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CAPÍTULO DEZOITO -  extra classes

Depois do encontro esquisito no shopping com a Stacy, essa semana tem sido tão estranha

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Depois do encontro esquisito no shopping com a Stacy, essa semana tem sido tão estranha. Andrea parece estar meio chateado depois que terminou com a Lydia, mas feliz ao mesmo tempo, já que, de acordo com ele, ela mentiu dizendo que beijou antes e que ela beijava muito mal do mesmo jeito. E eu sei exatamente quem disse que ela mentiu, na primeira oportunidade que teve.

Lydia ainda está afastada de Stacy, e foca andando com o meu grupinho mesmo depois do termino com a Kym, Megan e Anya. Era quinta-feira, e eu estava exausta, precisando de um descanso.

Faltava três semanas para o meu aniversário, e consequentemente, meu bat mitzvah. Ficava feliz ao lembrar que quase tudo estava acertado e feito. E além do meu bat mitzvah, o de Stacy também estava chegando, e eu precisava falar com ela. Mas não agora, a primeira aula é física, e é minha última chance de entender a matéria.

**

Depois da escola, e depois da aula da Rabina Rebecca, a mesma chamou Andy e eu para irmos até o "escritório" dela - que mais parecia um armazém de tanta coisa que ela guarda lá, como sua esteira.

- Tem ideia do porquê estamos aqui? - Andy sussurrou enquanto andávamos atrás da Rabina. Balancei a cabeça negando.

- Sentem, docinhos.

A morena disse, apontando para as poltronas, e ela foi em direção a sua esteira e a ligou.

- Seguinte, menino Goldfarb. Seu bar mitzvah é no final do ano, e você não aprendeu a Torá, estou errada? - Rabina Rebecca dizia embolada, já que estava comendo um cheetos.

- Não, não está, Rabina. - O nervosismo de Andy sobre o que a professora falaria era perceptível ao quilômetros, e isso me fez rir baixinho.

- Pois, é. - Ela concluiu, desligando a esteira e sentando a nossa frente. - Menina McKenzie, está encarregada de ensina-ló a Torá.

Senti minha testa franzir. Mas que merda! Não me entendam mal, eu gosto do Andy, sabem disso, mas ele é lerdo para entender e aprender as coisas, muito lerdo.

- Mas porque eu tenho que fazer o seu trabalho, Rabina?! - Me levantei da cadeira num impulso de desespero.

- Nossa, eu sou tão ruim assim? - Andy questionou num tom de voz irônico.

- É. - Respondemos em uníssono. - Qual é, Rabina?

A professora apontou seu dedo para mim, logo fazendo o movimento de descer, indicando que era para eu me sentar, e assim eu fiz.

- Qual é, semma? Ele é seu melhor amigo! Né, garoto? - Ambas olhamos para ele, que estava quieto com os olhos arregalados.

- Isso não é justo. - Rebati.

- O que não é justo é seu amigo não saber a pequena parte da Torá que ele tem que ler. - A Rabina levanta as sobrancelhas, me encarando.

Sinto que ficamos segundos nos encarando, como uma competição de quem piscar primeiro perde, mas eu cedi.

- Aí, droga. Beleza, eu ensino ele.

-É isso aí, menina McKenzie! - Rabina Rebecca vem até nós e nos levanta, dando um abraço coletivo.

- As quatro, na minha casa. - Disse para Andy quando saímos do escritório da Rabina.

- Fechou, loirinha. - O ruivo deu um sorriso convencido e apertei meus olhos, dando meia volta e indo embora.

Boa, mais uma desculpa para passar mais tempo com Andy! Não vai ser tão ruim, né? Ele vai aprender rápido, eu espero. Lembrei de uma vez que fui ajudar Andy a estudar para uma prova de inglês no quarto ano, e passei uma hora tentando explicar o que era verbo para ele. Espero muito que isso não aconteça, de novo.

**

- 'Tá atrasado, sardento. - Alertei, abrindo a porta e voltando para sala, desligando a TV.

- Desculpa, Vic, Andrea me chamou para jogar futebol e não pude recusar. - O olhei de cara feia enquanto subia as escadas até meu quarto.

Peguei meu notebook, meu celular e uma Torá interpretada que meu pai tem. Arrastei a cadeira do quarto de Mel e mandei Andy sentar para começarmos.

- Você 'tá tranquilo com seu bar mitzvah? Está chegando, sardento. - Falei sorrindo. - E você sabe pelo ao menos uma parte da Torá?

- Eu tô tranquilo, sim, sei a Torá já, inteira, sou um homem preparado.

- Uhum. - Tomei um gole da água na minha frente, sabendo que ele estava mentindo. - Mas você 'tá tranquilo porque sabe mesmo a Torá ou porque não quer aprender?

O ruivo demorou alguns segundos até formular uma resposta, mas mesmo assim, a deu gaguejando.

- É, sim, eu sei a Torá.

- Para de ser mentiroso, Andy, te conheço, sei que você não sabe nada da Torá. - Semicerrei os olhos com um sorriso desafiador.

- Você acha que não estudei, é? Eu estudo na hora do recreio e nos intervalos de aulas da Rabina. - Andy dizia enquanto levantava as sobrancelhas exageradamente e brincava com seus próprios dedos. Meu Deus, como eu conheço ele bem.

- Conta outra, Andy. Nem na escola você é assim, tirando a educação física, que é a única que você se esforça, o resto é um desastre. - Meu sorriso só aumentava mais e mais ao decorrer que ia desmentindo ele, levantei meus dedos, listando o que ele fazia. - Na aula de matemática você só fica conversando com o Aaron, na de física, você dorme, na de inglês você joga Stop com o Andrea e a Stephanie e na de literatura você fica rabiscando o seu caderno até não poder mais!

Ele ficou em silêncio por segundos, arrumando a postura, mas senti ele chegar mais perto.

- Então você fica me olhando em todas as aulas?

Eu não soube responder, só ficar paralisada, vendo Andy chegar cada vez mais perto e sentir sua respiração me deixava louca. Só queria beijar o Goldfarb logo sem receio e com vontade, para acabar com tudo isso. Eu estava fechando meus olhos, pro momento que esperava a dias, pena, que não estávamos sozinhos em casa.

- Filha, ouvi vozes, quem cheg-

Olhei pro meu pai no batente da porta e me afastei tão rápido de Andy que podia ter caído da cadeira. Jurei ver uma sobrancelha do meu pai chegar no seu topete e a outra tão baixa que se juntava ao seu olho de tanto que ele enrugava sua cara. Me segurei muito para não rir, já que meu nervosismo era muito maior.

- O que tava rolando? - Ele questionou, ainda bravo.

- Nada. - Respondemos em uníssono.

Meu pai veio até nós, e ao chegar do lado de Andy, bateu em seu ombro, apoiando a mão, percebi o ruivo fechar os olhos de susto.

- Goldfarb, te conheço desde que você era um cotoco, e confio em você, garoto.

- Sim, senhor.

- Acho que entendeu a mensagem. - Eu mordia meu lábio para não rir alto, porque sei que era a hora errada. O mais velho caminhou até a porta e parou no batente novamente. - Se liga, Goldfarb!

E foi embora.

- Puta merda, seu pai dá medo.

- É...

Respondi rindo sem parar, mas sem conseguir ainda me equilibrar, lembrando que quase beijei Andy, quase, de novo. Já estou quase desistindo, parece que meu final feliz nunca acontecerá.

𝐃𝐀𝐘𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓, andy goldfarbWhere stories live. Discover now