6

20 1 0
                                    


HANNA:


Ele quase conseguiu me vencer com aquelas palavras e o jeito convincente com as quais acreditava nelas. Mas eu sabia quem era o verdadeiro Kim Namjoon, não deixaria que se aproximasse de mim daquela maneira novamente.
Ele continuou no chão da van, bufando de raiva e frustração enquanto eu me dirigia ao senhor Kang com cautela e educação apanhando as sacolas com a comida que o seu chefe solicitou.

- Muito obrigada, Sr. Kang. Nós iremos para casa agora. - Lhe disse.

- Não, nós não iremos. - Namjoon se dirigiu ao motorista - Ainda temos que  conversar.. 

- Sim, senhor. - O Sr. Kang respondeu prontamente, fechando a porta da van em seguida.

Eu continuei a encarar a porta fechada, as sacolas de comida suspensas em minhas mãos, apertei os olhos e respirei profundamente antes de abri-los e me voltar para Namjoon.

- Se alguém cogitar que você está dentro desta van, se sonharem que está aqui com uma pessoa, uma mulher...

- Eu tenho trinta e um anos, Hanna. - ele me respondeu, pegando uma das sacolas e revirando os olhos quando me viu puxar a mão quando a tocou - Você está me tratando como se eu fosse contagioso.

- Estou apenas evitando contato além do profissional, Sr. Kim.

- Vai mesmo continuar a me chamar desse jeito?

- Eu já disse que estou te tratando de maneira profissional. O que há de tão errado nisso? - O encarei e ele respirou fundo.

- Ok, Srta. Santos - Murmurou com o sotaque carregado, me fazendo prender o riso. - Vou respeitar a sua decisão.

- Ótimo. Podemos voltar agora?

- Você vai ao encontro com o Jackson? - Perguntou sem rodeios.

- Não é um encontro, quantas vezes vou ter que dizer isso? - Bradei. - Ele só está sendo gentil, você o conhece bem o bastante pra saber que isso não é nada demais, é só o jeito dele.

- Conheço bem o bastante pra saber que pode ser mais do que imaginamos ser - Ele murmurou enquanto abria a embalagem de lamen.

- Eu não estou interessada no Jackson. - Afirmei, o fazendo voltar a me encarar com um meio sorriso nos lábios. - Não estou interessada em ninguém. Só no meu trabalho.

- Eu sou seu trabalho.

- E só isso. - Disse com firmeza na voz e no olhar. - O que quer que tivemos, foi um erro.

Seus olhos tremeram e pude notar suas mãos apertando o jeotgarak de madeira. Ele respirou fundo e se concentrou em separar os pauzinhos para em seguida apanhar uma porção de lamen e levar a boca.

- Você deveria comer. Nós não jantamos, sei que está com fome. - Murmurou depois de abrir uma garrafa de água que estava dentro da sacola e tomar um gole.

- Estou bem.

- Jackson gosta de garotas comunicativas. - Começou a tagarelar - Ele conversa sobre tudo e se sente estranho se percebe que está falando demais, então incentive a conversa.

- Eu não acho que precisa-

- Você não usa muita maquiagem, isso é bom, ele gosta de mulheres com aparência natural. - Me interrompeu. - Não gosto da ideia, mas use um vestido, azul combina muito bem com você.

- Sr. Kim, está me dando dicas pra um encontro? - Perguntei incrédula.

- Prometi para Jungkook e Jimin que faria isso. - Ele resmungou sem me olhar. - Bom, os seus cabelos estão muito bonitos assim longos, mas prenda uma parte para trás, seu rosto é muito bonito, acho que precisa ser visto. Eu pelo menos gosto de vê-lo...

Escuta-lo estava me deixando desconfortável, nunca imaginei que ele reparasse tanto em mim. Ele voltou a comer seu lamen silenciosamente e, quando terminou, sorriu ao notar que dentro de sua sacola haviam dois pequenos mochis.

- O Sr. Kang é sempre muito atencioso. - Disse, separando um dos bolinhos em dois e me oferecendo um pedaço. - Ele sabe que costumo procurar por algo doce depois das refeições. Sabe que Jin costuma jogar durante as viagens, que Yoongi prefere dormir do que conversar conosco... ele sabe de tudo.

Não estava compreendendo o que o senhor Kang tinha a ver com nossa conversa, mas o deixei falar, talvez só estivesse cansado e precisasse desabafar. Eu sabia o quão cansativa era a rotina dele.

- Ele se preocupa conosco. Com você também. Por isso, no final de semana antes do alistamento do Jin, quando ele viu você chegar na empresa tarde da noite, quando na verdade deveria estar me encontrando próxima aquele restaurante de Gangnam, ele me ligou preocupado. - Namjoon passou a me encarar, os olhos mais profundos do que nunca. - Eu esperei por você durante horas até receber aquela ligação. Nós aguardamos por você na empresa antes de levarmos Jin até o quartel. Você não apareceu.

- Eu já expliquei, tive problemas familiares..

- E eu não acreditei em nenhuma palavra sequer do que disse. - Ele me interrompeu. - Eu... eu realmente imaginei que estava apaixon...

- Namjoon, por favor. Vamos encerrar nossa conversa aqui. - o cortei um tanto quanto desesperada. - Não faz mais sentido remoer essa história antiga.

Ele me encarou engolindo em seco e depois baixou os olhos para o pote de lamen vazio. Eu pude ver o conflito atravessar suas expressões, sabia que algumas palavras foram engolidas durante os últimos anos, mas não queria me tornar o depósito delas para seu alívio. Fechando o pote e pondo as embalagens de voltar na sacola, Namjoon se levantou e abriu a porta da van com facilidade, o senhor Kang saltou assustado a centímetros de distância e veio rapidamente em sua direção.

- Leve Hanna para casa. Vou caminhar um pouco. - O ouvi murmurar de costas para mim.

- O que.. Namjoon, você não pode andar por aí assim! - O repreendi.

- Vai ficar tudo bem. - Ele respondeu já se afastando.

Quando fiz menção de levantar para segui-lo, o senhor Kang ergueu uma mão para me sinalizar o perigo que essa ação traria. Eu soltei o ar, frustrada e me acomodei na poltrona enquanto ele fechava a porta.
Nós nos dirigimos para casa e enquanto eu me encaminhava para o elevador me peguei pensando no quanto Namjoon também não havia escutado de mim e  nas palavras que engoli, o que seria de nós dois se eu as tivesse posto para fora quando surgiram em minha mente. Mas eram palavras antigas apesar de tudo, não valiam mais nada. Nós viveríamos e criaríamos novas palavras,  ressignificaríamos estas também, era o melhor a ser feito.

SARANG, i will always love you. Where stories live. Discover now