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Acordo.

Olho para o canto da minha cama e abraço esse travesseiro fofinho me sentindo mais preguiçosa do que nunca, sei que porque hoje é o meu dia de folga, porém, porque também gosto de acordar e ter essa sensação de consolo matutina.

Tem sido eu e eu há muitos anos, então digamos assim que aprendi a respeitar e amar a minha solitude.

Em outros momentos quando eu acordava, me via apressada e me arrastando para fora da cama com pressa, pensando rapidamente sobre todas as coisas que teria que fazer naquele dia, sobre os horários e compromissos, havia um despertador barulhento e muitos afazeres.

Eu precisava mais de dinheiro, eu precisava mais de me ocupar.

Hoje graças a Deus não é mais assim.

Eu consegui ter a oportunidade de escolher os meus trabalhos e os dias que poderei trabalhar, com quem, quando, minha agenda é bem administrada por minha secretária Enid, não preciso me acordar apavorada para sair correndo com medo de perder a hora.

Me ergo e me estico então fico sentada observando a semiescuridão do meu quarto, as persianas da janela fechadas, minha tv desligada, minha cama meio bagunçada e minha mesa de trabalho com Macbook aberto e algumas anotações juntamente com meu óculos.

Agradeço mentalmente por mais um dia e me levanto.

— Mãe!

O chamado me faz sobressaltar.

— Sim?

— A Abby chegou com o nosso café, você vem?

— Sim, em cinco minutos.

— Ok.

Escuto os passos dele se afastando do corredor.

Eu sei que será mais um café meio silencioso e que isso vai fazer com que se tore só mais uma daquelas refeições em que a namorada dele me dá sorrisos amarelos e ele come em silêncio até os dois trocarem olhares apaixonados e sorrirem, mas depois não poderão me culpar por não ter tentado.

É que o Luís tem essa mania feia de sempre me culpar por qualquer coisa que dá errado na vida dele, às vezes até no dia, como quando ano passado ele e eu discutimos porque ele ia viajar com os pais de acabou esquecendo o passaporte na mesa da cozinha.

Ele me ligou estressado me enchendo de acusações, dizendo que eu havia dado fim no passaporte dele, mandei ele ir ao caralho e disse que alguém já estava levando o passaporte dele até o aeroporto, desliguei na cara dele e ficamos sem nos falar por quase dois meses.

Quando ele apareceu aqui, agiu como se não tivesse dito ou feito nada, ele é bom nisso, um expert eu diria.

Eu lamento que a convivência com o pai o tenha mimado de certa forma, com os meus pais também, mas num geral ele é um bom filho. Não usa drogas, bebe muito pouco, não é muito de sair para festas, sempre passa os feriados em família, costuma ser muito gentil e caridoso com os amigos e trata a namorada dele com muito carinho e amor.

Perto de mim ele age meio que com vergonha, mas já vi no Instagram dele muitas fotos em que os dois estão abraçados ou trocando beijos. No começo era meio estranho, quer dizer, onde o meu filho pequeno de olhos castanhos de bochechas coradas havia se enfiado?

Agora ele é um jovem homem de 1,87 de altura, cabelos castanhos como os do pai, olhos castanhos como os meus — única coisa que herdou de mim. — o rosto que antes era rechonchudo ficou assimétrico e quadrado, ele faz a barba e devido aos anos de natação desenvolveu ombros largos e braços cumpridos. Ele faz exercícios, mas é meio encorpado, nada que lembre qualquer garoto de sua idade, é muito bonito e não é porque é meu filho.

Grávida do Bilionário PetulanteWhere stories live. Discover now