Capítulo VII

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Depois de um bom tempo abraçados, apenas sentindo o aroma alheio, se separaram triunfantes.

- Eu nunca imaginaria tanta coragem vinda de você – Crowley finalmente se pronunciou, fazendo a vergonha de Aziraphale dar as caras, deixando-o corado.

- Ora, e eu nunca imaginaria que tu sentiria vergonha ao fazer algo tão comum para demônios – o anjo soltou ainda levemente corado, se referindo a beijos e sexo.

- Pois saiba que eu nunca beijei outro ser antes e também nunca senti isso por outro ser. Na verdade, já senti pelos unicórnios. Mas isso não conta, já que é um amor impossível – Crowley disse fazendo o anjo soltar risadas fofas.

- Nosso amor também é considerado impossível – Aziraphale falou com um tom sedutor.

- Eita que tem mais fogo nessa raba do que no inferno – o demônio passou os braços pela cintura do anjo, com um sorriso grande.

- Que coisa feia de se dizer, Crowley – o loiro deu um leve tapa no ombro do ruivo, também sorrindo.

- Finalmente assumiram – Ariel, que até o momento só observava, resolveu interromper – Eu já não estava mais aguentando ver as indiretas e os olhares BEM indiscretos – disse indo até eles e dando um leve tapinha nas costas de cada um.

- Ah, então nos espreitava descaradamente do fim da escada? – o anjo, com os olhos semicerrados, falou passando uma das mãos nos cachos de Ariel.

- Foi mal aí. Eu queria ver se finalmente o negócio ia andar – o serzinho deu de ombros e foi até a cozinha.

Pegou um pote de sorvete e voltou para a sala, se sentando no sofá; foi acompanhade pelo olhar dos mais velhos que só continuavam ali, abraçados e sorrindo.

- E então? Vão ficar aí? – Ariel disse antes de colocar uma colher de sorvete na boca.

- Acho que sim, está tão bom – Crowley soltou, encarando o anjo sugestivamente.

- Minhas pernas estão começando a doer, querido – o anjo começou a alternar o peso entra as pernas, olhando para o demônio com uma expressão fofa.

- Então vamos para o meu quarto. Você se senta na poltrona e eu arrumo os quartos – o ruivo foi indo até a escada e empurrando o anjo junto a ele.

- O que queres dizer com "arrumar os quartos"? – foram subindo as escadas, deixando Ariel com um sorriso no sofá.

- Ué, vamos dormir juntos agora, anjo.

Aziraphale não disse mais nada. Só sorriu e foi até o quarto de Crowley com o mesmo. Se sentou na poltrona preta e viu o demônio estalando os dedos. A cada estalada, algo mudava no quarto. A cama, que antes era totalmente preta, ficou dourada e branca, com sutis detalhes em preto. As paredes ficaram brancas. Prateleiras apareceram com alguns dos livros que Azi tinha em seu (antigo) quarto.

Pouco a pouco, tudo foi ficando com a personalidade dos dois.

Aziraphale só especulava sobre como tudo seria a partir daquele momento. Esperava momentos perfeitos e felizes.

- Meu anjo, você gostou? – Crowley perguntou d outro lado do quarto, olhando para o anjo com um sorriso satisfeito.

O loiro, que estava meio perdido em seus pensamentos e em suas especulações, olhou para o quarto todo. Nem tinha percebido que o ruivo já havia terminado tudo.

- Está lindo, querido – e olhou para o parceiro com um sorriso que alcançava seus olhos.

Crowley só alargou mais o sorriso e se aproximou de Aziraphale. Com uma mão, ele se apoiou no encosto da poltrona e com a outra, apoiou o queixo do anjinho que já estava corado com a proximidade. Deram um selinho demorado e apaixonado.

Separaram-se rapidamente ao ouvir Ariel gritando. Crowley correu até o andar de baixo e viu Hastur.

- Me responde logo! Quem é você e por que você fede tanto? – Ariel disse, logo correndo até seu pai assim que o viu.

- Sou Hastur. Cria do mestre, sei que meu cheiro não é agradável, desculpe-me – disse Hastur fazendo a quarta reverência para Ariel.

- Ta legal. O que você está fazendo aqui, Hastur? E por que ta sendo tão gentil com Ariel? – Crowley questionou enquanto passava o braço pelo ombro do serzinho que se encontrava agarrado na sua cintura.

Aziraphale, que estava descendo a escada, parou assim que sentiu uma aura demoníaca diferente. Não era a de seu amado e nem era a de Ariel. O anjo só conseguia ouvir a conversa.

- Vim aqui para dar um aviso – disse Hastur; o qual ainda era desconhecido para Azi.

- E para dar desgosto para os meus olhos de ver essa sua feiura, 'né? – Crowley rebateu e o loiro conseguiu ouvir a risada baixa da sua criança.

- Enfim, Lorde Beelzebub me mandou avisar que em quatro anos, o mestre virá para buscar sua cria. Tenha um bom dia, cria do mestre – e lá se foi mais uma reverência de Hastur para Ariel – E um péssimo século para você, Crowley – disse olhando para o ruivo com desgosto, antes de sumir em uma bolha verde.

- Eu acho que esse cara ta tentando ganhar uns pontos com o pessoal de lá de baixo – o ser falou, soltando seu pai e olhando-o.

- É, acho que sim – o demônio mais velho deu risada, levando Ariel junto no riso.

Aziraphale terminou de descer a escada quando não sentiu mais a aura diferenciada.

Teve a visão do seu ruivo preferido sentado no sofá, mexendo nos cachinhos da sua criança que estava sentada no chão, quase caindo no sono.

- Quem estava aqui? – perguntou depois de aproveitar bastante a visão fofa; que deu uma leve aliviada na dor em seu peito.

- Ah. Oi, meu anjo – Crow se levantou do sofá, recebendo um resmungo de Ariel, indo até o anjo e lhe dando um selinho rápido, acompanhado de um sorriso – Era só o Hastur.

- Um cara chato, pai – o serzinho disse com a voz arrastada, ainda no chão.

- É, ele é chato. Bem chato. Muito mesmo – o demônio concordou com a criança.

Crowley não demonstrou tanto, mas estava afetado com o aviso que Hastur lhes deu. Estava escondendo o incômodo para não preocupar Ariel; algo que funcionou. Mas Aziraphale estava completamente abalado e quebrado com o que havia ouvido, e provavelmente não seria tão fácil esconder aquele sentimento que estava rasgando seu coração de pai babão.

- Anjo? - o ruivo já estava preocupado, pois o loiro não havia falado mais nada e estava com o olhar perdido.

- Vamos perder Ariel? – o anjo, finalmente, falou já com lágrimas escorrendo copiosamente de seus olhos.

100 Bad DaysWhere stories live. Discover now