Planos || Gabigol

meu bem.

"Meu bem, sei que sente essa força também
Mas tem muita coisa pra mudar
Me ensina a te querer, tão bem..."

Lua 🌊

Respirei fundo, pegando impulso, jogando o corpo pra frente e apoiando todo meu peso nos meus braços, me equilibrando.

Conforme meu tronco descia, minhas pernas subiam, até meu queixo encostar no tapete. Aos poucos, fui abaixando meus pés, até eles encostarem na minha cabeça, formando um arco com meu corpo.

- Ca ra lho. - Ouvi uma voz feminina, voltando pra posição inicial e vendo uma mulher na porta, com as mãos na cintura. - Eu tô passada. Como você fez isso?

- Olha, muita pratica. Comecei só pra relaxar de manhã, depois fui gostando e comecei a me aventurar nessas posições. - Ri, cruzando as pernas e bebendo água.

- Muitos anos?

- Alguns.

- Droga. - Gargalhei.

- Mas com muito treino rola, não é impossível não.

- Eu fiquei chocada. Tão chocada que atrapalhei, né? Desculpa.

- Magina, quer me acompanhar? Acabei de chegar.

- Gata, a única posição que eu sei fazer é a de encostar a ponta dos dedos no chão e olhe lá. - Rimos. - Inclusive, você dá aula? Diz que sim, diz que sim. Minha professora terminou comigo. No caso, foi morar em outra cidade. - Ri.

- Até três semanas atrás eu dava, mas quando me mudei tive que parar. Mas, posso dar um jeitinho. - Peguei o celular, abrindo minha agenda. Sigo dizendo, pra mulher que é mãe e correria, todo dinheiro extra é bem vindo. - Menina, tô com menos tempo do que achava, mas tenho as terças livres, consegue? - Fiz uma caretinha, jurando que não ia rolar, plena tarde de dia de semana.

- Tá ótimo! - Sorri.

- Me passa seu contato? Aí te mando meu material explicando um pouco das aulas, o orçamento e tu vê se faz sentido pra você.

- Claro! - Se aproximou, sentando na minha frente. - Me chamo Dhiovanna. - Disse, assim que passou o número. - Ah, outra coisa, não moro aqui, mas moro há algumas quadras. Tem algum problema?

- Magina, tranquilo. Meu nome é Lua, é um prazer. - Soltei depois de salvar, sorrindo e apertando a mão dela.

- Gostosa, flexível e com o nome bonito. Deus tem seus favoritos mesmo. - Gargalhei. - O prazer é meu. Cara, eu cheguei, te atrapalhei e não contente, ainda te aluguei. Péssima! Desculpa.

- Não, fica em paz. Foi bom que me alertou porque ia continuar aqui por horas e acabei de ver que tô atrasada.

- Aí, menos mal, já achei que tivesse estragado toda tua vibe.

- Não, relaxa, me salvou, que perco a vida aqui. Te chamo ainda hoje, tá?

- Beleza. Foi um prazer, Lua. Nos falamos.

- O prazer foi meu, bom treino.

- Vou precisar, tô numa preguiça. - Gargalhei.

- Foca que de sexta vale o dobro.

- Aí, tomara. - Fez cara de choro e eu ri, mandando beijo e saindo apressada.

Atrasada pra tudo, realmente perdia a noção da hora quando fazia yoga.

Me virei literalmente nos trinta pra arrumar minha mochila, a do Davi e buscar o bonito.

Tinha combinado com meus pais de levar ele pelo menos dois finais de semana por mês, mas como tava com saudade, nesse primeiro também ia ficar.