Capítulo III

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 No domingo eu acordei com o sol entrando pela minha janela, iluminando meu rosto, aquecendo minhas bochechas, incomodando meus olhos com seus raios calorosos

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No domingo eu acordei com o sol entrando pela minha janela, iluminando meu rosto, aquecendo minhas bochechas, incomodando meus olhos com seus raios calorosos. Não era cedo, ao olhar no relógio em cima da minha escrivaninha ao lado da minha cama, pude ver que já eram quase 13h da tarde.

Minha cabeça doía, minha garganta estava seca, ardia até para engolir minha própria saliva, me incomodou, e o gosto ruim em minha boca me fez contorcer meu rosto em uma careta de desgosto. A luz do sol me incomodava por conta da dor que sentia, e ao me levantar, me sentar, para ir fechar as cortinas, meu quarto se contorceu, e tudo pareceu girar, embrulhando meu estômago. Eu havia ingerido mais álcool do que eu estava acostumada na noite anterior, mas não achei que fosse me fazer tão mal no dia seguinte.

Fiquei sentada até que a sensação se dissipou, e então ouvi batidas leves em minha porta, mas em meus ouvidos, parecia que estavam esmurrando a madeira com toda a força que tinham.

— Mavie?? — A voz do meu avô soando para dentro do quarto quando ele abriu a porta devagar, me fez querer tapar os ouvidos de tão alta que parecia. — Mavie, está tudo bem?

— Sim... — Eu queria dizer algo mais, não queria deixá-lo preocupado, mas tinha medo de que se abrisse muito mais meus lábios, eu vomitaria bem ali, sujando todo o tapete à minha frente.

— Tem certeza? — Ele retrucou, e eu só balancei a cabeça em afirmação. Meu avô me criou como sua própria filha, ele dizia me conhecer melhor do que eu mesma, e não iria se contentar apenas com um balançar de cabeça. — Mavie.

A forma como proferiu meu nome era um aviso, e eu sabia que ele não iria sair daquele quarto sem que eu o respondesse corretamente. Mas o que eu diria? Que depois de anos, finalmente comemorei meu aniversário, fui drogada, estava cheia de tesão, testemunhei um assassinato e quase fui morta?

Céus!! Eu testemunhei um assassinato, ou foi uma alucinação?

Só em me lembrar da cena minha cabeça doía ainda mais, como uma fisgada aguda bem no meio dos meus olhos. Pior, eu havia sentido tesão em toda a situação com o assassino da pobre mulher falecida. O que será que tinha naquela bebida horrorosa verde da Infernum, capaz de me deixar desse jeito?

Ao levantar o olhar para meu avô Lou, percebi que ele ainda esperava por alguma resposta minha, então menti.

— Ah Lou, sabe que não gosto do dia que foi ontem, e Isis e Theo me arrastaram para um boate lotada — ok, isso era verdade. — Eu fui ao banheiro e acabei me perdendo deles, e vim embora irritada. Só isso.

Aí estava a mentira. Eu não tinha me perdido, estava apavorada, sozinha no beco escuro, sem ter noção do que era realidade ou não. Eu podia jurar que vi o corpo de uma mulher ensanguentado naquela rua estreita, mas como num piscar de olhos, ela não estava mais lá, sequer seu sangue pintava o chão de pedra de vermelho. E ainda havia aquele homem que me desconcertou, me causou sensações que eu jamais senti na vida apenas ao me tocar de leve no rosto, e com sua voz calma e seus olhos penetrantes.

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