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Pov S/n
Entrei na sala dos professores para conversar com a Leonora. Estou recebendo algumas reclamações dela. E como nova diretora tenho que ver se todas as denúncias feitas pelos alunos são verídicas. Tranquei a porta e a ruiva arqueou uma sobrancelha para mim enquanto eu me aproximava. O que ela tem de bonita, tem de estúpida.
- O que a incomoda dessa vez, Diretora? - ela indagou em um tom sarcástico e eu a olhei de cima a baixo quando parei a sua frente.
- Você me incomoda, Leonora! - respondi encarando os olhos verdes dela - Estou recebendo reclamações suas, seu modo..peculiar de ensinar os alunos está saindo dos limites.. não compreendeu que não estamos mais fazendo segregação de escolas? Os Nunca e os Sempre merecem ser bem tratados.
- Eu estou dirigindo a escola dos Nunca há anos, Senhorita - ela soltou uma risada sem humor - Sei muito bem como ensinar os alunos, não é atoa que eu fui promovida.
- Isso não me interessa, Lesso - retruquei incrédula - Eu sou a sua superior aqui dentro, esqueceu? Se eu quiser te mandar pra longe eu mando..e não vai ter ninguém pra me impedir de fazer isso.
Ela trincou o maxilar e se aproximou mais de mim fazendo meu corpo recuar. A sobrancelha da Leonora foi erguida e ela se aproximou de mim novamente. Dessa vez meu corpo permaneceu no mesmo lugar. Fechei os meus olhos quando estávamos tão próximas que eu pude sentir a respiração dessa mulher. Eu não podia demonstrar essa fragilidade diante dela, não podia. Mas é inevitável não reagir diante da Lesso. Sentir a unha dela percorrer todo o meu rosto fazendo alterações na minha frequência cardíaca. Quando meus olhos finalmente se abriram, ela estava tão perto de mim..que meus olhos ficaram presos na íris verde dela.
- Não seja tola, S/n..- a voz dela saiu em sussurro enquanto a mesma me fitava - Você não tem o controle sobre mim, princesa..- ela riu deslizando as unhas afiadas em meu pescoço - Eu tenho o controle sobre você e se eu quiser te matar agora..eu te mato, sabe porquê? - meu ritmo cardíaco se acelerou outra vez e ela aproximou nossos rostos fazendo nossos narizes se tocarem - ..porque você não consegue reagir comigo por perto e isso irrita muito você.
- Sai de perto de mim, Leonora - pedi com a voz quase inaudível e senti meus olhos marejarem - .. saí de perto de mim, por favor.
- Me empurre para longe de você, princesa..- o pedido dela fez uma lágrima minha escorrer - ..me empurre e eu nunca mais chego tão perto de você outra vez.
Eu nada fazia. Apenas senti a lágrima escorrer do meu rosto enquanto encarava a mulher na qual eu era apaixonada. Outra lágrima saiu de mim e a Leonora a secou. O toque dela me causou arrepios por todo o corpo. O que iriam pensar de mim se me vissem assim?! Entregue a uma mulher. Uma mulher da categoria oposta a de toda a minha linhagem. O que há de errado comigo para desejar tanto tê-la por perto?
Ela pegou minhas duas mãos e as colocaram no peito dela.
- Me empurre para longe de você, S/n..- o pedido dela soou pela sala outra vez.
Eu não conseguia fazer isso. E o meu desejo foi maior do que toda a razão que eu tinha no momento. Encostei os meus lábios com o da Leonora jogando de lado todas as nossas diferenças. Ela correspondeu ao meu beijo e meu corpo que antes estava tenso se tornou leve com as mãos dela em minha cintura.
Nosso beijo era harmonioso e a cada segundo que ela me retribuía. Eu desejava mais. Agarrei com força o tecido do blazer dela e a puxei mais para mim quando as coisas começaram a se tornar mais intensas. As mãos dela apertaram a minha cintura. E quando o ar estava sendo necessário para as duas, desvinculamos nossos lábios, mas ela permaneceu perto de mim. Meus olhos fitavam ela por completo e a minha mão foi até o rosto da mesma.
- Eu desejo você todos os dias - confessei acariciando a bochecha dela - .. mas não posso tê-la por perto outra vez, você é minha perdição, Leonora..e eu não posso arruinar toda a minha linhagem.. tenho que continuar o legado da minha família.
Meus lábios se encostaram no dela outra vez. E eu a beijei minimamente. Ela nada dizia, mas pela mandíbula marcada, era visível que estava com raiva. Me afastei da ruiva sentindo meus olhos marejarem outra vez. Eu não podia estar desejando ela dessa maneira. Caminhei até a porta de ouro da sala dos professores sentindo o olhar dela sobre mim e destranquei.
Sair daquela maldita sala ainda sentindo os toques e os lábios dela em mim. Eu queria mais que apenas beijos. Mas não posso cometer algo tão errado e destruir todo o meu futuro. Parei de andar quando escutei alguém me chamando e franzi o cenho vendo a Sophie vindo até mim.
- Princesa, espera aí - ela falou enquanto se aproximava em passos rápidos - O príncipe veio lhe visitar com o seu pai, estão todos te procurando! E o rei parecia bem irritado.
Sentir um olhar cair sobre mim novamente e quando olhei para trás a Leonora estava conversando com um aluno enquanto me encarava. Respirei fundo voltando a minha atenção a Sophie.
- Vamos?! Meu pai deve estar furioso à minha procura.
Saí daquele lugar com a Sophie deixando todo o meu amor por aquela mulher de lado para seguir com o meu destino escrito muito antes do meu nascimento.
