Capítulo I

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Crowley estava sossegado em sua casa, ouvindo a mulher da TV falando alguma coisa banal quando escutou a campainha ser tocada. Achou estranho, pois ele não tinha uma campainha exatamente para não ser incomodado.

Foi até a porta já irritado e abriu-a, mas não viu nada. Desceu os olhos para o chão e viu somente um papel; o qual tinha a marca do inferno. "Um bilhete, fala sério. Não vejo a hora de desistirem dessas porcarias e passarem os recados por e-mail ao invés de bilhetinhos", pensou. Pegou o papel e entrou novamente em sua casa enquanto desdobrava-o.

Sentou-se em sua cadeira e começou a ler.


"Olá, pobre demônio Crowley. Escrevo essa carta a pedido de Lúcifer que estava a procurar alguém para cuidar de sua cria que se encontra com 5 anos de idade. Você foi o escolhido e cuidará do ser até que o mesmo complete 18 anos e possa cuidar da própria vida e das próprias tentações.


Diretamente, escritor do Inferno"

Crowley se sentiu o mais desgraçado do universo. Não chegava a odiar crianças mas simplesmente, não as suportava. "Não acredito que me farão cuidar de um fedelho remelento que com certeza deve ser o pior de todos os demônios", pensou novamente enquanto passava as mãos furiosamente pelo rosto. Fez uma bolinha com o papel e jogou o mesmo em algum canto da casa.

Resolveu ir bater um papo com as suas plantas. Foi em direção a porta que separava os cômodos e quando a abriu, quase morreu de novo. Um pequeno ser estava de costas para ele enquanto cantarolava alguma músiquinha e passava os dedinhos pelas folhas verdes das plantas. Crowley ia gritar mas logo percebeu quem era aquela criaturinha.

- Chegou cedo - ele disse enquanto se aproximava levemente do ser que se assustou.

- Ah, oi. Você me assustou - se virou e deu um sorrisinho enquanto ajeitava a roupa e estendia a mão para Crowley.

- Ata, claro, eu te assustei né, porque fui eu que simplesmente apareci na sua casa do nada - deu um sorriso sarcástico, pegou a mão do ser e balançou levemente - Beleza, já que vamos mesmo viver juntos a partir de hoje, é melhor nós estabelecermos algumas regras. Siga-me - Puxou sua mão de volta e saiu andando em direção a sala, sendo acompanhado.

- Senta aí - apontou para o sofá vendo o pequeno ser dar passos rápidos e fazer o que o mais velho mandou.

- Tá legal. Primeiramente, os nomes. Eu me chamo Crowley - estendeu a mão na direção do outro na intenção de incentivá-lo a falar seu nome, mas nada foi dito.

- Diga seu nome - Crowley começou a se irritar vendo o ser olhando-o sem fazer absolutamente mais nada.

- A-ah, meu nome. - desviou o olhar e colocou a mão na nuca coçando levemente - meu nome...

- Isso, seu nome- Crowleu cruzou os braços e se encostou na parte de trás da cadeira.

- Meu nome... É que... Eu não tenho um nome - voltou seu olhar para o demônio que tinha uma expressão um tanto impressionada.

Mas todo mundo tem um nome! -alterou a voz, se desencostou e descruzou os braços.

- Mas eu não tenho! - se levantou do sofá e se aproximou um pouco.

Acabou que começaram uma pequena discussão.

-COM LICENCA, PAREM DE GRITAR! ouviram uma voz angelical que até mesmo em um tom alto, não deixou de ser fofa.

Os dois demônios pararam de discutir e olharam para o lado, vendo um homem de cabelos claros e cacheados e com roupas claras.

- Aziraphale - Crowley começou - esse bicho apareceu aqui e tá me dizendo que não tem nome! - apontou para o pequeno ser.

-Ah ótimo, agora a culpa é minha se você não acredita em mim - a criaturinha cruzou os braços e olhou para o ruivo.

Crowley ia começar a falar quando foi interrompido.

- Parem os dois! Independente de quem começou ou quem não acreditou! - falou calmamente e colocou as mãos em frente ao corpo enquanto se aproximava mais dos dois.

Aziraphale olhou para Crowley e em seguida olhou para o sofá, mencionando a ordem de que ele deveria se sentar. A ordem foi rapidamente compreendida e Crowley se sentou no sofá, vendo Aziraphale se aproximar do serzinho e se abaixar para ficar em sua altura.

- Ok, vamos com calma. Primeiro, me diga qual pronome devo usar com você - ele falou suavemente e passou a mão na bochecha da criaturinha.

Aziraphale era conhecido (pelos que não sabiam que ele era um anjo) por ter um respeito muito grande, mas realmente fazia todo sentido ele perguntar qual pronome usar com o pequeno ser. Aquela criaturinha tinha as características totalmente... Como posso dizer... Andrógenas. Cabelinhos curtos cacheados e castanhos, olhos num castanho claro, pele nem clara mas nem tão escura e usava uma calça jeans e um moletom. Nada denunciava um gênero específico.

-Meu papai usava um pronome comigo.... Ele disse que se chamava pronome neutro

- Entendi, então vamos usar os pronomes neutros com você - Azi deu um leve sorriso com a inocência do ser. Crowley que só observava a cena, resolveu se pronunciar.

-Resolve logo o negócio no nome, anjo - revirou os olhos impaciente, recebendo um olhar meio irritado de Aziraphale.

- Legal, próximo passo. Você havia dito que não tem um nom-

- É isso mesmo, não tem nome - Crowley interrompeu com uma grande impaciência

-Crowley, querido. Me faça um favor, busque um pouco de água. Estou com sede - Aziraphale tinha um poder incrível de conseguir fazer Crowley obedecê-lo.

- Tá bom - se levantou do sofá e mostrou a língua bifurcada para o outro demônio como uma criança antes de sair do cômodo.

- Ok... Continuando. Me diga como o seu papai lhe chamava - Azi se levantou encaminhou a criança para o sofá se sentando e vendo-a fazer o mesmo.

- Ele me chamava de filhe.

- Tudo bem, você não tem um nome, mas nós podemos te dar um! - disse animado.

Os dois se empolgaram muito e começaram a conversar sobre as possibilidades de nomes.

Crowley voltou com um copo de água mas não interrompeu, ficou apenas observando Aziraphale com cara de bobo e pensando em como o anjo era encantador.

100 Bad DaysTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang