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                             HANNA

Na manhã de sexta consegui me levantar antes dos rapazes e cumprir a promessa pessoal de preparar um café da manhã de agradecimento para eles, me afastei da mesa para admira-la, estava muito bonita. Não tinha arroz ou alguma sopa, fiz questão de oferecer um café ao meu modo: alguns pães de forma estavam dispostos em uma cesta de madeira forrada com um pano branco delicado, uma bandeja de ovos mexidos também fora acrescentada juntamente com algumas torradas e três sabores geleias, uma jarra de suco de laranja e um prato com fatais generosas de bolo completavam as delícias com o café como toque final. Passei num mercado próximo ao condomínio e fiz questão de comprar algumas flores, elas estavam enfeitando o centro da mesa, dentro de um vaso de vidro transparente.
Ouvi os garotos descendo as escadas e me posicionei na entrada da cozinha, as mãos entrelaçadas descansando nas costas de maneira formal. Taehyung e Jimin foram os primeiros a me ver, os amigos abriram um largo sorriso e se apressaram para perto de mim.

- Uau! Que mesa bonita, Hanna - Jimin suspirou - Você fez tudo isso sozinha?

- Queria agradecer pelo presente de vocês.

- Se é assim que agradece aos presentes acho que vou te dar vários de agora em diante. - Taehyung afirmou, o sorriso quadrado brincando em seus lábios enquanto me olhava.

Eu ri, ficando na ponta dos pés em sua frente e estendendo a mão para alcançar o topo de sua cabeça, a fim de fazer um carinho.

- Não preciso de presentes para agradar você, Tae. Vou fazer isso sempre.

Os olhos dele dobraram de tamanho e seu queixo caiu, pude notar seu rosto adquirir um tom mais rosado também. Ele vacilou por um minuto e assumiu a postura anterior assim que ouviu a risada de Hobi cruzar o ambiente.

- Que banquete! - Hoseok se aproximava aplaudindo. - Hanna você é muito legal. Olhe só esse bolo! Uaau.

Yoongi apareceu logo em seguida, o sorriso de canto um pouco mais perceptível, ele se curvou em minha frente e murmurou um "vou comer bem, obrigada" de maneira fofa, não era uma pessoa matinal, eu entendia isso. Jungkook e SeokJin apostaram uma corrida até a cozinha e se assustaram com a mesa, eu ri com a reação dos dois.

- Falem alguma coisa! - Falei fazendo beicinho e notei Taehyung soltando o ar de maneira exasperada ao meu lado.

- Já estamos de dieta? - Jungkook perguntou, preocupado.

- Só... não exagere no carboidrato, ok?

- Hanna, você é perfeita! - Ele me abraçou, me tirando do chão e me fazendo rir.

- Eu vou comer tudo, Hanna, obrigado. - Jin se apressou para a mesa.

Os meninos estavam quase terminando o café e Namjoon ainda não havia aparecido, eu olhei no relógio em meu pulso, os ponteiros marcavam exatamente oito e meia da manhã. Ele não era o tipo de pessoa que curtia acordar tarde, me perguntei se não havia sido muito dura com ele na noite anterior. Eu sabia que teria que lidar com ele desde o momento em que minha presença na Coreia fora solicitada, havia me preparado para isso, não esperava pelas investidas e questionamentos, era verdade. Imaginava que encontraria um Kim Namjoon muito menos interessado em mim do que de fato ele aparentava estar e aquilo me surpreendeu. Sim, talvez eu tivesse sido dura demais, mas ele não precisava se afastar dos nossos momentos em grupo.

Estava cogitando a ideia de invadir o quarto dele e tirá-lo da cama quando o barulho da porta sendo desbloqueada nos pegou de surpresa. Não esperávamos ninguém naquela manhã, os compromissos dos meninos foram todos marcados para a tarde, de modo que todos nós nos voltamos na mesma direção e nos assustamos com a imagem de um Kim Namjoon bêbado sendo auxiliado pelo nosso motorista.

- Me desculpe, Hanna. Ele me ligou pela manhã, não falava nada com nada, pedi para localizarem o dispositivo e o encontrei em um bar privado em Itaewon.

- Ah, pelo amor de Deus! - Bradei saltando da cadeira e me dirigindo até os dois. - Podem ficar onde estão, rapazes. Eu cuido disso.

Os meninos já estavam se levantando, mas acredito que pela minha expressão resolveram não insistir e respeitar a ordem. Com o auxílio do Sr. Kang, levei Namjoon até seu quarto, nós o colocamos na cama e ele se pôs a murmurar coisas indecifráveis quando, já sozinha, eu me esforçava para arrancar os tênis de seus pés.

- Você vai precisar de uma boa desculpa para eu não te cortar em pedacinhos e fritar com óleo de gergelim. - Grunhi, arrumando os travesseiros em sua cabeça. Namjoon esboçou um sorriso. - Não é engraçado, está agindo como um garoto! 

- Você é tão cheirosa. - Ele me encarava, os olhos semicerrados fixos nos meus. - Eu senti tanta saudade de você que sentia esse cheiro em todo lugar, sabia, Hanna?

- Não sabe do que está falando.

- É cloro que sei - Ele protestou, fazendo uma careta, precisei prender o riso. - Você é quem não sabe de nada, não tem nem um coração. Eu queria não ter um coração...

Eu engoli em seco e desviei o olhar por alguns minutos, Namjoon continuou murmurando que sofreu sozinho com a minha partida.

- Namjoon, você precisa dormir. - Falei já me levantando. Ele me impediu, me puxando de volta pelo pulso.

- Vai me deixar outra vez? - Bufou com sarcasmo. - É isso que você sempre faz.  Eu.. eu senti a sua falta sozinho, não foi? É, foi sim. Todos os outros podiam falar sobre como você fazia falta de alguma forma, mas eu fui o único que não podia dividir com ninguém, por mais que fosse a pessoa que mais sentiu de verdade que tinha te perdido. Hanna, por que você foi embora, uh? Por que voltou agora também? É bom pra você me ver quase morrendo de tanto ciúme?

- Ah, por favor! Você sabe muito bem porque fui embora, sabe que nada do que diz é verdade. Sentiu a minha falta, sério? Como tem coragem de dizer isso quando eu sei que sentia vergonha de mim?! Se fui embora foi porque a dor que senti ao entender que alguém que eu amava me via como um lixo era insuportável demais para aguentar vendo você todos os dias! - Gritei, as lágrimas rolando de maneira incontrolável pelo meu rosto. - Tanto faz, eu não vou ficar aqui discutindo com um bêbado irresponsável.

Me levantei violentamente e saí do quarto às pressas, me tombando com Jimin assim que cruzei a porta. Ele me encarava, em seus olhos não se passavam nada além de compreensão, ele suspirou e me puxou para um abraço. Eu deveria saber que ele tinha noção do que acontecia, me conhecia muito bem para não saber. Me permiti chorar em seus braços, abafando em seus ombros os soluços que reprimira nos últimos anos. 

SARANG, i will always love you. Where stories live. Discover now