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Passei o resto do dia no escritório do meu pai, usando seu notebook emprestado, resolvendo minhas pendencias com o meu trabalho em Nova York. Fiz algumas chamadas pelo Skype e respondi alguns e-mails, tentando deixar as coisas em ordem.

Me esforcei para não jogar meu nome no Google e ver quais eram as últimas notícias em relação a mim e ao meu ex-relacionamento. Fiquei pensando se talvez Miles tivesse se pronunciado também, mas me convenci de que não era da minha conta.

O motorhome permanecia silencioso desde as cinco da tarde, como as paredes eram finas, normalmente o barulho das salas ao redor não eram muito abafados, porém tudo estava muito quieto naquele fim de dia.

Era comum esse nervosismo e clima tenso, todos estavam extremamente focados com o desempenho do domingo, com dois pilotos britânicos o pódio se tornava algo muito aguardado.

A porta começou a ranger, me roubando a concentração. Um barulho de focinho vinha do outro lado, acompanhado de arranhões na madeira, querendo chamar a atenção.

Sorri instantaneamente, sabendo exatamente quem estava farejando e tentando se esgueirar para dentro da sala. Me levantei da cadeira, indo em passos rápidos na direção da entrada. Foi so girar a maçaneta para a cabeça de um buldogue se enfiar para dentro e buscar por espaço para entrar com o corpo todo.

- Oi, amigão - Sussurrei para Roscoe, fechando novamente a porta - Te deixaram por aí sozinho? - Perguntei, como se o cão fosse me responder.

Ele era adorável, remexendo os quadris enquanto arrastava o focinho no chão, cheirando cada cantinho do escritório. O cachorro latiu para mim e correu na minha direção, pulando nas minhas pernas me fazendo sentar próximo a ele e enchê-lo de carinhos.

Seus pelos eram muito hidratados e ele sempre estava usando perfume. Era o cão mais vaidoso que eu conhecia. Tinha uma bandana amarrada em seu pescoço e a língua para fora como se tivesse caminhado muito para chegar até ali.

- Você estava me procurando, hm? - Questinei, acariciando uma de suas orelhas - Também tava com saudade, garotão - Era um pouco vergonhoso o tom de voz o qual eu usava para me referir a Roscoe, mas era impossível não me render a tanta fofura.

Ele se deitou no chão e apenas ficou aproveitando toda a atenção que recebia, hora ou outra pulando em mim tentando brincar de subir em cima das minhas costas. Lewis tinha o costume de brincar de lutinha com ele, o que fez ele aprender a escalar as pessoas de uma forma muito divertida, porque quase nunca dava certo.

Pude ouvir passos apressados no corredor e meu coração deu um pulo. Digamos que também tinha outro motivo para eu estar dentro daquela sala por tantas horas, eu estava tentando não esbarrar em certo alguém. Não estava fugindo, mas uma parte de mim estava muito nervosa sobre a reação que ele teria após provavelmente já ter visto minha postagem.

Queria que ele entendesse aquilo como algo definitivo, entendesse que eu estava mesmo tentando resolver, que agora era pra valer. Mas também a ansiedade me deixava naquela situação aonde eu não sabia o que esperar, tentando me manter distante de todas as expectativas e esperanças, me tranquei no escritório e tentei focar no trabalho.

- Você viu o Roscoe? - A voz de Lewis era audível, ele provavelmente estava questionando alguém que passara no corredor.

Ao ouvi-lo, o cão a minha frente começou a dar indícios para latir e eu fechei os olhos.

- Shiu... Por favor, amigão - Supliquei para o cachorro de maneira constrangedora.

- Ele se perdeu? - Um homem respondeu, do lado de fora da sala.

- Não exatamente, ele sentiu o cheiro de algo e saiu correndo... - Hamilton não pode terminar a frase.

O cão latiu o interrompendo, fazendo tudo ficar em silêncio por alguns segundos que pareceram horas. Olhei para ele com o semblante acusatório, e o animal choramingou quando sibilei a palavra "traidor" em sua direção.

FLASHING LIGHTS - lewis hamiltonWhere stories live. Discover now