POSSESSIVE XIV

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SAKURA NARRANDO

Novamente eu me encontrava no mesmo bar que alguns meses atrás, mas por motivos diferentes agora.

Eu estava no mesmo banco, com a mesma bebida, porém sem ele ao lado.

Ele tentou falar comigo várias vezes, mas eu não dei chance.

Uma vez ouvi que se cortarmos o mal pela raiz, passaremos menos nervoso e tudo se resolverá. Mas aparentemente essa raiz não quer sair de forma alguma.

Ignorei mensagens, ligações e até presencialmente.

Todas as vezes que ele me via no corredor ou rua, eu corria que nem doida. Até mesmo vir na minha casa Sasuke tentou, várias vezes inclusive, mas eu tranquei a janela. E Sasuke não seria louco de entrar pela porta, ele sabe o que minha mãe faria. 

Até mesmo por meio das minhas amigas ele tentou me contatar, mas não dei brechas.

Ele mesmo deixou claro que não sou "sua mulher", parece que sou apenas uma foda casual. Então, já que sou só mais uma, por que tenta tanto falar comigo? Apenas me deixe em paz.

Homens imbecis e ridículos, eu odeio todos os homens.

— Moça, acho que você já bebeu demais. — O barman falou, quando apontei para colocar mais no meu copo.

Neguei com a cabeça, apontando de novo para o meu copo.

Senti meu corpo tombar um pouquinho, mas segurei rapidamente o balcão.

Eu estou bem, está vendo? Eu até consegui me segurar.

— Pode colocar. — Escutei uma voz meio torta, demorei para perceber que essa voz era minha.

O homem atrás do bar fez uma careta, mas puxou a bebida alcoólica mesmo assim.

E antes que a primeira gota caísse no meu copo, uma mão parou em cima dela, vindo junto de uma voz masculina:

— Já deu por hoje. — Senti a voz me arrepiar, mas não era um arrepio bom.

Virei a cadeira giratória e olhei o loiro.

— O que você está fazendo aqui? — Olhei feio para ele, querendo ter meu momento de bebedeira sozinha.

E, principalmente sem ele.

Eu queria culpá-lo pelo ocorreu, mas eu sei que não podia, aliás as palavras de Sasuke não foram culpa dele.

Quem diria que nem tudo é sua culpa, seu idiota?

— Saia, Sora. — Falei firme, me virando de volta para o bar.

Ué, cadê o barman?

Escutei um suspiro atrás de mim.

Para minha grandíssima sorte, ele sentou na cadeira vaga ao meu lado.

Odeio isso.

Odeio que esse simples ato me recorde outra pessoa.

Odeio que essa pessoa não sai da minha cabeça independente de quanto eu beba.

Odeio Sasuke pelo que ele falou e fez.

Suspirei mais alto, para ver se o idiota se tocava.

Além de Sasuke, ele é a outra pessoa que eu menos quero ver nesse momento.

— Vamos. — Ele falou, pegando no meu braço.

Olhei mais feio ainda para ele.

Quem esse idiota pensa que é?

— Vamos? Vamos para lugar nenhum. Sai daqui, porra. — Minha voz estava brava, mas a embriaguez ainda estava lá. — Vai você para outro lugar.

Sora suspirou, olhando em volta.

O bar não estava muito lotado, aliás ainda estamos no meio da semana. Então, o meu ex-namorado apenas pegou meu braço com mais força e saiu me puxando.

Arregalei os olhos ao perceber que eu não tinha mais força e poder sobre meus atos, Sora apenas me levava com ele sem eu querer.

Tentei empacar no caminho, mas a levantada brusca do banco ainda estava me impedindo de pensar direito. Ok, verdade seja dita, eu não pensava direito por causa do álcool.

Ele apenas atacou uma nota de 100 no balcão e me levou para fora do bar.

Olhei para o barman desesperada, mas ele parecia não saber o fazer, então apenas pegou seu celular.

Ele está ligando para polícia? Ótimo, só deus sabe o que esse lunático pode fazer.

Merda, Sakura, você não deveria ter ficado bêbada assim.

Senti meus olhos lacrimejarem um pouco, enquanto o homem corria pelas ruas comigo. Meus pés tropeçaram várias vezes, mas ele não parou.

— SOCORRO! — Gritei, sentindo medo do que ele poderia fazer.

Essa cidade é tão filha da puta que é possível que se Sora fizer algo comigo, vão colocar a culpa em mim por estar bêbada.

Pela primeira vez na vida, senti medo verdadeiro.

A mão de Sora veio com tudo, segurando minha boca com força.

Arregalei meus olhos, sentindo o impacto da minha pele com meus dentes, fazendo sangue sair.

— Cale a boca, porra. — Senti a angústia e o medo passarem por mim. — Só quero conversar. — Mas mesmo assim, ele não tirou a mão da minha boca.

Segurei seu braço, tentando tirar seu aperto de mim, mas ele apenas me segurou com mais força.

— Nós vamos voltar a ficar juntos, está entendendo? — Olhei mais desesperada, enquanto ele chegava mais perto de mim. — Todos dessa maldita cidade me odeiam depois que terminamos e eu já apanhei o suficiente. — Todos o odeiam? Eu odeio e minhas amigas também, mas por que toda a cidade está o evitando e, aparentemente, apanhando? — Eu quero voltar para cá e eu só vou voltar quando você estiver comigo.

Senti o nojo imediato e vontade de cuspir em sua cara.

Ele deve ter lido isso em meus olhos, pois apenas segurou minha boca com mais força, fazendo meu rosto se inclinar para trás.

As lágrimas finalmente saíram, e, eu nunca senti tanto medo como agora.

— Você vai avisar o Uchiha para parar de ser um cão raivoso e vai controlar a porra dessa cidade, entendeu? Vai fazer com que eu possa andar aqui sem ser xingado ou que boatos me rondem. — Que filho da puta maldito. Que tipo de poder esse maldito acha que eu tenho? — Chega de agir que nem uma vadiazinha, entendeu?

Enquanto minhas lágrimas desciam, meu lábio sangrava contra sua mão e Sora apenas me apertava com mais força, um carro preto correu com tudo entre nós.

O carro parou bruscamente na calçada, fazendo eu e Sora termos que ir para trás, e o loiro cair por consequência.

Eu, também não estando nada bem e o álcool apenas me atrapalhando, senti minhas pernas cederem.

Cai com tudo no chão, conseguindo apenas observar o vulto vestido de preto pular em cima de Sora.

Então, sem parar, o homem foi socado.

Passei meses dividindo a cama com esse homem para saber quem era, eu sempre saberia quem ele é, a pessoa que eu não deveria amar.

Sasuke parecia uma fera bestial em cima do meu ex, mas só agora percebi uma coisa.

Eu finalmente descobrira quem era o desconhecido que havia me protegido de Sora aquela noite. 

Possessive - SasusakuOnde histórias criam vida. Descubra agora