Capítulo III

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Os três ficaram no parque mais um pouquinho e resolveram ir para a livraria de Aziraphale.

O caminho até lá foi silencioso, mas quando Crowley "estacionou" o Bentley, começou a tocar Good Old-Fashioned Lover Boy no rádio e os dois demônios começaram a cantar igual dois retardados, ás vezes, dando risada da cara que o anjo fazia de entediado por não saber a letra da música. Assim que a música acabou, Azi rapidamente desligou o rádio antes que começasse outra.

- Vamos? - o anjo perguntou olhando para Crowley, vendo-o somente assentir com um sorriso de lado e sair do carro.

Azi saiu também, abriu a porta de trás e pegou Ariel no colo.

- To vendo que vocês vão me mimar - Ariel disse sorrindo - Até que gostei.

Entraram na livraria e Crowley foi diretamente para a adega, começando a analisar os vinhos detalhadamente. Já Aziraphale, este apenas se apaixonava mais ainda pela criança, que no momento, expressava toda sua e admiração pelas estantes lotadas de livros perfeitamente organizados.

- Ariel, você gosta de ler? - perguntou o anjo enquanto colocava a criança no chão.

- Sim... Na verdade, eu gosto de passar os olhos por todas aquelas palavras e imaginar como seria legal se eu soubesse ler - Ari disse fechando os olhos e mergulhando em sua imaginação.

- Eu ficaria honrado de lhe ensinar - Azi se empolgou e pegou a mãozinha de Ariel (que estava muito feliz), encaminhando a criança em direção as estantes.

[5 ANOS DEPOIS]

Ariel sai do meio das estantes com um livro fino em mãos e vai em direção a cozinha, encontrando Crowley fazendo crepes e Aziraphale sentado na mesa, somente esperando.

- Bom dia, pai - foi até Azi e deu-lhe um beijo na bochecha, ato que fez o anjo sorrir de orelha a orelha.

Ari deixou o livro em cima da mesa e foi até Crowley.

- Bom dia, pai - disse abraçando-o, pois nem se quisesse, conseguiria alcançar a bochecha do demônio mais velho.

- Bom dia, Ariel - Crow sorriu sem tirar os olhos da panela - Vai querer crepes?

- Claro - sorriu e foi se sentar ao lado do anjo, este que havia pego o livro de Ari para analisar o que a criança estava lendo.

- Gosto desse autor - Azi olhou para Ariel e passou a mão levemente por seus cabelos.

- Ele é incrível, não é? Eu amo os livros dele. Sempre me levam para o fundo da minha imaginação e expandem os meus conhecimentos - Ari disse gesticulando animadamente com as mãos.

- Olhe, Crowley. Nossa criança tem um vocabulário tão lindo - o anjo estava claramente orgulhoso.

Crowley pegou pratos e colocou as crepes, servindo Ariel e Azi.

- Sim, isso ajuda nas tentações. É mais fácil de convencer as pessoas a fazer coisas erradas quando se fala tão bem, 'né? - o demônio disse alternando o olhar pelos dois seres ali presentes e segurando a risada.

Azi fez uma expressão repreendedora, mas não conseguiu manter a pose de sério, pois os outros dois demônios estavam rindo.

- O que faremos hoje? - Ari perguntou quando parou de rir.

- Crowley e eu veremos a casa hoje. Você ficará sozinhe por um tempinho - Aziraphale explicou e começou a comer.

- Ebaaaa - Ari comemorou levantando os braços, mas sem querer acabou batendo a mão no garfo, que voou na direção de Crow e que por um bom reflexo, conseguiu desviar.

- Se acalme, Ariel - Crowley riu - E tente não enfiar um garfo na minha cara.

- Foi mal aí - Ari riu também.

Aziraphale, que até o momento estava prestando atenção somente nas crepes, desviou o olhar do prato e olhou para os dois demônios.

- O que? O que houve? - perguntou confuso, fazendo-os rir mais, ato que só confundiu mais a cabeça do anjo que resolveu ignorar - Crowley, querido, não vai comer? - Olhou para o demônio mais velho que estava em pé encostado na pia.

- Não, não preciso - o demônio parou de rir, mas continuou sorrindo pela preocupação do anjo.

- Então eu também não preciso? - Ari perguntou parando de comer.

- Claro que precisa! - Aziraphale exclamou pegando os talheres de Ari e cortando mais um pedaço da crepe - Coma para crescer bastante.

- Ai pai, todo mundo sabe que isso não é verdade - Ari revirou os olhos, mas continuou a comer, pois as crepes estavam realmente boas.

[...]

Já eram duas da tarde. Crowley e Aziraphale estavam pegando seus casacos para sair da livraria enquanto Ariel lia algum livro, deitade no sofá.

- Ariel - Azi chamou.

- Sim? - a criança se levantou, marcou a página do livro, deixou-o no sofá e foi em direção aos mais velhos.

- Voltaremos em uma hora, tudo bem? - Azi se abaixou levemente para dar um beijo na testa de Ariel.

- Claro! Sem problemas - disse sorrindo.

- Ok. Você se lembra do que deve fazer? - o anjo sabia que sim, mas só queria sair sem preocupações.

- Me recordo claramente - Ari sorriu - Devo tratar os clientes da pior forma possível para que não voltem, não posso mexer no fogão, não posso usar milagres e não devo trocar os livros de lugar - disse orgulhosamente por se lembrar de tudo.

- Não acho que precise de tudo isso, Aziraphale. Uns milagres pequenininhos não fazem mal pra ninguém - Crowley disse colocando os óculos escuros.

- É só quando não estamos por perto, Crowley - Azi disse e lançou um olhar para o demônio como se dissesse "cala a boca e vai pegar o carro".

- Ta bom, to indo lá - o demônio foi em direção a porta - Até mais tarde, Ariel. Lembre-se de ser o pior demônio de todo o universo com os clientes - deu um sorrisinho de lado e saiu.

Aziraphale foi até a porta e abriu-a, mas antes de sair, olhou para a criança que sorria levemente.

- Fique bem, pequeno serzinho - e saiu.

Ariel sorriu um pouco mais e foi até o sofá, pegando o livro e indo até o segundo andar para guardá-lo.

Enquanto procurava outro livro para ler, pensava no quanto as coisas tinham mudado. Aziraphale só ficava mais doce cada dia e (claramente) se apaixonava mais por Crowley; sendo (também claramente) correspondido. Ariel deixou uma pequena risada escapar quando se lembrou das vezes que via os olhares bem descarados que davam um para o outro e das indiretas totalmente diretas que ouvia um fazendo para o outro.

Saiu de seus devaneios quando ouviu porta ser aberta. Logo começou a sentir algo no ar e em si. Sentia... Medo (?).

- Aziraphale? Está ai? - a pessoa gritou.

Ariel identificou de quem era a voz, gelou da cabeça aos pés e sussurrou enquanto fechava os olhos esperando o ser desaparecer:

- Gabriel...

100 Bad DaysWhere stories live. Discover now