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Íris 

Ouvi um barulho na porta e me sentei na cama assustada. 
Olhei na direção da mesma e não tinha nada, mas continuei ouvindo alguns barulhos. 

Peguei meu celular e sai pulando até o banheiro. 
Entrei nos contatos e selecionei o número do Enrico, fiquei em dúvida se ligava ou não.

Não quero meter ele nisso de novo, melhor deixar pra lá. 
Me sentei no chão do banheiro com o celular na mão. 

Ouvi um barulho alto e passos. 
Comecei a chorar baixinho. 

Meu coração estava acelerado, minhas mãos soando, minha cabeça estava doendo muito. 

-: Abre essa porta se não vamos arrombar. - um homem gritou esmurrando - Abre essa porra! - bateu novamente 

Continuei imóvel no chão, chorando.
Ouvi um barulho e a porta se abriu, olhei assustada. 

Tinha três caras armados, um era aquele do acidente e os outros dois estavam encapuzados. 

Íris: Não, por favor...- implorei chorando - Me deixa em paz! - coloquei a minha cabeça entre os meus joelhos 

Senti uma dor no braço, olhei e um dos caras estava me segurando. 
Ele me puxou para cima, fazendo eu perder o equilíbrio e cair de joelhos. 

Íris: Eu já estou toda machucada, por favor. - olhei para o que estava sem capuz - Não faz isso comigo, por favor!

-: Levanta! - gritou - Sua puta, safada! - cuspiu na minha cara - Levanta! - pegou no meu braço e me puxou novamente com brutalidade 

Íris: Eu estou machucada. - segurei no ombro dele e o mesmo tirou a minha mão 

Ele foi me arrastando até a cama e me jogou na mesma. 

-: Tu é uma safada! - apontou o dedo na minha cara - Sabe das ordens da favela e fez mesmo assim, sua puta! - me deu um soco na barriga 

Me contorci deitada e gemi de dor. 

-: Tu vai morrer, maldita. - pegou no meu cabelo e sacou a arma - Além de ser puta safada é x9. -puxou mais o meu cabelo e eu coloquei a mão em cima da dele, tentando aliviar a dor - Tá correndo com polícia, vagabunda! - gritou e mais uma vez cuspiu na minha cara - Vai morrer igual peixe, pela boca! - colocou a arma na minha boca e forçou a mesma - Abre a boca, vagabunda- gritou 

Minhas lágrimas escorriam pelo rosto, na minha eu sentia um gosto amargo. 
Meu coração estava acelerado, minhas mãos soavam e minha cabeça continuava latejando de dor. 

Que situação que eu fui me enfiar! 

-: Perigo disse que é pra tu morrer pensando nele. - sorriu - e apertou o gatinho 

Me sentei na cama assustada, estava completamente soada e sem entender o que aconteceu. 

Isso foi um sonho? 

Foi muito real, que sensação horrível!
Passei a mão na testa, ainda aflita e com a respiração ofegante. 

Peguei meu celular e vi que era quatro da manhã. 

Isso não passou de um sonho.
Que dor no peito, uma queimação no estomago, dor na cabeça e no corpo. 

Desbloqueei meu celular, entrei nos contatos e desbloqueei o número do perigo. 
Disquei o número do mesmo, liguei privado e fiquei ouvindo chamar. 

Perigo: Alô? - respondeu com a voz rouca - Conseguiu J2? - fiquei em silencio- J2 porra, responde! - falou alto 

Íris: Não é o J2, Pierre. - falei segurando o choro - Por favor, não desliga. - deixei algumas lágrimas escorrerem 

Perigo: O que tu quer, vagabunda?- bufou 

Íris: Não me chama assim, Pierre. - segurei o choro, mas a minha voz saiu falhada - Eu não quero que seja assim, por favor. 

Perigo: Tu que escolheu isso pra você, Íris! - o tom de voz dele era de raiva - Tu tava comigo e com aquele comédia do Play Boy! 

Íris: Perigo, pelo amor de Deus! - gritei chorando - Eu não estava com nenhum dos dois...eu te falei que entre a gente não tinha mais nada, cara! - solucei de chorar - Eu estou te implorando, por favor, me deixa em paz. 

Perigo: O papo foi dado já, quero tu morta! - coloquei a mão no rosto chorando - Tu sabia dos riscos quando se envolveu comigo. 

Íris: Eu nunca quis....eu nunca quis essa vida, Perigo. - solucei - Tu sabe que eu entrei mesmo, por conta da minha irmã, pra salvar a vida dela. - respirei fundo tentando controlar o choro - Eu não queria me envolver com bandido nenhum, eu não queria esse vida e eu sempre deixei claro isso, cara. 

Perigo: Mas tu continuou se envolvendo comigo porque quis! - gritou 

Íris: Foi um erro meu, me envolvi de mais. - ele bufou - Eu gosto de tu, Perigo! - falei e ele ficou em silencio - Mas tu me faz muito mal quando tem os seus surtos...eu não posso ficar com alguém assim, porque eu sempre vou me machucar!

Ele continuou em silencio e eu fiquei chorando esperando alguma resposta.

Íris: Perigo, eu não posso mais ser machucada...eu não posso ficar vivendo pra sempre uma vida de sofrimento...me escuta e tenta me entender. - implorei - Eu acreditei na sua mudança, eu acreditei que a gente daria certo algum dia...mas tu quase me matou aí dentro e ainda foi no mesmo dia que eu descobri sobre a minha irmã. - ouvi a respiração dele - Sei que está me ouvindo ainda...- engoli o choro - Perigo, se tu tem algum sentimento por, nem que seja pouco, eu peço, por favor....estou te implorando, me deixa em paz...deixa eu viver a minha vida, pelo amor de Deus! - coloquei a mão na boca abafando o choro - Tenha um pouquinho de compaixão, por favor! 

Continuei com a mão na boca abafando o choro e ele ficou em silencio. 
Ficamos alguns minutos assim na ligação. 

Ele desligou sem dizer nada. 
Me deitei na cama, chorando muito. 


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