恐怖 - Lua Cheia

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Acordo num sobressalto após um pesadelo.

Meu coração bate forte e meu suor desce frio por minhas têmporas.

Não consigo me lembrar muito bem do que havia sonhado, além de saber que havia sangue. Muito sangue.

Sempre fui de sentir e ver coisas peculiares, mas ultimamente isso parece ter se elevado a níveis extremos. Desde a nossa chegada aqui, sinto presenças estranhas e olhares curiosos, que, por mais que eu procure, parecem inexistentes.

Me sento na cama ainda zonza enquanto tento recuperar meus sentidos, e me levanto em busca de uma troca de roupas para passar o dia.

Decido tomar um banho para afastar toda essa sensação ruim e assim faço, lavando meu cabelo e hidratando meu corpo em seguida.

Sinto cheiro de café quando saio do banheiro, e isso me alerta que Suji já está acordada.

Penteio meu cabelo e coloco meus óculos, me certificando de deixar a cama arrumada antes de sair.

Desço as escadas ainda sonolenta, devido às várias noites que não tenho dormido desde aquele acontecimento bizarro na fronteira da floresta.

Esfrego os olhos por baixo dos óculos na tentativa de expulsar o cansaço, e quando chego na cozinha, cumprimento minha amiga.

- Bom... - paro antes de terminar a frase, confusa ao perceber que tem um garoto sentado à nossa mesa, bebericando uma xícara de café - Dia?

Olho para Suji, perplexa.

- De novo não... - digo, resmungando - Quem é esse agora?

O garoto se mexe na cadeira, virando o corpo o suficiente para me estudar de forma nada discreta. Parece ser alto e é bem bonito, apesar da feição fechada. Seu rosto é esculpido por linhas firmes e distintas, destacando-se pela presença marcante de um maxilar afiado. Seu cabelo negro é bem curto, e suas roupas de mesma cor me dizem que sua personalidade deve ser tão sombria quanto suas vestes.

- Esse é Jongseong, nosso vizinho também. Ele disse que mora ao sul daqui - Suji afirmou tediosa, sabendo que isso já havia acontecido antes.

Percebo um guarda-chuva apoiado ao lado das botas pretas e bem engraxadas da figura intrigante sentada em meu lugar da mesa, e fico confusa ver o sol raiar através da janela.

- E aí. - Ele cumprimenta em tom desinteressado enquanto me encara profundamente, como se observasse cada movimento meu.

Seus olhos são de um tom escuro e intenso, e, se eu não estivesse atordoada pelo sono, diria que parecem um profundo vermelho escarlate, quase reconhecíveis de algum lugar.

Acho estranho, mas a raiva fala alto o suficiente para ignorar isso. Como se as coisas já não estivessem anormais o suficiente, esse garoto simplesmente resolve aparecer do nada, me tratar com indiferença e ainda me olhar de forma tão arrogante que faz meu sangue ferver.

- Olha, sinceramente, não vamos repetir essa situação. Quem é você e o que você quer? - Pergunto, irritada com a situação e com o rapaz mal-humorado que ainda me encara com desdém estando na minha cozinha.

Ele se levanta com um suspiro, e posso notar que é bem mais alto do que eu pensava, quase se igualando a altura de Aiden ou até mesmo de Shinkai.

- Bom, como sua amiga já disse, meu nome é Jongseong, e moro aqui perto. Vi que havia movimentação na casa abandonada e resolvi verificar, então, aqui estou eu, como pode ver. Mais alguma coisa? - Ele questiona em tom de deboche; coisa que me irrita profundamente.

Quem ele pensa que é?

- Pois então, já que está verificado, você pode ir embora.

Seu olhar desafiador encontra o meu, e nos encaramos friamente.

Sol da Meia Noite; ENHYPENWhere stories live. Discover now