epílogo

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[México, um ano e meio depois...]

— E então? — Samantha perguntou angustiada no exato momento em que abri a porta do banheiro.

Quando liguei para ela após ter sentido um mal-estar pela segunda vez na semana, Sassá não mediu esforços. Correu para o meu quarto de hotel e trouxe junto de si uma sacolinha da farmácia.

A primeira sessão de treino livre ressoava na televisão do cômodo que eu e Lewis estávamos dividindo naquele final de semana. Discutimos minutos antes de ele sair para o paddock.

Eu passei mal depois do almoço, de novo, e ele disse que me levaria no médico, eu insisti que estava bem, ele retrucou, eu emburrei a cara e deitei no sofá tentando não gemer de desconforto, Lewis me encarou da porta do quarto como um soldado derrotado.

— Tudo bem — Suspirou, coçando a nuca — Sei que você não gosta de hospital, mas se eu voltar e você ainda estiver se sentindo mal, nós vamos. Ouviu?

Não respondi nada, então ele apenas se aproximou de mim e deixou um beijo na minha testa, demorando um pouco mais do que o necessário.

— Só estou preocupado com você — Passou o nariz sobre o meu e eu o amei um pouquinho mais.

Tinha sido assim nos últimos tempos, ele fazia qualquer coisinha e eu o amava mais e mais.

— Já estou melhor, deve ter sido os frutos do mar, eu abusei no camarão.

Ele riu, mas não parecia convencido.

Saiu do quarto e eu voltei para o banheiro correndo, sentindo meu estômago me trair mais uma vez. Encarei a tampa do vazo e pensei por um momento.

Quais eram as chances? Quero dizer, não era para isso acontecer, eu estava tomando meu remédio regularmente, então talvez eu só devesse tirar a dúvida. Alcancei meu celular na bancada da pia e liguei para Samantha.

Agora ela estava ali, me encarando ansiosa.

— Positivo — Acho que respondi, não tenho certeza, minha cabeça desligou por uns segundos enquanto minhas mãos tremulas ainda tentavam segurar o teste de gravidez sem derruba-lo.

A única coisa que cortava aquele silencio interminável que se seguiu era a voz do narrador dizendo que uma das Aston Martin estava com problemas nos freios.

— Puta. Merda. — Sassá disse por fim, pausadamente, com o queixo batendo no chão.

Olhei para minha melhor amiga, ainda tentando assimilar o resultado nas minhas mãos. Dois risquinhos. Tinham malditos dois risquinhos.

Não tinha parado para pensar no que aquilo significava até aquele momento, enquanto esperava o tempo do teste me dar uma resposta, tudo no que pensei foi que com certeza eu não estava grávida. Mas eu estava.

Me sentia meio atordoada sobre o que fazer, até que braços magrinhos me agarraram em um abraço caloroso e Samantha começou a nos rodar pelo quarto. Tinha uma lembrança parecida de nós duas, de quando recebi a carta de aceitação da faculdade e ela foi a primeira pessoa para quem contei.

— Você vai ser mãe! — Foi ao escutar isso que tudo mudou, simples assim.

Um sorriso enorme se abriu nos meus lábios, fazendo minhas bochechas doerem.

— Isso é loucura — Minha voz saiu num sopro.

A primeira coisa que passou pela minha cabeça foi Lewis e seu par de olhos castanhos e brilhantes. Desejei que aquela criança tivesse seus olhos, mesmo que ainda mal existisse. Fiz um pedido silencioso enquanto me segurava no corpo de Sassá.

FLASHING LIGHTS - lewis hamiltonWhere stories live. Discover now