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CAPÍTULO QUINZE - afternoon at the asylum

Tinha chegado no asilo a pouco tempo, sem falar com Andy ainda, nem sabia se estava lá ainda ou não

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Tinha chegado no asilo a pouco tempo, sem falar com Andy ainda, nem sabia se estava lá ainda ou não. Ele era obrigado a vir duas vezes por semana para visitar a vó dele, que não fala muito, mas é sempre educada nas suas poucas palavras. A cuidadora dos velhinhos me deu um carrinho de livros para distribuir para os que quisessem.

- Os livrinhos chegaram! - Uma senhora exclamou enquanto eu passava, dei um sorriso e fui até ela.

Esperando a mesma escolher o que queria, olhei ao redor e vi Andy sentado numa poltrona, mexendo no celular.

- Já volto. - Avisei a senhora, deixando o carrinho com ela, indo em direção ao Goldfarb. - Eai, sardento, nem para me avisar que 'tava aqui.

- Ah, desculpa, loirinha, eu já estou indo embora, meu uber 'tá chegando. - Ele virou a tela do celular para eu ver, 5 minutos e o carro estava na porta.

- Quê? Como assim? Eu acabei de chegar, Andy!

- Minha vó tá cochilando, Vic, não tenho o que fazer aqui. - Parei para pensar, o ruivo voltou a mexer no celular, mas não deu nem um minuto, quando o peguei da mão dele.

- Bora, me ajuda a entregar os livros.

Levantei determinada e Andy juntou as sobrancelhas.

- Vamos!

Ele resmungou e começou a escorregar da poltrona para o chão, me fazendo rir. Voltei para pegar o carrinho e o peguei pela mão, arrastando-o.

- Sabe, a vida de uma voluntária no asilo é muito complicada, preciso de ajudantes. - Brinquei entregando livros para Andy colocar nas prateleiras.

- Estou vendo, Alisson, me fazendo de empregado a toa. - Ele me olhou de cara feia, continuei rindo.

Quando Andy está com preguiça, é uma preguiça severa, onde todo mínimo esforço que ele faz parece demais. Por exemplo, pedi para o ruivo dar uma Bíblia para um senhor cristão, ele foi literalmente se arrastando até o velhinho.

- Aguente mais um pouco, Goldfarb, terá sua recompensa. - Jurei ver os olhos dele brilharem, ele é muito fácil de ser chantageado.

**

- Abre a boca. - Mandei, com o salgadinho preparado para ser arremessado. Quando o joguei, ele caiu direto na boca de Andy. - Boa, sardento! Isso não é uma ótima recompensa pele seu trabalho?

Estávamos na área de lazer dos idosos no asilo, agora já era final de tarde, e jogávamos com a vó de Andy, uma partida de War - não me pergunte como uma senhora de 80 e poucos anos sabe jogar isso.

- Comp pode ser boa se estou perto de perder?! - Ele exclamou desesperado enquanto balançava os dados, prontos para jogar. Quatro. - Ah, não! Desisto, você venceu, loirinha, você é boa demais nessa bosta.

- Haha! Me deve um hambúrguer. - Estendi a mão para o ruivo, que a apertou com um sorriso falso que me fez rir.

- Vic, esqueci de perguntar, como vai o seu bat mitzvá? Falta um mês, princesa, muito perto. - Princesa. Puta merda.

- Pois é, né? - Beleza, confesso, fiquei meio sem jeito de responder... - Ah...sabe, tá ficando legal. - Legal? Legal parece que vai ser uma merda, melhora isso, Victoria! - Consegui o DJ Schmuley e um salão enorme na cidade, maioria da decoração já está feita, então...é.

Ele deu um sorrisinho, jogando os dados novamente.

- Vinte pontos para mim. - A vó de Andy disse, me olhando.

- Mandou bem, vó. - Andy sorriu agora para ela.

- Quer que eu tire uma foto com a sua vó para provar para a Sra. Goldfarb que você está aqui? - Sugeri, lembrando da mãe dele, que sempre me adorou.

- Pode crer, boa ideia, loirinha.

Sorri pegando meu celular na bolsa e me aproximando dele com a cadeira. Deu mais um sorriso, para a câmera, Andy, educado como sempre, mostrou os dedos do meio, a sua vó fez o mesmo, com uma cara de brava.

- Isso aí, vovó.

- Muito boa. - Ri, olhando a foto. - Tenho que mandar para a Rabina Rebecca, para saber que estou aqui, sabe, projeto de mitzvah.

- Tô ligado.

-Vou te mandar, peraí.

Entrei na área de fotos pelo mensseger, e vi uma foto incrível que tinha tirado na quinta quando fui no shopping com a Steph. Eu estava lindíssima, e vi uma oportunidade. Nunca fui de tentar impressionar garotos, como Stephanie ou Stacy, mas eu estava em uma situação de desespero, eu queria que tudo se confirmasse. Cliquei na foto que acabamos de tirar e na foto de ontem, com o coração na mão.

- Eita, sem querer eu mandei uma foto que tirei ontem, ignora ela. - Larguei o celular na mesa, com uma atitude confiante. Só que de confiante não tenho nada, já que eu tremia mais que palmeira em uma tempestade, tinha me arrependido no mesmo segundo que fiz aquilo.

- Muito gata. - Ouvi Andy sussurrar, parecendo uma criança olhando para a nova arma que ganhou em um jogo.

Sorri vitoriosa, era um sinal? Era recíproco? Eu torcia para que sim, mas tenho vergonha demais para chegar e falar o que sinto pro Andy, e nossa amizade? Ficaria estranha...isso só foi um pico de confiança passageiro, daqui a pouco passa. Ouvir o "Andy Goldfarb" vindo do celular de Andy me tirou de meus pensamentos.

- Puts, tenho que ir, princesa, te vejo amanhã, cinema às quatro, fechou? - Ele disse tudo de uma vez, se levantando apressado. Me levantei e dei um abraço nele.

- Até, sardento.

E um beijo na bochecha...merda, meu coração voltou a acelerar. Tava muito na cara que eu gostava dele? Eu espero que não. Santo Deus, eu preciso de ajuda.

𝐃𝐀𝐘𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓, andy goldfarbOnde histórias criam vida. Descubra agora