Capitulo 23

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Helen levantou-se  e avançou com Callie para a outra porta. Abriu-a e percorreram o corredor até a sala. Helen  olhou para Callie curiosa. Ela parecia aborrecida. Seu olhar estava frio e sombrio.

Na sala , Callie olhou em volta, girando nos calcanhares. Olhou para a mesa que ficara e em seguida, para Helen.

-- Uma mesa e uma cadeira...  é tudo o que tem para essa sala?

-- Posso pedir móveis ao almoxarifado, senhorita. Mas preciso que me dê uma autorização para isso. E não seria melhor a senhorita ver o catálogo de móveis, para escolhê-los?

Callie respirou fundo, impaciente.

-- Senhorita, não tenho tempo para esses detalhes. Tomei posse hoje, e tenho coisas importantíssimas a fazer. Escolha os móveis, creio que tem noção do que vou precisar e bom gosto suficiente para a decoração.

-- Tudo bem, senhorita.

-- Aqui há comunicação com a sala de Arizona Robbins?

-- Não. Mike dispensava isso.

-- Quem era a secretária dele?

-- Mike não tinha secretária. Também, para quê?

Callie franziu o cenho, irritada.

-Que sujeitinho! E para que servem aqueles telefones?

-- São duas linhas diretas para fora da empresa.

-- Diabos! Não posso ficar aqui e você há quase cem metros de distância, sem comunicação com a presidência e sem móveis. Teremos que providenciar várias coisas, até eu poder ficar aqui.

Pela porta aberta, ouviram passos precipitados. Helen e Callie olharam para a porta. Arizona entrou intempestivamente, com uma expressão desesperada. Olhou para Callie com um olhar suplicante, mas conteve-se quando viu que Helen a observava.

Helen olhou para Callie. Ela olhava para Arizona com um olhar frio, muito séria.

-- Deixe-nos a sós, Helen – Disse, com voz contida.

-- Com licença – Disse Helen, saindo e fechando a porta.

Arizona correu para Callie e a rodeou pelo pescoço com os braços, fitando-a arrependida.

-- Perdoe-me, amor. . . fui tão idiota, tão fria. . . Não fique com raiva de mim, por favor. . . é que fiquei com ciúmes.

Callie desvencilhou-se, fitando-a com frieza.

-- Assim não poderei trabalhar aqui. Você é tão infantil, tão insegura, Ari. . . ficou com ciúmes de quê ?

-- Precisava sorrir para ela, gracejar e agradecer fitando-a nos olhos?

-- Eu , gracejei com Helen?! Está sonhando! E como quer que eu a trate? Como se ela fosse uma criadinha, com ignorância? Só porque você fica com ciúmes de um simples sorriso de agradecimento?

-- Não é somente por isso! Por que a escolheu para sua secretária? June é muito mais competente, nota-se logo!

-- Juntamente por isso. Quis que a melhor ficasse com você,  pois a presidente tem que ter a melhor ! Não sabia que com isso você iria ficar com bobagens na cabeça!

Arizona tornou a abraçá-la, olhando-a suplicante.

-- Perdão, amor. Tem razão. Sou mesmo uma idiota. Não vou mais fazer isso. Pode olhar, sorrir para Helen ou June, que não vou ligar.

-- Já prometeu antes que não ia ter essas atitudes, e em pouco tempo fez a mesma coisa !

-- Não vou duvidar mais de você. Por favor, Calliope, acredite em mim!

-- Mesmo? – Disse, fitando-a nos olhos – Da próxima vez, vou embora! Isso é irritante, você ter essas dúvidas bobas de mim.

-- Não terei mais ! Oh, Calliope! É que eu a amo tanto, que tenho ciúmes de tudo! Mas vou controlar isso, prometo!

Callie a abraçou. Beijou a boca que se oferecia. Arizona correspondeu com ardor, alisando seu rosto, apertando-se contra seu corpo. Callie afastou-a . O calor voltou aos seus olhos.

-- Vamos trabalhar. Chega de romance no trabalho.

Arizona sorriu docemente, acariciando seu rosto.

-- Está bem, amor. E a sala? O que vai precisar?

-- Está faltando móveis, comunicação com seu gabinete e com as secretárias, um computador. . . e a minha secretária não pode ficar naquela sala, é muito distante. Teremos que mandar fazer uma divisão nessa sala para ela ficar.

Arizona não discordou. Sorriu-lhe.

-- Então, não vai poder ocupá-la tão cedo. Vamos para a minha sala.

Callie seguiu-a. Passaram pelas secretárias e Arizona deu instruções à June para providenciar tudo que Callie precisasse para ter uma sala confortável e funcional. Callie aparteou, explicando que já dera essa incumbência à Helen. Arizona a ouviu atenta e assentiu, voltando-se para Helen, dizendo:

-- Muito bem, tem uma tarefa de sua chefe. Cumpra-a com muito zelo e presteza, que Calliope é muito exigente, ok?

Callie riu, olhando para Arizona com bom humor.

-- Não assuste minha secretária, Ari. . . a garota vai ficar nervosa.

Arizona sorriu e a puxou pela mão.

-- Venha. Ao trabalho!

Elas entraram no gabinete e fecharam a porta.

Helen ficou olhando  para a porta, pensativa. As coisas se ajustavam em sua cabeça. Callie saíra do gabinete furiosa, com um mau humor visível. Arizona viera atrás dela, com um olhar desesperado. Callie a recebera friamente . Ficara com ela à sós e voltavam de bom humor, fitando-se quase amorosamente.

Estava claro. Haviam brigado, Arizona fora atrás fazer as pazes e agora tudo voltara à paz. E o motivo provável da briga havia sido ciúmes de Arizona. Tinha quase certeza absoluta. Arizona Robbins e Callie Torres eram amantes. A certeza absoluta era uma questão de tempo.

Isso a entristeceu e alegrou, ao mesmo tempo. Ter a suspeita que Callie era homossexual tornava possível o sonho de conquistá-la, com o tempo. Mas, saber que ela tinha uma amante do quilate de Arizona Robbins, tornava as suas chances quase nulas. Arizona era linda, inteligente, culta e dona de uma fortuna imensa. Callie não seria louca de trocá-la por uma simples secretária obscura, que não tinha nada a lhe oferecer, a não ser amor.

Oh!, como gostaria de estar no lugar de Arizona!

Herança Fatal  (CALZONA)Where stories live. Discover now