dando de ombros. Em seguida, olha para mim. — Sempre fui muito boa em comprar presentes para você.

Concordo balançando a cabeça. É verdade. Acho. Não me lembro dos presentes que já recebi dela.

— Sim, verdade.

Uma vida (quase) solitária Where stories live. Discover now