Capítulo I

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02 de outbro

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02 de outbro.

Parabéns pra mim!

Isso deveria ser uma frase feliz e animada...

Sempre odiei fazer aniversários, não suporto a ideia de envelhecer. Só em pensar que a morte está mais próxima, me causa calafrios, e a perda da minha juventude parece algo irreal. Eu estou completando 21 anos hoje, e sinto que não vivi quase nada da minha vida ainda. Sei que muitos diriam que ainda há tempo, que o meu medo é irracional - ou até mesmo fútil -, no entanto, envelhecer é algo que eu não quero, e acho que nunca vou querer.

Estava um dia quente, pude perceber ao abrir as cortinas do meu quarto e sentir o mormaço adentrar pelas janelas, o sol estava brilhando em vida naquela manhã, parecia mais animado do que eu com aquele dia, e talvez realmente estivesse. Fiquei de encontrar meus poucos amigos na cafeteria perto de casa, então não demorou para que eu estivesse saindo pela porta da frente e vendo o sol animado sorrindo pra mim. Apesar de insistir que não queria fazer nada para comemorar o dia, quando se trata de Isis e Theo, eu sempre perdia as batalhas... e as guerras também.

Na verdade eu agradecia por eles me pressionarem um pouco, se não fosse por eles, eu teria vivido bem menos do que eu já havia experimentado da vida. Sem eles eu seria ainda mais solitária, e triste.

Eu havia perdido meus pais muito cedo, e a única família que tinha me restado, era meu avô Lou, a paixão da minha vida. O senhor de sorriso fácil, baixinho e barrigudo, abdicou de tudo para poder me criar quando o filho e a nora se foram. Eu serei eternamente grata a ele por tudo o que fez, e ainda faz por mim. Meu avô era o único que realmente acreditava na minha arte, no meu talento, e além dos meus amigos, ele foi o único que me incentivou a entrar pra Universidade de Belas Artes em Yrovalle. A pequena cidade esquisita onde nasci e fui criada.

Caminhando até a cafeteria, deixei que o sol aquecesse um pouco minha pele pálida - pela falta de vitamina D - quando parei antes de atravessar uma rua. Senti minhas bochechas arderem com o calor, e foi reconfortante, quase como um beijo casto na testa que meu avô me dava sempre que me via.

Nem sempre eu me permitia ser completamente feliz, não sabia ao certo explicar bem o porquê disso, nem anos de terapia me deram a resposta. Mas era em simples momentos como esse que eu relaxava. Era ter a pele tocada delicadamente pelo sol que eu era feliz.

Assim que entrei na loja de café, avistei meus amigos sentados na mesa que já criamos o costume de nos sentar quando vamos à cafeteria. Era nosso lugar. Sorri largo ao vê-los conversando animados, rindo alto, sem se importar onde estavam. Essa cena sempre me fazia sorrir, desde que éramos pequenos. Era ver eles felizes que eu era feliz também.

— Ah, a aniversariante!! — Theo proferiu animado se levantando para me abraçar assim que percebeu que eu me aproximava.

Eu fiz uma careta, parecia extremamente doloroso o fato que eu estivesse aniversariando.

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