Capítulo XII

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Eu tinha dormido menos do que meia hora e já estava indo para faculdade como se nada de anormal tivesse acontecido comigo a apenas algumas horas passadas

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Eu tinha dormido menos do que meia hora e já estava indo para faculdade como se nada de anormal tivesse acontecido comigo a apenas algumas horas passadas. Perdi a noção do tempo tentando tirar aquela gosma preta do chão do meu quarto quando vi o dia amanhecendo novamente. Agora, o cômodo ainda fedia a morte, mas o cheiro estava subposto ao cloro, e desinfetante. Aquilo poderia ser sangue, mas era escuro demais, e Niko era um ser tecnicamente morto, como ainda poderia sangrar? E que tipo de coisa era aquela agarrada às costas dele? Eu tinha inúmeras perguntas, mas elas muito provavelmente não seriam respondidas nem tão cedo, então fiz o que estava ao meu alcance, o que eu sabia que poderia lidar naquele momento sem drama. Estudar era — ao menos ir para a faculdade, já que não era certo de eu conseguir prestar atenção em nada, mas ainda assim —, a coisa mais certa na minha vida ultimamente.

Estava quase chegando ao jardim da frente da universidade quando vi uma pessoa usando roupas pretas, capacete cobrindo sua cabeça, numa moto grande e que parecia bem cara. No primeiro momento achei que fosse Niko, a postura do desconhecido era muito parecida com a dele, mas a moto não era a mesma que Niko me levou para casa dias passados. Me concentrei em chegar ao prédio, sabia de certa forma que aquele não era quem eu queria que fosse, então apenas limpei o pensamento da possibilidade e segui meu caminho, mas não consegui cumpri-lo.

— Cadê meu irmão?

A pergunta me fez parar meus passos assim que eu passei pelo desconhecido. Eu reconheci a voz aguda e falha de Anair assim que a primeira palavra foi proferida, pois a frase parecia me abraçar com braços fortes e me tirar do chão — como no dia que ele me encontrou na adega. Aquela pergunta poderia me tornar milionária se eu soubesse a resposta, mas Niko sumiu por dias, e quando voltou, não deu a mínima de me explicar o que estava acontecendo e logo sumiu novamente. Isso me enfurecia.

Me virei e olhei para ele, Anair estava sem o capacete agora, revelando seu belo rosto, seu cabelo negro cumprido, e sua expressão de quem não estava ali para ser gentil. Ele tinha essa necessidade de respostas em seus olhos... bom, éramos dois.

— Como vou saber? — Retruquei sem paciência.

— Ele sumiu já faz dias, e a última pessoa com quem sabemos que ele esteve, foi você... na adega, lembra?! — Seu tom acusatório me incomodou, fazendo meu corpo retesar involuntariamente, principalmente pelas lembranças daquele dia. Mas como eu, uma reles humana sem poderes nem nada, poderia ter algo a ver com o sumiço de um vampiro? — Arya e eu estamos feito loucos procurando por ele, Niko não fica fora de área sem antes avisar. Sei que tem algo de errado.

Saber o real motivo de Arya ter sumido me aliviava em partes. Pelo menos agora eu sabia que a vampira não estava evitando Isis sem motivos, mas ainda assim algo me incomodava, pois ela estava a procura de Niko esses dias todos, Anair também, e muito provavelmente toda a família estava. Se Anair estava aqui, me procurando para saber do irmão, sinal que de que não sabia o que Niko realmente tinha passado na madrugada anterior, não sabia que a pouquíssimas horas antes de estarmos trocando acusações agora, ele apareceu na minha casa e eu tive que tirar um artefato torturador das costas do irmão. Não sabia que Niko vomitou um sangue podre e cheirava a morte. Uma morte triste, sofrida, e lenta. Será que eu deveria contar isso? Por que Niko ainda não havia contado que voltou e contou a família o que havia passado?

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