IV

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Provas. Acho que algo em comum entre os estudantes é que todos eles odeiam provas. Aquilo definitivamente fora criado não como uma maneira de avaliar o conhecimento dos alunos, mas sim como uma forma cruel de castigo.

Estavam quase no fim do intervalo, após a última prova do período avaliativo.

– Não acredito que finalmente acabamos isso. – Niki comemorou.

– Eu também não. – Jake disse mastigando alguma coisa que havia trazido na mochila para se acalmar.

– Mal posso esperar para chegar em casa e dormir por todas as madrugadas que passei em claro estudando. – o mais novo se espreguiçou.

– E eu de perder todas as calorias que ganhei comendo tanto doce por quase uma semana e meia. – passou a mão na barriga.

– Você deveria ir em algum treino nosso, 'pra jogar também. – Riki sugeriu. – Não é só o pessoal do time que joga, a gente chama um monte de gente.

– Não, obrigado.

– Espero que não seja por causa de uma única pessoa. – arqueou a sobrancelha. – Você precisa parar com essa birra, ele é legal.

– Você birrou com a cara da tia da cantina das terças e eu nunca reclamei.

– Ela coloca menos comida no meu prato! Toda vez! – argumentou.

– Deixa ele, Niki. Não podemos forçar alguém a gostar do que a gente gosta. – Sunoo segurou seu ombro.

– Sunoo tem razão. – mostrou a língua e Niki devolveu.

– Vocês são completamente infantis. – riu. – Nós temos o evento amanhã, não é? É sério que não deram um nome 'pra isso?

– Será que nossa maquete foi escolhida?

– Veremos na aula de hoje. – Jake olhou o relógio em seu pulso. – Inclusive, é melhor voltarmos para a sala, ela sempre chega assim que o sinal toca e nós só temos mais três minutos. – se levantou.

Chegaram na sala junto com a professora, então logo foram para os seus lugares.

– Eu já escolhi os trabalhos que vão ser apresentados. – começou, se encostando na mesa – Mas foi muito difícil. Nessas horas é muito difícil dar aula em uma sala repleta de gente talentosa. – falou descontraída.

Entre as três, uma delas era a que Jake fez com Sunoo e Riki. As outras duas pertenciam a grupos formados por meninas.

– Eu ainda acho que elas fizeram essas maquetes juntas. – Niki começou, sussurrando.

– Verdade, está extremamente parecido. – Sunoo concordava.

– Parem de julgar. – Jake riu.

– O que será que os outros cursos vão exibir?

– Não faço ideia. Espero não ver outro bicho dissecado.

– E nem um mural relembrando todas as regras antigas e novas da escola. – o japonês franziu o nariz.

– E que tal cedermos fotos suas dormindo para a exposição de artes? – o Shim provocou.

– Não! Espera, vocês têm fotos minhas dormindo? – arregalou os olhos.

-–Eu tenho. – Jake sorriu travesso e sacou o celular, mostrando ao moreno uma foto sua dormindo durante a aula com a boca aberta.

– Eu fico assim dormindo? – sua mão foi parar no peito.

Os outros dois começaram a rir tanto, que a professora reparou.

– Ei, vocês três aí! Me contem a piada, eu quero rir também. – cruzou os braços.

– Melhor não, professora. – Niki disparou.

– Lhe desejamos uma ótima noite de sono. – Sunoo disse ainda rindo.

– Vocês são amigos horríveis.

– Eu vou fazer uma mensagem de bom dia com essa foto! – Sunoo teve a ideia.

– Boa!

– Horrível! – Niki apontou na cara do Kim. – Se você fizer isso, eu não te pago mais sorvete quando a gente sair do campus. – se referia às vezes que comprava sorvete para o Kim em tardes muito quentes.

– Jogou na cara. – Jake colocou a mão na boca.

– Niki, não faça isso! – Sunoo agarrou o braço alheio.

– Não me dirija a palavra.

– Nikinho...

– Não fala comigo não.

E na saída, tudo foi esquecido.

– Tá calor hoje. – se abanou. A essa altura o australiano já havia se separado deles para seguir o próprio caminho de casa.

– Aham. – parou em um banco, debaixo de uma sombra, e avistou o senhorzinho do sorvete.

O Nishimura correu até lá e demorou um pouco para voltar. Quando o fez, entregou uma casquinha de sorvete de baunilha para Sunoo.

– Obrigado. – sorriu e mordeu a ponta do sorvete.

– Aham.

O japonês retirou o casaco e o repousou sobre o banco, se sentando em cima do tecido. Sunoo fez o mesmo.

– No fim, você ainda me pagou um sorvete. – cantarolou após um tempo calado.

– Acontece. – sua boca se tornou um tracinho por alguns instantes. – Eu estava brincando sobre isso, de qualquer forma. Você provavelmente também estava.

– Não estava, não. – se levantou gargalhando, já se preparando para correr pois sabia o que viria.

– Ei! Vem cá! – começou a correr atrás do loirinho.

eu te odeio, Lee Heeseung Onde histórias criam vida. Descubra agora