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Naquela noite, pela primeira vez, Kim apareceu nos sonhos de Porchay.

Estavam no mesmo forte feito por Kim no quarto de hóspedes, uma música calma que Chay não reconhecia tocando de fundo, e completamente colados um no outro. Ele podia sentir o cheiro de Kim, tão real como quando estava acordado, seu toque cuidadoso e o calor de seu corpo, seu subconsciente já lembrava de tudo aquilo. Mas uma coisa era nova, e ele não tinha como saber qual era a sensação real, sua mente sendo bastante rápida para imaginar e preencher as lacunas.

Os lábios de Kim passeavam por sua pele, deixando rastros em seus ombros, seu pescoço e sua clavícula. Sentia a antecipação por ter a boca do outro tão perto da sua, se arrastando por sua bochecha, seu queixo, quase lá...

E acordou, ficando chateado quando percebeu que estava sonhando tudo aquilo. Virou para o lado no travesseiro e olhou a hora, duas da manhã. Macau dormia ao seu lado na cama, os travesseiros que Kim havia empilhado mais cedo já caídos no chão, provavelmente por Macau se mexer tanto dormindo. Suspirou e levantou devagar para guardar os travesseiros, tentando tirar aquele sonho da sua cabeça.

O fato de Kim estar deitado em um colchão ao lado da cama, com uma regata branca colada ao corpo e os cabelos esparramados no travesseiro enquanto a tela do celular iluminava seu rosto não ajudava nada a tirar ele da sua cabeça. Quando o mais velho percebeu que Chay acordara, largou o celular na hora, esfregando os olhos.

- O que aconteceu que você acordou a essa hora? - Perguntou baixo, mas o silêncio era tão grande que Porchay ouviu claramente, e Kim estendeu a mão para ele - Vem cá, tá muito frio pra você ficar fora da cama.

Não conseguia dizer não para Kim, e mesmo com vergonha ele foi sentar ao seu lado no colchão, ficando um pouco mais distante que o normal. Uma luminária fraca jogava luz no quarto, então ele conseguiu ver a cara confusa que Kim lhe direcionou.

- Por que tão longe?

- Prefiro não responder isso, mas não se preocupa.

- Tudo bem - Parecia um pouco triste, e Chay acabou chegando um pouco mais perto para conseguir passar a mão no cabelo do garoto, vendo ele relaxar com o toque - Não conseguiu dormir bem?

- Consegui, mas tive um sonho e acordei.

- Um pesadelo?

- Ah - Ficou feliz por saber que a pouca luz não deixaria Kim ver o quanto ele devia estar vermelho por lembrar do sonho que tinha sido tudo menos um pesadelo - Quase isso, eu acho. E você? Por que não tá dormindo ainda?

- Eu não consigo dormir direito na maioria das noites, então fico acordado até dar sono.

- Posso te fazer companhia até lá então? - Sorriu para ele, recebendo seu sorriso de covinhas como resposta.

- Sempre, girassol. Não precisa nem perguntar.

Chay não conseguia olhar para Kim sem ter flashes do sonho, prestando atenção em sua boca quando ele falava e pensando se aqueles lábios eram tão macios quanto ele imaginava. Sem ter consciência, chegou cada vez mais perto do outro, como se uma força magnética o puxasse, e logo ele estava deitado ao seu lado, ouvindo a voz sussurrada de Kim mais próxima do seu ouvido.

- Você ficou estranho depois que me viu fazendo aquele forte ali na cama - Falou do nada quando estavam em silêncio por algum tempo - Eu fiz algo que você não gostou?

- O quê? - Não percebeu que tinha ficado estranho com o outro, e se xingou mentalmente por isso - Você não fez nada, Kim, ao menos não fez nada ruim. É só coisa da minha cabeça.

- Quer falar sobre isso? - Kim virou o corpo para o garoto, apoiando a cabeça no braço e focando seu olhar no rosto de Chay - Sabe que eu tô aqui pra te ouvir, né?

Say Yes To Heaven - KimChayOnde as histórias ganham vida. Descobre agora