O Garoto

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Pés descalços.

Coração acelerado e o medo explicito por ter sua inocência roubada.

Assim o som da mata se fecha conforme ele corria por ali, ouvia o som das batidas aceleradas no peito, dos pés machucados que pisavam incessantes para longe dali.

Aquele era um garoto medroso e inquieto, que tinha olhos famintos e arregalados, suas expressões não lembravam mais aquela criança que um dia sorriu, brincou e pode ser abraçada.

Ele usava um saco de pano que arranhava sua pele, mas havia muito além do que apenas machucados físicos em seu corpo, aqueles arranhões não poderiam ser nada perto dos ferimentos que causaram em sua alma.

Talvez precisasse de um pouco mais de força para conseguir criar coragem para pular a cerca, mesmo que soubesse que não conseguiria ir muito além daquilo, porém ele não desistiria.

Não enquanto seu coração pulsasse e sua respiração percorresse seus pulmões.

Não enquanto ainda existisse.

Ele tinha alguém a sua espera, ele sabia que tinha alguém que precisava dele e por aquele alguém ele conseguiria sair dali.

Um latido.

Algo familiar e assustador fez com que o garoto hesitasse, mas seus pés rápidos continuaram a se mover para longe da plantação de cana, seus braços ávidos pela sensação de tocar a liberdade afastavam os pés de cana com rapidez e se preparava para pular aquela cerca mais uma vez.

Chegou perto outras vezes, não conseguiu.

Seu sonho de liberdade foi arrancado antes, mas não seria daquela fez, já havia conseguido chegar longe o suficiente, ele poderia morrer depois que pulasse a cerca como viu muitos amigos morrendo.

Mas ele morreria fora daquelas terras.

Um tiro.

Ele se encolheu.

Outro tiro.

Ele lufou.

Mas suas pernas não paravam.

Ali o garoto viu a cerca, ouviu o som da voz de seu algoz ecoando pelo matagal, o som arrepiante de seu capataz, mas juntou suas forças, todas elas, ele não desistiria.

Seu corpo se aproximou da cerca, então juntou sua última gota de esperança e pulou, se jogou por cima dos arames e por algumas frações de segundos experimentou a sensação de voar.

Mas seu corpo foi arrebatado pelo impacto de ser arremessado ao chão, ele olhou assustado para o rumo da cerca de disse a si mesmo:

"Levante-se! Corra! Corra!"

Então se ergueu, se levantou e forçou seus pés descalços a correrem, seu coração voltou a pulsar naquele segundo. Com força, com mais força, mas principalmente com liberdade.



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Grávida do Bilionário PetulanteOù les histoires vivent. Découvrez maintenant