Capitulo 2

79 7 0
                                    

Dirigiu-se para a casa com passos apressados. Abriu a porta e entrou. Acendeu as luzes da sala e foi até o quarto. Apanhou dois cobertores no armário de roupa e voltou à sala. Estendeu um cobertor no enorme sofá de couro cru e saiu. Foi até o carro e debruçou-se para a mulher. Ela gemeu, quando a tocou. Bom, pelo menos, estava recuperando-se. Pegou o braço dela e passou-o pelo seu pescoço. Puxou-a pela cintura, rodeando-a, e colocou a outra mão sob os joelhos dela. Tirou-a do carro, intimamente praguejando. Por que justamente ela tivera o azar de encontrar aquela mulher? Além da tempestade que passara, agora aquilo!

Carregou a mulher apressadamente, antes que ela escorregasse para o chão. Entrou na casa, levando-a direto para o  sofá. Então, deixou-a cair sobre o móvel. Ela ficou com as pernas pendentes. Ergueu-as, estirando-as. Pronto. Tarefa cumprida. Agora, tinha de despí-la daquelas roupas sujas e enxarcadas. Desabotoou a blusa, brigando com os botões escorregadios de lama. Abriu-a, passou um braço por trás das costas dela, ergueu o tronco e tirou a blusa, jogando-a no chão.

 Agora, a saia. Puxou-a com esforço, rasgando-a, já que o ziper enguiçara. Por último, o sutian e a calcinha, também enxarcados. Mas, mesmo sujos de lama, deu para notar que eram peças caras, de renda  francesa.

Callie sorriu. Seria uma dama, a ilustre desconhecida? Olhou para o corpo nu. Tinha contornos bem feitos, mas não dava para avaliar bem com aquela sujeira. Foi até o banheiro e apanhou toalhas, sabonete, esponja e um balde com água quente do chuveiro. Levou tudo para a sala e puxou uma cadeira para perto do sofá, sentando-se. Molhou a esponja na água, passou o sabonete e começou a tarefa de tirar a lama daquele corpo.

Começou pelo rosto. E se surpreendeu quando retirou a lama e foi revelado os traços delicados, as sombracelhas arqueadas e naturais de desenho perfeito, os cílios longos e espessos, o nariz reto, a boca de lábios carnudos e vermelhos, o queixo delicado, a pele cremosa . Era um rosto que a encantou.

Empolgada, Callie prosseguiu rapidamente. Cada pedaço do corpo que surgia, demonstrava a beleza delicada daquela mulher, as formas perfeitas.

-- Estou desenterrando um tesouro... - Falou baixinho, emocionada com a descoberta.

Limpou o corpo todo, deixando por último as mãos  de dedos finos e elegantes, pequenas em comparação às suas. Quando acabou de limpar os pés, afastou-se para olhá-la, como um escultor ao contemplar o término de sua obra.

Que seios belos! Cheios e redondos, com auréolas e biquinhos rosados, duros e insinuantes, como duas frutas saborosas. O ventre chato, o púbis coberto de pêlos delicados alourados, as coxas e pernas fortes, bem torneadas, os pés delicados. Olhou para os ombros, os braços, tudo formando um conjunto belíssimo. Só faltava agora lavar os cabelos dela, para completar sua obra.

Ela abriu os olhos subitamente e Callie viu um par de olhos azuis de mar tropical,   translúcitos e belíssimos. Mas o medo nublou aqueles olhos, quando se fixaram em Callie. Ela sentou-se bruscamente e ao se ver nua, cruzou os braços sobre os seios,  olhando-a em pânico. Callie fez um gesto apaziguador e sorriu, tentando acalmá-la.

-- Não tenha medo - Disse - Agora está tudo bem.

Ela abriu a boca, olhando em volta. Tornou a fechá-la e a fitou cheia de suspeitas.

-- Onde... onde estou?

