Capítulo II

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Azi e o serzinho ficaram conversando animadamente sobre todos os nomes legais que existiam e até tentaram criar alguns. Crowley que, por enquanto, só observava, resolveu interromper por puro ciúme.

- Anjo, aqui. A sua água. – entregou o copo para Azi e foi se sentar em sua cadeira para pensar um pouco. "É, acho que é verdade mesmo. Terei de cuidar da cria de Lúcifer. Mas posso tentar pensar pelo lado bom...NÃO TEM LADO BOM", pensou com as pupilas afinando.

- Crowley, faça-me um favor, querido? Diga um nome que combine com essa fofurinha – Azi disse já todo apaixonado pela criaturinha enquanto apertava levemente as bochechas da mesma.

- Ah, não sei, Aziraphale – respondeu ainda sem olhá-los.

- Por favor, Crowley. Só um nome!

- Sei lá anjo. Coloca Uriel – finalmente olhou para trás e observou os olhos de oceano do anjo.

- Ah, Uriel não. Me lembra de algo que eu não... Hm... Gosto muito.

- Então eu não sei Aziraphale – Crowley se levantou e andou até eles.

O ser apenas observava calmamente toda a situação.

- Vamos pensar no caminho – o demônio mais velho estendeu a mão para que o anjo a segurasse.

- Caminho? Como assim "caminho"? – Azi, mesmo confuso, segurou na mão de Crowley e se levantou ficando ao seu lado.

Pois, esse era o "poder" de Crowley sob Aziraphale. O demônio tinha a total confiança do anjo.

- Caminho para o parque – disse encarando o serzinho que também havia levantado.

- Venha – Aziraphale soltou a mão de Crowley indo até a criança e pegando sua mãozinha.

Crowley foi indo na frente para pegar o seu carro e Azi foi atrás, guiando a criança e conversando mais um pouco sobre nomes. Todos adentraram o carro, Crowley se lembrou de que ainda não havia estabelecido as regras da casa (e do carro).

- Tá legal – começou – Primeira regra que você precisa saber é que, aqui nesse carro, só toca Queen, sacou? – ligou o rádio e olhou para o banco de trás, onde se encontrava um pequeno serzinho olhando admiradamente para todos os cantos do carro enquanto sorria.

Naquele momento, observando aquela criança enquanto a mesma admirava seu carro (perfeitamente conservado ) com um sorriso, Crowley sentiu um pedacinho do seu coração se derretendo e pensou que poderia pensar melhor sobre ter um lado bom naquela situação toda.

Quando Crowley começou a dirigir, o ser voltou a si.

- Claro! Eu adoro Queen. – disse como algo normal, porque realmente era algo normal.

Mas não para Crowley, que quando processou a frase, pisou fundo no freio.

- Crowley, está louco? Se eu morresse...digo, se eu acabasse eventualmente desencorporando por sua causa, você veria o que é bom para a tosse – disse o anjo colocando a mão no peito e suspirando.

O demônio mais velho, que continuava imóvel até então, olhou para trás rapidamente.

- Como assim? Você tem certeza de que estamos falando da mesma coisa? – Crowley estava pasmo, pois nunca havia visto ou escutado falar de uma criança de 5 anos que gosta de Queen.

- Eu acho que sim, querido – Azi disse depois de ter recuperado-se do susto.

O anjo olhou para o amigo e se surpreendeu, pois Crowley estava esboçando um sorriso admirado com o olhar perdido. Olhou para a criança e a mesma estava mais próxima da janela, observando um cachorrinho que caminhava ao lado de seus donos.

-Querido? – Aziraphale passou a mão levemente no ombro do demônio que olhou para o anjo, aumentando mais ainda o sorriso; ato que fez o anjo se arrepiar por inteiro.

Crowley se encostou no banco novamente e suspirou, fazendo seu sorriso sumir lentamente.

- Então, vamos.

" Eu não posso estar sorrindo só por causa de um criança, posso? Eu sou um demônio porra!... Ah, que se foda", Crowley matutou e martelou muito sobre estar feliz, no caminho para o parque.

Quando chegaram, logo viram o lago e os patos.

- Venha cá – Azi disse para a criança enquanto esticava os braços, na intenção de pegá-la no colo.

Mas o serzinho não estava acostumado com muito afeto, só o básico. Em consequência, acabou estranhando o ato do anjo e ficou com medo.

- Você vai me machucar? – disse encolhendo os ombros levemente.

- O que? Te machucar? – perguntou vendo a criança assentir – Não! Eu nunca lhe machucaria – se aproximou mais um pouco e passou a mão em seus cachos.

Crowley, que estava andando em direção ao lago desde que saiu do carro, se virou e notou que os outros dois não estavam o seguindo.

- OW – gritou por estar longe, mas logo começou a andar rapidamente para se aproximar – Achei que estavam atrás de mim!

- Desculpe querido - Azi pegou a criança no colo, esta que se agarrou em seu pescoço – Vamos? – e deu um sorriso iluminado fazendo o demônio sorrir levemente.

Eles foram até o lago, caminharam bastante e resolveram, por fim, se sentar no banco que sempre estava milagrosamente livre.

- Pronto pequenine – Azi colocou o ser no banco e se sentou; Crowley fez o mesmo.

- Podemos pensar melhor em um nome agora – Crowley soltou, surpreendendo o anjo.

Na verdade, surpreendeu até ele próprio. O que o fez pensar que realmente, aquela criaturinha, estava roubando seu coração.

- Que tal Raziel? – Azi sugeriu.

- Nome de anjo? Melhor não – Crow discordou – Que tal Damien? – encarou o serzinho que brincava com uma florzinha.

- Ah não, Crowley – o demônio encarou o anjo – Sabe... Eu estive pensando na sua sugestão.

- Qual delas? Eu sempre te sugeri muitas coisas, anjo – deu um sorriso malicioso.

"QUE ISSO CROWLEY? VAI COMEÇAR A MANDAR INDIRETAS AGORA? PODE PARAR! DAQUI A POUCO VAI COLOCAR UM CARTAZ ENORME NA FRENTE DA LIVRARIA FALANDO QUE AMA ELE! PORRA", pensou o demônio.

"AI MEU PAI, ME CONGELA QUE EU TO DERRETENDO! Será que ele gosta de mim assim como gosto dele? Ah não, acho que não. Talvez ele me veja somente como amigo. Ai eterna eternidade", pensou o anjo.

- E se for Ariel? – a criança, que não havia dito nada até então, sugeriu enquanto não tirava os olhos da pequena florzinha em suas mãos.

- O que? – anjo e demônio perguntaram em uníssono.

- Ariel – repetiu, se levantando do banco em um pulinho, parando em frente ao banco e encarando os dois – Eu gosto de Ariel.

- Realmente, é um nome gracioso – o anjo estava feliz.

- É, é legal esse nome – disse Crowley, sorrindo.

- YES – a criança, agora Ariel, deu um pulinho animado – Posso procurar outra florzinha? – perguntou variando o olhar pelos mais velhos.

- Claro que pode – Azi se curvou levemente em direção a criança – Ariel – e sorriu.

100 Bad DaysWhere stories live. Discover now