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TAEHYUNG

A partida de Hanna foi repentina, não esperávamos ter que passar por mais perdas dentro de nossa zona de conforto, quando ela chegou em nossa empresa precisou ganhar a confiança de todos, inclusive a minha. Sempre fui muito fechado e recluso, embora me esforçasse bastante para não parecer mau humorado ou grosseiro, gostava de me sentir confortável quando possível e isso incluía estar com pessoas que permitissem isso. Bang PD havia anunciado a chegada de uma nova staff, ela era estrangeira e nos acompanharia quando precisássemos de acessoria internacional, só esta notícia já me deixava bastante ansioso, era uma pessoa nova a qual eu deveria me acostumar, embora todo mundo sempre acreditasse que tínhamos o costume de mexer em nosso pessoal com frequência, o que era um dos maiores equívocos sobre nossa carreira, sempre fomos afetivamente apegados aos funcionários e fazíamos o possível para não perde-los.
Hanna chegou à nossa empresa numa segunda feira de verão na coreia, usava uma calça jeans confortável e camisa de tecido leve branca, seus cabelos naquela época eram curtos, mas acredito que não conseguia evitar o volume causado pelas ondas leves das mechas, eram lindos daquela maneira. Se apresentou a todos com muito respeito, sorriu e corou quando Bang PD a encheu de elogios exagerados, prometeu fazer um bom trabalho, mas não conseguiu esconder de mim o nervosismo que tentava ignorar enquanto cutucava o peito do dedo indicador com a unha do polegar da mão direita que pendia ao lado do corpo. Foi a primeira vez que nossos olhos se encontraram, ela me lançou um sorriso singelo como forma de cumprimento. Sabia que tinha sido pega, se rendeu e aceitou a derrota.
Foi o assunto por mais ou menos três meses, tempo suficiente para se adaptarem a ela. Eu só precisei de uma semana.

Hanna cativava qualquer pessoa a sua volta e isso foi o suficiente para que Bang PD confiasse a ela o papel de agente geral, depois de um ano, ela não cuidava somente das questões internacionais, confirmava informações com emissoras, sites e jornais nacionais também. O trabalho cresceu, mas ela dava conta, conseguia ser a staff e amiga perfeita para cada um dos membros. Jimin e eu sabíamos que ela ainda enfrentava algumas desavenças por parte dos funcionários da empresa, nunca por meio dela, Hanna nunca transpareceu cansaço ou irritação - a não ser quando saíamos da linha, nesses casos era uma verdadeira mandona. -, ela estava sempre disposta a fazer o possível e impossível para nossa melhora.

Quando foi embora sem sequer se despedir nós ficamos arrasados, Jimin se culpava por ser próximo e não ter notado uma possível sobrecarga, Jungkook choramingava pois não conseguia lidar com a pressão dos trabalhos solo sem ela, Jhope chorou ao ler sua mensagem de apoio quando se alistou para o exército, Suga exigiu que ela assistisse por video chamada o primeiro show de sua turnê. Eu enviei a demo de Slow Dancing para dela antes de qualquer pessoa e ela falou sobre cada verso com muita ternura, Jin trocava emails diariamente, mas eu nunca soube de uma interação sequer com Namjoon. E foi assim que comecei a suspeitar que o motivo de sua partida poderia ter a ver com nosso líder. O tempo passou e ele se tornou cada vez mais distante, seus passeios mais solitários, seu disco falava muito sobre um relacionamento que nós nunca soubemos que existira. Quando ele finalmente foi para o exército as coisas melhoraram, ele estava voltando aos poucos a ser o bom e velho hyung de sempre, nos dias de dispensa sempre saíamos e nos divertiamos, até que ela fosse mencionada. Inúmeras vezes o notei se esconder quando fazíamos chamadas de video com Hanna, ela também não parecia se importar com a ausência dele nas ligações, só eu e mais ninguém notava.

Naquele exato momento em que escutava minhas suspeitas sendo confirmadas o meu coração se apertou, sempre cantei e interpretei esse sentimento, mas nunca havia de fato vivido até ali. Por muito tempo antes de sua partida, enxergava meu sentimento por Hanna como um amor de amigo, eu a amava como um bom irmão amava sua caçula, era assim que eu via toda a coisa, mas quando senti profundamente a sua falta, quando o alívio por tê-la de volta tomou conta do meu corpo, eu sabia que o amor que sentia ia além de qualquer sentimento fraternal. Então nossas interações já não me eram tão confortáveis, eu não conseguia disfarçar o quanto nossa intimidade passara a me deixar profundamente eufórico, mas ao mesmo tempo ansiava por cada momento. O toque fazia parte da cultura de Hanna, era um dos seus meios de demonstrar afeto, não havia receio ou maldade por parte dela quando, em qualquer ocasião, ela fazia questão de acariciar nossos rostos, bagunçar nossos cabelos - não que essa ação fosse fácil para ela, até Suga que era o menor de nós era alto demais ao seu lado. -, segurar em nossas mãos ou nos abraçar, depois de notar o que sentia por ela cada um desses gestos inocentes eram responsáveis por fazer meu coração errar as batidas, e mais, não suportava ver os outros rapazes tão confortáveis para retribuí-los, era puro ciúme e me envergonhava profundamente disso. Não era diferente naquele momento, enquanto ouvia Namjoon em seu estado mais vulnerável, de uma maneira que com certeza nenhum de nós já viu, e Hanna expressando com relutância toda sua dor, o sentimento vergonhoso fazia minha face se aquecer. Ele a tinha, a afetara o bastante para fazer com que sentisse vontade de partir sem se despedir de pessoas que eu sabia que amava. Eu o admirava, respeitava e me via dividido entre a raiva e inveja, por mais que a voz de Hanna soasse magoada, triste e cansada, também carregava amor, talvez ela ainda não tivesse notado mas eu tinha certeza de que Namjoon não desistiria de provar que ela havia se equivocado no que quer que tivesse a feito partir, eu o conhecia o suficiente para saber. Também o conhecia o suficiente para acreditar em sua integridade, ele realmente sentira falta dela e nenhum de nós sabia que seus momentos de profunda tristeza tinham a ver com sua partida. Me senti mal pelo meu hyung, mas me sentia bobo também por sentir pena de alguém que tinha o amor da única pessoa que cativou este sentimento em mim.

- Acho que Hobi precisa de você lá em cima - Murmurei para Hanna, ela ainda estava com o rosto enterrado em meu peito, como uma criança que buscava amparo. - Vamos focar no trabalho agora, podemos choramingar mais tarde.

Ela levantou o rosto e me encarou fazendo beicinho, tive que reunir todas as forças possíveis para não aninha-la em meus braços novamente. Então se recompôs e soltou o ar com força, arrumou os cabelos e empinou o nariz me arrancando um sorriso, ela era uma rocha.

- É, tem razão, precisamos focar no trabalho. - disse por fim, se afastando completamente de mim e seguindo em direção a escada. De repente deu meia volta, parando em minha frente, ficando na ponta dos pés e alcançando minha bochecha com os lábios - Obrigada por ser um ótimo amigo, Taehyung-ah.

Ela já havia sumido de minha frente a quase de cinco minutos, mas eu ainda estava parado e perplexo no mesmo lugar me perguntando o que poderia fazer para deixar de me sentir daquela maneira.

























~ Eu te amo Taehyung, me desculpa por isso kkkkkkkkkk

SARANG, i will always love you. Where stories live. Discover now