POSSESSIVE XVI

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SASUKE NARRANDO

Tudo estava vermelho.

Eu só enxergava vermelho.

E meu corpo reagia sozinho.

Meu braço levantava repetidamente e voltava com uma força esmagadora. O homem caído embaixo de mim soltava resmungos de dor, enquanto eu o deixava inconsciente.

E mesmo com a minha mente mandando eu parar de socá-lo, eu não conseguia, meu corpo e coração agiam sozinhos.

Eu sei o que ele fez no bar, eu sei que ele a agarrou, eu o vi com a mão nela.

Eu tenho olhos em tudo e alguém tocar em Sakura é assinar sua sentença.

Escutei alguma coisa nele quebrar, enquanto meu punho atingia repetidamente seu rosto.

Nem isso me parou.

O cheiro metálico me atingia com força, mas eu continuei, sem conseguir pensar.

Escutei meu nome de longe, mas meu pulso não parava de funcionar.

Ele tocou nela.

Na Sakura.

Minha mulher.

Quem esse imbecil acha que é?

— SASUKE! — Arregalei meus olhos, sabendo exatamente a quem pertence essa voz.

Como mágica, meus braços pararam.

Pisquei lentamente, recompondo minha postura — ainda sentado em cima do ex de Sakura — e voltando ao meu eu.

Olhei para baixo, vendo o rosto de Sora completamente deformado e sua pessoa inconsciente.

E por mais que eu saiba que isso irá me dar uma grande dor de cabeça, não é isso com que estou preocupado agora.

Devagar, olhei para Sakura.

A rosada estava jogada no chão, claramente bêbada. Entretanto, seus olhos estavam tão abertos, que eu sabia que ela não esqueceria isso que acabou de acontecer.

— Era você, sempre foi você. — Ela sussurrou, tentando se levantar.

Mesmo sentindo dores no meu braço e restante do corpo, levantei com pressa.

Imediatamente fui até ela, mas Sakura foi para trás, se afastando de mim.

Arregalei meus olhos com a sua atitude.

Então, como um reflexo, olhei para mim mesmo. 

Minhas roupas cheias de sangue, minhas mãos com machucados e meu rosto ainda enfurecido.

Não.

Por favor, não.

Tudo, menos isso.

Por favor, eu imploro que ela não esteja com medo.

— Sakura... — A chamei, me aproximando dela.

Eu aguentaria qualquer coisa, mas isso? Não, ela não.

Eu não me importo que toda essa cidade me odeie. Porra, eu não me importo se o mundo passar a me odiar.

Mas ela não, por favor, não.

— Você bateu nele aquela noite na festa. — Fiquei quieto, sem saber o que responder.

Eu queria mentir, falar para ela que não era eu, mas eu sou incapaz de mentir para Sakura.

Eu nunca me senti tão sozinho em toda a minha vida após ficar essa longa semana sem falar com ela.

Eu não imagino passar uma vida sem Sakura.

Vendo meu silêncio, Sakura soube que era eu.

Aos poucos, ela conseguiu levantar.

E puta merda, eu tive que controlar todo meu corpo para não correr atrás dela e ajudá-la.

Sakura não me olhava diretamente.

Seus olhos verdes passaram reto por mim e olhou Sora caído no chão.

— Você o espancou.

Senti minha garganta apertar e o arrependimento bater.

— Sakura, — tentei chamá-la novamente — me escute, por favor.

Ela negou com a cabeça.

— Quanto tempo? — Finalmente seus olhos me encontraram, mas eles estavam com tanta dor e sofrimento, que facilmente eles me matariam. — Quanto tempo você está me enganando, Sasuke Uchiha? — Sua voz saiu mais dura.

Eu não respondi ela, ficando completamente parado.

Como eu contaria que desde meus sete anos eu sou obcecado por ela? Completamente apaixonado? Como eu falaria que me fiz popular por ela? Que obriguei todos que tinham atração por ela, ficar longe dela? Que eu amei bater em Sora e ameaçá-lo para nunca mais aparecer na cidade?

Como eu contaria que eu amei tê-la em meus braços todas essas vezes e que sonhei no dia que poderíamos andar juntos na frente de todos? 

Sakura veio com raiva para cima de mim.

Minhas mãos coçavam para eu pegá-la, para eu não deixar sua embriaguez derrubá-la.

— Me fale, merda! — Eu só percebi as lágrimas em seu rosto, quando seu punho bateu no meu peito. — FALE, SASUKE!

Sakura bateu no meu peito sem parar, com suas lágrimas caindo desesperadamente.

Meu peito doía, mas não por suas batidas.

— Querida...

— NÃO ME CHAME ASSIM! — Ela gritou, me olhando com dor. — VOCÊ GOSTOU DE ME ENGANAR, UCHIHA? ISSO ERA UM JOGO PARA VOCÊ? — Mais socos foram dados no meu peitoral. — FOI ENGRAÇADO PARA VOCÊ? TUDO ISSO DEVE TER SIDO MUITO DIVERTIDO!

E quando eu percebi, a primeira lágrima me deixou.

Engoli a seco, tentando controlar minhas emoções, mas não consegui.

Sempre que se trata de Sakura, eu falho em me controlar.

Seus socos pararam assim que viram a gotícula de água rastejar pelo meu rosto. 

Um longo silêncio se formou entre nós, ambos destruídos.

— Não. — Foi a minha primeira fala. — Você nunca foi uma brincadeira, Sakura.

Devagar, peguei sua mão e dessa vez ela não se afastou, mesmo que o sangue sujasse seu pequeno pulso.

Acariciei sua mão, mostrando toda a verdade por trás dos meus olhos.

— Você mentiu para mim, Sasuke. — Ela me olhou séria, mas eu ainda via a tristeza e o amor por trás de seus olhos. — Por quê?

Olhei com carinho para ela, pensando em todos esses anos que passei a desejando, querendo seu amor, mas nunca o obtive.

E agora que eu tenho, não sei se sou forte o suficiente para te deixar ir.

— Eu não queria mentir para você. — Ela ia me rebater, mas continuei falando. — Eu te amo, Sakura. — Minha revelação a chocou, mas eu sabia que a próxima a chocaria mais ainda. — Mas como eu poderia me aproximar de você, se você descobrisse que era eu por trás daquilo? Eu não te amo por agora, querida, eu sempre te amei.

Seu rosto enrugou e ela não parecia me entender.

— Você está mentindo de novo? — Sua voz era fraca e a bebedeira parecia ter evaporado.

Neguei com a cabeça.

— Eu nunca mentiria sobre isso. — E seus olhos revelavam que ela acreditava em mim. — Eu te amo desde o primeiro momento em que te vi. E honestamente, nunca achei que poderia te ter, até aquele momento no bar.

Vi suas lágrimas escorrerem pelo seu lindo rosto e antes que ela pudesse falar algo, ela caiu nos meu braços.

Possessive - SasusakuOnde histórias criam vida. Descubra agora