Diálogos

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Observo as portas do elevador do meu prédio em silêncio.

Todas as vezes que o Luís vem passar alguns dias no meu apartamento comigo sinto como se de alguma forma isso me estressasse, claro, não é como quando ele era pequeno e havia uma relação de afeto e amor entre nós dois mesmo que eu não tivesse tanto tempo.

Mas é que com o passar dos anos minha relação com o meu filho foi se tornando isso no qual ainda não sei dar nome até os dias atuais.

Afinal de contas, tenho trinta e quatro anos, sou uma mulher independente e hoje posso dizer que não preciso da aprovação ou validação de ninguém, nem mesmo dos meus pais quanto mais dele.

Eu sei que isso é uma das coisas que não entram na cabeça de qualquer um sem que haja tanta dúvida, mas o que posso fazer? Até para mim durante muitos anos foi algo que foi complexo demais de se descrever ou tentar compreender.

As portas do elevador se abrem e vou até a porta do meu apartamento levando minha bolsa e minha mochila, eu moro aqui há cerca de dez anos que foi quando eu comecei a ganhar mais dinheiro com a minha empresa, antes disso por anos morei numa kitnet do outro lado da cidade.

Não acho que tenham sido os piores anos da minha vida, bem, não era tão ruim quanto morar dentro da casa dos meus pais e presenciar todas aquelas exigências e falta de noção que eles tinham em relação a mim.

Destranco a porta e só estou cansada e desejando que o Luís tenha trazido a namorada dele, assim que a porta se abre vejo-o parado em pé perto da mesa de jantar com duas caixas de pizzas fechadas e colocando alguns talheres e pratos.

Sempre que o olho é como se eu ainda visse aquele pequeno ser que aprendi a amar inteiramente desde o primeiro momento em que coloquei os olhos nele na maternidade, só que por outro lado não é como se fosse ele.

Afinal de contas, ele cresceu e se tornou um homem.

Fecho a porta e passo a tranca duas vezes, digito a senha da trava na parede e vou dizendo a mim que talvez não seja tão ruim ter que lidar com o meu filho nesse momento, talvez se eu houvesse ficado naquela festa perto de mais um convidado sem noção, acabasse ficando estressada.

Sei também que o pessoal sabe trabalhar muito bem na minha ausência, estou treinando a Alícia para quando eu sair de férias esse ano, ela quem irá cuidar de tudo quando eu tiver que viajar, quero dar esse passo porque estou sempre sobrecarregada com as agendas e tudo acaba sobrando para mim, por mais que conte com uma boa equipe.

Não é como se a dona estivesse lá administrando cada pequeno detalhe, infelizmente padeço do perfeccionismo e de ser detalhista, é fundamental no meu trabalho, mas sou excessivamente assim.

— Oi! — Luís fala com um sorriso até simpático nos lábios.

É a cara daquele imbecil, mas pelo ou menos é muito bonito.

— Olá! — digo de volta enquanto coloco minhas bolsa e mochila sobre o sofá da sala. — Demorei muito?

— Não, as pizzas acabaram de chegar! — ele diz e continua a colocar a mesa. — Como foi o casamento de hoje?

— Bem tranquilo — respondo e tiro os sapatos.

Em outras épocas sei que chegaria em casa e ele estaria fazendo cara feia para mim, eu algumas vezes deixo de pensar nisso porque foi um processo muito doloroso para mim.

Eu tive o Luís aos 14 anos de idade, e sim, eu sei, eu era uma criança e é complicado demais pensar nisso nos dias de hoje, mas naquela época apesar de ter chocado a muitas pessoas da minha família e vizinhança, foi algo que não foi tão malvisto como é hoje.

Grávida do Bilionário PetulanteWhere stories live. Discover now