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- Essa psicóloga é muito boa, Chay - Vegas dizia no carro enquanto dirigia até a clínica, claramente tentando acalmar o mais novo - Ela foi aluna de intercâmbio na minha época de faculdade e eu sei que ela vai te atender bem.

- Okay, Phi - Foi tudo o que conseguiu responder, segurando na mão de Macau.

Todos tinham lhe apoiado e ficado felizes quando ele finalmente disse que iria ver um psicólogo, mas nenhum deles (além de Vegas) sabia o que tinha lhe convencido a fazer aquilo. No final da tarde que passou com Chay aquele dia, Kim conversou com ele sobre o assunto.

- Por que você tem tanto medo de ir fazer uma consulta? - Disse em um momento, brincando com os cabelos de Chay enquanto o mais novo tinha a cabeça deitada em seu colo e o corpo estirado no sofá - Tipo, o que custa dar uma chance?

- Minha mãe teve alguns problemas com a saúde mental depois que meu pai morreu em um acidente no trabalho - Odiava falar sobre aquilo, mas não se sentia mal em contar a Kim - Eu ainda era novo, tinha uns 11 anos, mas dava pra entender que ela não era mais feliz. Ela finalmente aceitou ir procurar ajuda de um psicólogo depois de muita insistência do Che e do meu tio, mas só foi pior, e ela se suicidou alguns meses depois. Só vim descobrir mais tarde que o psicólogo abusava dela, e ele foi preso por isso, mas tenho muito medo de encontrar um profissional ruim também.

- Caralho, eu também ficaria com medo se essa fosse minha referência. Sinto muito por isso, Chay.

- Tudo bem, hoje em dia dói menos.

- Mas tudo isso que você falou, sabe que é só mais um motivo pra você procurar um profissional, não é? - Kim parecia ponderar as palavras - Entendo o medo, é impossível não ter, mas e se você procurar alguém que você tenha certeza que pode confiar?

- Você quer ser meu psicólogo então? - Chay brincou, tentando aliviar o assunto.

- Infelizmente não posso - O outro suspirou, sorrindo - Psicólogos não podem ter relacionamentos próximos com seus pacientes, seria antiético ficar assim pertinho de você como eu tô agora.

- Ah, então não quero mesmo ser seu paciente.

- Você ainda pode desabafar comigo, mas não posso te ajudar como um profissional ajudaria. E se eu te ajudar a pesquisar alguém que possa te atender e a gente provar que é seguro, você iria?

Porchay pensou por um momento, olhando desconfiado para Kim.

- Você vai mesmo me ajudar a procurar?

- Vou, claro.

- E vai confirmar que é alguém confiável?

- Chay, eu acharia menos doloroso levar um tiro no peito do que te ver em um médico ruim, é óbvio que vou confirmar que a pessoa é confiável.

Foi impossível não confiar naquilo, e logo Kim falou com Vegas - o mais discreto da família - para procurarem juntos um bom psicólogo para o mais novo. Acabaram decidindo saber mais sobre uma colega antiga de Vegas, aluna de intercâmbio que trocou de curso e fez psicologia, e depois que Kim fez sua "pesquisa" sobre ela (ele se recusava a dizer o que exatamente seria essa pesquisa), confirmou a Chay que era seguro marcar uma consulta.

- Ei, anjo - Macau chamou sua atenção, e ele percebeu que o carro estava parado - A gente chegou, você tá bem?

- Tô sim - Piscou algumas vezes para voltar a realidade - Tudo okay.

Saíram juntos do carro, e ele lembrou de mandar mensagem para seu irmão avisando que já iria encontrar a psicóloga. Porsche tinha insistido em lhe acompanhar, mas Vegas lhe assegurou que poderia levar o mais novo junto com Macau. Assim que pegou o celular, Kim mandou mensagem, e foi como se aquilo iluminasse seu dia, lhe deixando mais calmo e lhe fazendo esquecer de todo o resto.

Say Yes To Heaven - KimChayOnde as histórias ganham vida. Descobre agora