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— [LEWIS] —

Encolhida no meu abraço, Emilia encarava o anel em seu dedo, colocando próximo dos olhos porque o quarto escuro não a deixava ver direito. Ela analisava com cuidado os detalhes da joia.

Por mais que meu corpo cansado precisasse desligar, simplesmente não conseguia fechar os olhos e dormir. Fazia horas que estávamos em silêncio e por um certo período eu achei que ela havia dormido, até ela se mexer na cama e começar a rodar a aliança no dedo anelar.

Meus olhos estavam praticamente fechados a observando, mas eu tinha um risinho ridículo no canto da boca. Emilia nem sequer notou que eu ainda estava acordado.

Beijei seu ombro apenas para tentar chamar sua atenção, o que funcionou, já que os olhos verdes se viraram para mim no mesmo instante.

— Pensei que estivesse dormindo — Seu sorriso denunciava que estava com vergonha por ter sido pega admirando a aliança.

Ela se encolheu um pouco no meu abraço, encaixando a cabeça em baixo do meu queixo.

— Eu estava — Menti, o máximo que fiz foi fechar os olhos por alguns segundos.

— Mentiroso — Acusou, a voz abafada contra o meu pescoço.

Ri nasalado e deixei um beijo no topo da sua cabeça.

— Eu tava pensando... — Me ajeitei na cama, apoiando o cotovelo no travesseiro, encostei minha cabeça na mão e a encarei.

Seus olhos brilharam no quarto escuro e o lençol tampava seus seios, eu poderia admira-la por horas, como se ela fosse a merda do quadro da Monalisa.

— Pensando? Você faz isso? — Brincou e eu apertei sua cintura com um beliscão a fazendo reclamar.

Mas assim que minha mão se afastou ela aproximou o corpo, como se sentisse falta do calor.

Desde que cheguei da fábrica notei que as coisas haviam mudado, só não tinha certeza se para melhor ou pior. Lia era uma pessoa legível na maior parte do tempo, era fácil saber quando ela estava pensativa sobre algo.

Acontece que, em nenhum momento eu achei que a noite terminaria daquele jeito, com um pedido de casamento no mesmo quarto que um dia ela me disse um "não" e foi embora.

Não que eu estivesse remoendo aquele sentimento, só estava pensando no quão improvável poderia ser aquele cenário.

Quando entrei no closet e a vi com o anel na mão meu mundo parou por alguns segundos. Eu não via aquela aliança em anos, evitava abrir aquela gaveta e encontrá-la. Uma parte de mim sempre achou que guardar a joia era tão inútil quanto guardar papel repicado.

Mas então, me agradeci por ter acreditado que um dia Emilia ainda colocaria aquela aliança no dedo. Pois agora estava, e toda vez que eu olhava para sua mão meu coração se agitava no peito. Idealizei tanto aquele momento durante os anos que parecia mentira estarmos realmente do outro lado da história, do lado em que ela aceitava o meu pedido, ou melhor, eu aceitava o dela.

Sabia que ela também estava se perdendo nas possibilidades daquele futuro que nos aguardava. O medo de talvez estarmos atropelando as coisas não existia mais, nós dois tínhamos entrado num consenso de que queríamos fazer aquilo funcionar.

Confesso que depois de cinco anos embarcando em relacionamentos casuais sem envolvimento sentimental nenhum, nunca pensei que ainda existia essa parte de mim que queria construir uma família e viver uma vida fora das pistas, mas foi apenas ela voltar para mim que tudo mudou. Eu queria aquela segurança, aquela rotina de poder ir dormir com ela e acordar com ela. Sem precisar sair de fininho no meio da noite ou expulsar mulheres da minha cama na manhã seguinte.

FLASHING LIGHTS - lewis hamiltonWhere stories live. Discover now