A voz saiu cheia de receio. Mas Callie apreciou aquela voz suave.

-- Eu a recolhi na estrada. Você estava acenando na chuva, pedindo ajuda, e desmaiou. Trouxe-a para minha casa - Explicou Callie, suavemente.

-- Quem é você?

A pergunta soou como uma acusação. Callie suspirou.

-- Sou Calliope Iphiegeni Torres.

-- Por que estou sem roupa?

-- Eu as tirei. Estavam enxarcadas de lama.

Ela a encarou com o cenho franzido.

-- Não precisava fazer isso. Eu mesma podia cuidar disso, quando acordasse.

Callie perdeu a paciência. Olhou-a séria e falou com frieza:

-- Escute, garota! Não quero que me agradeça por ter tirado você lá da estrada, debaixo do maior temporal, por tê-la arrastado até aqui, por tê-la limpado da sujeira que estava. Mas espero que se mostre ao menos delicada!

Ela ficou olhando-a em silêncio. Pareceu cair em si. Sorriu fracamente, mostrando dentes alvos e perfeitos.

-- Desculpe-me... não quis parecer mal-educada e mal-agradecida. É que passei momentos horríveis, ainda estou fora de meu normal.

Callie sorriu também. Entendeu-a. A moça estava desorientada, pelo que havia passado.

-- Tudo bem. Pode contar-me o que aconteceu? Por que estava naquela estrada sozinha, naquele temporal?

Ela passou a mão pelos cabelos. Fitou-a assustada.

-- Jesus, o que tenho nos cabelos?

-- Lama. Estava toda coberta de lama. Eu ia lavar os seus cabelos,   quando você despertou.

Ela pestanejou, confusa. Olhou para Callie com uma humildade que a comoveu.

-- Posso... posso tomar um banho? Uma ducha?

Callie sorriu.

-- Claro! Já pode fazer isso. Vou apanhar minha mala no carro, tenho roupas que acho que lhe servirão. Espere aqui.

Ela tornou a cobrir os seios com as mão. Callie jogou o outro cobertor   para ela.

-- Enrole-se no cobertor. Está frio. Quer ir logo para o banheiro?

Ela assentiu, pegando o cobertor e o jogando nas costas, transpassando-o no corpo. Ergueu-se do sofá e a fitou em expectativa.

-- Venha, vou mostrar onde fica o banheiro - Disse Callie, adiantando-se. Ela a seguiu, subindo o lance de escadas até o segundo pavimento da casa. Pararam no corredor, com três portas. Callie as indicou, explicando:

-- Aquela é a porta do meu quarto. A outra, do meu escritório. E a última, a do banheiro.

Empurrou a porta e entraram. O banheiro comportava uma banheira, um box com ducha, uma bancada de mármore, um pequeno armário e vaso sanitário. Era pequeno, mas com uma decoração alegre, de flores amarelas nos azulejos de cor creme. Olhou para a moça, que a fitava atentamente.

-- Pode entrar. Vou apanhar roupas para você vestir, no armário tem   toalhas limpas.

Saiu, fechando a porta. Desceu as escadas e saiu da casa, correndo até o Land Rover e apanhando sua mala, a mochila e a bolsa. Fechou a porta do carro e voltou para casa, debaixo da chuva fina. Levou tudo para seu quarto. Abriu a mala e escolheu um conjunto de trainning de malha grossa. Juntou um par de meias de lã e uma calcinha nova, voltando ao banheiro. A porta do box estava fechada e o vapor da água quente deixara o vidro fôsco, impedindo que Callie visse a moça tomando banho. Isso era bom. Não queria constrangê-la. Depositou as roupas em cima da bancada e anunciou:

-- Está tudo aqui, em cima da bancada. E no armário encontrará toalhas e chinelos. Use o que quiser.

-- OK! - Gritou a moça, sobre o som da água - Obrigada, Calliope!

Herança Fatal  (CALZONA)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin