Capítulo V

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Ariel havia dormido no colo de Aziraphale enquanto o mesmo cantava algumas músicas.

Depois de uma hora, Crowley voltou para casa com sorvetes, doces e vinhos. Encontrou Azi cochilando sentado no sofá com Ariel encostade em seu colo e guardou essa cena em sua memória como a cena mais fofa de seus 6.000 anos.

- Anjo? – o demônio de aproximou da mesa da cozinha, deixando as sacolas e indo até o anjo adormecido – Acorda Aziraphale. Você vai ficar com dor no pescoço se continuar assim – disse perto da orelha do anjo enquanto acariciava seus cabelos loiros.

Crowley deu um sorriso satisfeito quando notou que Azi havia se arrepiado, mesmo dormindo.

- Azi? – balançou o anjo levemente para ver se agora ele acordava.

- Oi? - Aziraphale se levantou rapidamente, fazendo Ariel rolar para o chão, porém, o anjo nem percebeu - Ah, olá! Crowley, querido, onde você estava até essa hora? Fiquei preocupado sabia?

Crowley já ia responder quando Ariel resmungou e levantou do chão em um pulo.

- Eita, mas que zuera é essa? – a criança perguntou colocando as mãos na cintura.

- Oh meu senhor, Ariel você está bem? – Azi disse indo até a criança e checando para ver se tinha algum machucado enquanto Crowley dava risadas altas, fazendo Ari rir também – Eu nem me lembrei que estavas em meu colo. Desculpe-me – o anjo se endireitou quando viu que estava tudo bem com a criança e tentou segurar a risada, mas não conseguiu.

- Ei, espera! Eu conheço esse cheiro – Ariel ergueu o indicador e começou a andar em algumas direções, parando na frente das sacolas que estavam em cima da mesa – AAAA, MEUS DOCES FAVORITOS! E SORVETE! AAAAAAAAAAAAAAA – pegou os doces de dentro das sacolas e começou a rodopiar incessantemente pela sala, dando risada, com os pacotes nas mãos.

- Tome cuidado, Ariel – o anjo sorria, pois a alegria do serzinho era tão contagiante.

- Deixe nossa criança, Aziraphale. Se Ariel está feliz e sem preocupações, nós também estamos, não é mesmo? – Crowley diz sorrindo de orelha a orelha, surpreendendo o anjo.

Aziraphale nunca achou que poderia se apaixonar ainda mais por Crowley. Mas no momento que viu o ruivo sendo o maior papai babão por Ariel, teve certeza de que, agora sim, havia chegado no limite. Quase que agradeceu ao todo-poderoso por sua nova família.

- Imagina se o pessoal de lá de baixo soubesse que estás dizendo essas coisas. Eles me jogariam no fogo – Azi deu um riso nasalado e se sentou novamente no sofá, observando Ariel brincando e conversando com seu urso, já que havia feito um milagre para o bicho de pelúcia em formato de tubarão-baleia aparecer.

- E então? – O demônio se sentou ao lado do anjo, tirando os óculos e encarando-o.

- O que?

- Conseguiu? – Crowley se aproximou um pouco.

- "Consegui" o que, Crowley? – o anjo estava ficando mais confuso.

- Por Satã, Aziraphale – Disse batendo a mão na testa - Conseguiu descobrir o motivo de Ariel estar chorando quando chegamos aqui?

- Ora Crowley. Não, não descobri. – o anjo desviou o olhar rapidamente da criança para olhar Crowley.

- Não descobriu nem se foi alguém que fez aquilo?

- Bom... Isso eu descobri, sim – Azi se ajeitou no sofá.

- Agora chegamos a algum lugar – Crowley se aproximou mais de Aziraphale – Me conta que eu mato.

- Tecnicamente, você não poderá matar esse alguém – o anjo, finalmente deu toda a sua atenção para o demônio.

- E Por que não? – Os pensamentos de Crow estavam chegando ao Gabriel.

- E que... Assim... – Aziraphale apontou levemente para o teto.

- Não me diga que foi ele! – aumentou levemente o tom de voz.

- Já que não quer que eu diga, eu não digo. Mas que foi ele, foi. – Azi deu de ombros sem perceber que tinha acabado de acionar uma bomba muito perigosa.

- AH MAS EU VOU DEPENAR AQUELE FILHO DA – o anjo olhou rapidamente para o demônio que iria gritar um palavrão bem na frente da criança, com os olhos arregalados – FILHO DE UM PATO CARA DE CAVALO! – Crowley se levantou rapidamente do sofá, com o estresse estampado em seu rosto e ficou andando de um lado para o outro com as duas mãos na testa.

- Acalme-se querido – Aziraphale disse, se arrependendo rapidamente, pois Crowley tinha o direito de ficar bravo.

- Aziraphale, eu vou me vingar. Você sabe disso, não é? – O demônio disse, parando de andar e indo até o anjo, se inclinando na direção do mesmo e apoiando as mãos no encosto do sofá; uma de cada lado do anjo, fazendo-o recuar um pouco e corar pela distância que separava os dois.

Crowley encarava Aziraphale com raiva. Mas o sentimento se dissipou rapidamente ao focar nos olhos de oceano do outro.

O misto de sentimentos, sempre presente na cabeça do demônio, sumiu e deu espaço para o sentimento que conseguia ocupar todo o espaço na mente de qualquer um.

                                                                                        O amor. 

100 Bad DaysWhere stories live. Discover now