Capítulo X

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- Deixa que eu explico o que houve - Ariel se pronunciou - o papai precisa descansar - e ajudou a arrumar o anjo novamente em todas as cobertas.

- Muito bem - Crowley deu um leve selar na testa do anjo e acariciou os cabelinhos loiros - durma bastante, meu amor. Ariel, vamos para a cozinha e você me explica - disse logo saindo.

Ao chegarem no cômodo, Crowley começou a pegar alguns ingredientes dos armários e colocá-los no balcão.

- O que tu tá fazendo? - Ariel questionou enquanto se sentava no banquinho da ilha de cozinha.

- Vou fazer crepes para o Aziraphale, ele adora comer crepes no frio - explicou rapidamente, sem parar de andar pela cozinha - E aí? Vai me falar o que rolou aqui ou não? - parou do nada e deu um sorrisinho para Ari.

- Ah é! É que aquela marica chata do Gabriel brotou aqui do nada, me machucou e ainda fez o Azi passar mal - disse gesticulando calmamente e observando o demônio mais velho ir fechando a cara cada vez mais.

- Não acredito que aquele vagabundo esteve aqui. Agora eu vou ter que mandar desinfetar a casa - disse voltando a preparar as crepes - nossa, isso vai sair o olho da cara. Olha o tamanho dessa casa! Será que dá pra fazer um empréstimo no banco? - foi pensando sozinho se esquecendo que Ariel estava alí, rindo da cara dele.

- Pai, vc esqueceu que pode fazer milagres? - perguntou aumentando ainda mais o sorriso.

- Eita, verdade né. Me perdi - disse descontraído e deu risada.

Ariel, naquele momento, percebeu o quanto tinha sorte. Tinha uma família incrível, seus dias (na maioria deles) eram maravilhosos. Pensou que aquilo poderia acabar e se sentiu mal com esse pensamento, logo se repreendendo.

- Pai? - chamou a atenção do demônio ruivo que assobiava alguma música e rebolava devagar enquanto mexia nas panelas.

- Diga, meu demoninho - falou carinhosamente, enchendo Ariel de amor.

Com certeza, Crowley estava pensando em Aziraphale. Ele ficava uma manteiga derretida quando pensava no anjinho.

- Eu te amo, pai - confessou fazendo o ruivo para si, sorrindo - amo muito você e aquele anjo malandro.

- Fazia tempo que não dizíamos coisas assim, né'? - voltou a atenção para a panela, ainda sorrindo - Também te amo muito e tenho muita certeza que Aziraphale compartilha desse sentimento.

- Nossa, falou bonito, hein? - tirou sarro de como o demônio mudou a forma de falar só de conviver com o anjo.

- Cala a boca - riu novamente - e você que agora fala igual um zé droguinha? - disse lembrando do quão formal era o vocabulário de Ari.

- Ixi, a cobra velha vai atacar mesmo? - riu, se levantando e pegando uma colher de madeira - pois saiba que luto como um gladiador - e foi indo até Crowley com a colher apontada para o mesmo.

- Ah, então vai querer desafiar o demônio que mais luta em todo o universo? - questionou divertido, pegando outra colher de madeira e indo até Ariel.

Ficaram lutando, meio carinhosos, até que Aziraphale aparece na porta da cozinha enrolado em um cobertor grosso com uma carinha de sono.

- Também quero brincar - disse coçando o olho devagar.

 - Oh, meu anjo - Crowley disse, parando de brincar com Ariel e indo até o loirinho, o abraçando forte - Está com fome? Não deveria estar se esforçando assim - os dois se olharam e paralisaram.

Aziraphale se perdeu nos olhos amarelos do seu ruivo.

- Oh, pra falar a verdade, eu gostaria de algumas crepes... Estou com vontade - respondeu alisando a barriga.

- Então é o seu dia de sorte, anjo loiro - Ariel interrompeu o contato de seus pais, pegando a mão do anjo e levando-o até a panela com as famigeradas crepes.

Azi deixou seu famoso sorriso iluminar a cozinha, levando Ariel e Crow junto na onda do sorriso. Os três se sentaram na ilha da cozinha e começaram a se servir, dando risadas por causa das piadas de Ari.

- Ah, que lindinho - uma voz diferente ecoou da porta da cozinha - parecem até uma família de comercial de margarina - afirmou se encostando no batente da porta.

- Gabriel? De novo? Fala sério cara. Dá sossego - Ariel resmungou, olhando para o arcanjo que partira em direção do loiro.

- G-Gabriel... Ã... Quer algo? - o anjo gaguejou vendo que o recém chegado se aproximava demais e lembrando que havia batido no mesmo no momento da raiva.

100 Bad DaysWhere stories live. Discover now