Capitulo 7

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Saíram. O sol estava quente. Callie mostrou a Arizona o resto do rancho. As macieiras carregadas, o pessegueiro, os pés de morangos silvestres. Um casal de tordos se aninhava no ninho que descobriram na macieira, com seus biquinhos famintos abertos. Cisnes selvagens nadavam no lago próximo da casa, com seus filhotes. Era primavera e a natureza se enchia de vida.

Callie colheu algumas maçãs e morangos, ajudada por Arizona, que fez questão de subir na árvore, dizendo que queria reviver um raro momento de sua infância. Ria, achando deliciosa a renovada experiência.

Voltaram para casa. Callie preparou uma torta de maçã, ajudada por Arizona. Colocou-a no forno e foram para a sala. Callie abriu uma garrafa de vinho e ficaram conversando e ouvindo música. E Arizona demonstrou a sua cultura privilegiada. Entendia de música, de literatura, de cinema, de teatro... era uma conversa estimulante, que fez a admiração de Callie crescer por ela. Em um certo momento, Arizona a fitou de um jeito que a emocionou, pelo prazer que via naqueles belos olhos.

-- Callie, este está sendo o dia mais feliz de minha vida. E devo isso a você. Nunca mais vou ser a mesma. Eu conheci um modo de vida mais simples e caloroso ao qual não vou mais prescindir, nem que seja em minhas férias anuais.

-- Fico feliz com isso, Arizona. Mas, diga-me: onde aprendeu a cozinhar? Estou curiosa, porque imagino que não faz isso em sua casa, sendo rica como é.

-- Me chame de Ari. Em um colégio na Suiça. Lá, ensinam tudo que acham útil à uma moça. Mas nunca pude antes praticar meus conhecimentos. Só aqui. Em casa, sou servida por cinco empregados. Não movo um dedo. Sinto uma sensação de inutilidade, por não fazer nada.

-- E os negócios que herdou do seu pai?

-- Entreguei a um administrador. Minha mãe convenceu-me de que eu não saberia administrar os negócios.

-- Por que não tenta? O que sua mãe pensa pode não ser verdade. Você pode aprender. Sei que é inteligente e não fará bobagens.

Arizona lhe sorriu docemente.

-- Calliope, você me dá a sensação de que eu posso conseguir isso. Nunca alguém acreditou em mim. Oh, por que não a conheci antes! Bendito sequestro, que me trouxe até você!

Callie a fitou nos olhos. Viu tanta coisa neles, que ficou confusa.

-- O que vê em mim, Ari? Parece que está se tornando muito dependente de minhas idéias. Isso não é bom para você. Não sou a dona da verdade. Não sei se posso ajudá-la em seus problemas.

-- Calliope... eu já a considero uma pessoa importante em minha vida. Não sei a dimensão disso, mas você vai dar-me essa dimensão. Mas sei que eu a quero sempre comigo.

-- Ari... isso é impossível. Vivemos em mundos diferentes. Tenho minha própria vida.

-- Por que é impossível? Você poderia trabalhar comigo. Ser minha assessora. Pagarei o que quiser. Acho que vou assumir os meus negócios. Mas quero você ao meu lado. Você me dá auto-confiança.

-- Arizona, seja realista. Quando voltar para o seu mundo, vai esquecer que eu existo.

Ela debruçou-se para Callie, olhando-a com um olhar arrebatado, que a surpreendeu e emocionou .

-- Jamais farei isso! Já disse que você é muito importante para mim! Não acredita?

Callie não se conteve mais. Olhou-a nos olhos e perguntou:

-- O que sente por mim, Ari? Admiração? Quer que eu seja uma muleta para suas inseguranças?

Arizona a fitou magoada.

Herança Fatal  (CALZONA)Where stories live. Discover now