012

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— [LEWIS] —

A minha atenção deveria estar toda na pista, para que eu não perdesse nem por um minuto o controle do carro. Eu estava me esforçando para isso, juro, mas a minha cabeça ficava rodando em volta daquela situação.

Lia queria conversar comigo.

Normalmente, antes de entrar na corrida eu me livrava de qualquer pensamento que não fosse vencer, só que aquela mulher deixava as coisas difíceis pra mim.

Tive uma boa largada, tomando a frente de Alonso e o deixando para trás. Enquanto Bono comemorava no rádio eu permanecia com as lembranças daquela nossa última noite em Londres.

A gente tinha discutido no carro, a caminho de casa. Eu tinha ido numa festa na noite anterior e Lia estava estranha desde que peguei ela no aeroporto. Disse que não acreditava que eu tinha mesmo saído para curtir uma noite sozinho, mas eu sabia que aquele não era o real problema. A probabilidade de todo aquele estresse ser por conta de que minha ex-namorada também estava na festa era grande.

Não me lembrava muito do diálogo em si, só de que chegamos no condomínio, estacionei na vaga da minha casa e de alguma forma a mistura entre saudade e irritação se transformou em contato corporal, de repente estávamos no quarto, no andar de cima e mal me lembro de por onde começamos.

Eu a amava mais do que qualquer coisa e na época essa era a forma de mostrar que meu corpo só respondia ao dela, queria que ela percebesse que nada nem ninguém no mundo me tinha daquele jeito, naquela intensidade.

E o anel era mais uma forma de provar que os meus olhos eram somente para ela, assim como todo o meu corpo e pensamentos.

— Você quer casar comigo? — Perguntei rindo em completo nervosismo.

Sinceramente, quando ela mexeu a cabeça negando, eu pensei que estava vendo coisa. Foi por isso que me ajeitei na cama e acendi a luminária, tentando cair na real de que ela estava mesmo dizendo não para o meu pedido de casamento.

— Lia... — Acho que nessa hora meus olhos se encheram de lágrimas por um curto tempo, como se meu mundo tivesse desmoronado por alguns segundos.

— Eu não posso me casar com você, Lewis — Murmurou, nem sequer me dirigiu o olhar, apenas ficou encarando um ponto fixo da cabeceira.

O silêncio tomou o quarto por tempo suficiente para eu esquecer de que não era mais uma daquelas noites em que eu estava sozinho e sentia falta dela para me aconchegar durante a madrugada.

Pela primeira vez depois de tantas vitórias eu me senti minúsculo, nada do que tinha conquistado até ali podia ser tão importante quanto tudo que eu sentia ter conquistado estando perto de Emília. Ela me trazia a sensação de ser amado e extremamente sortudo. De repente, aquele sentimento não palpável foi se esvaindo do meu peito e eu me senti muito solitário, mesmo com ela ao meu lado na cama.

— Eu não entendo... — Sussurrei, segurando um soluço na garganta.

— Lewis, vamos ser sinceros — Soprou o ar entre os lábios, buscando coragem — Isso não tá mais dando certo.

Parecia dar certo quando eu a olhava de longo e meu coração acelerava. Parecia dar certo quando eu subia no pódio e via os olhos dela brilhando em minha direção. Parecia dar certo quando ela estava em outro continente e nossas ligações duravam horas porque estávamos morrendo de saudades um do outro. Parecia da certo quando eu acordava cedo e ia até a padaria mais próxima comprar aqueles muffins horríveis só para vê-la sorrindo quando descesse para tomar café da manhã. E parecia dar certo nas noites como aquela, em que meu corpo ardia sobre o seu e nós fazíamos amor por horas seguidas. Tudo parecia extremamente certo para mim.

FLASHING LIGHTS - lewis hamiltonOnde histórias criam vida. Descubra agora