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Pov S/n Parkson
A recepcionista me lança um olhar hesitante assim que chego ao andar da Runway. Sei que não é comum alguém aparecer aqui sem aviso, muito menos alguém que não pertence ao mundo da moda impecavelmente calculada de Miranda Priestly. Mas eu pertenço a Miranda, e isso basta.
- S/n? - Emily, a assistente de Miranda, me encara como se eu fosse uma aparição inesperada.
- Boa noite, Emily. Miranda está livre?
Ela hesita.
- Bom... livre, livre, ela nunca está, mas...
Não espero pela resposta. Conheço Miranda o suficiente para saber que, se eu perguntar antes, ela vai dizer que está ocupada demais para jantar comigo. Mas se eu simplesmente aparecer, é outra história.
Bato levemente na porta antes de entrar. Miranda está sentada à sua mesa, os óculos no nariz enquanto revisa alguma edição da revista. Seus dedos deslizam pelas páginas com precisão cirúrgica, e por um instante, me pego observando-a em silêncio, encantada pelo seu mundo.
- Se for para me dizer que algo deu errado na sessão de fotos, não quero ouvir - ela diz sem erguer os olhos.
- E se for para te sequestrar para jantar?
Ela levanta o olhar imediatamente. Os olhos de Miranda se suavizam ao me ver, e um leve sorriso – quase imperceptível para qualquer um que não a conheça bem – dança nos seus lábios.
- S/n - sua voz é baixa, mas cheia daquela autoridade irresistível - Você acha que pode simplesmente invadir meu escritório e me arrancar do trabalho?
- Acho - respondo, cruzando os braços. - Você prometeu que tiraria a noite de hoje para mim.
Ela suspira, tirando os óculos e os depositando sobre a mesa. Sei que ela está prestes a dizer que ainda tem trabalho a fazer, que há prazos, que a moda nunca dorme. Mas também sei que, no fim, ela nunca me nega nada.
- Emily! - Miranda chama sem tirar os olhos de mim.
A assistente aparece na porta num piscar de olhos.
- Sim, Miranda?
- Cancelar tudo para o restante da noite. Vou jantar fora.
Emily pisca, surpresa, mas se apressa a sair antes que Miranda mude de ideia.
Eu sorrio, orgulhosa.
- Viu? Nem doeu.
Miranda se levanta, caminhando até mim com aquela graça felina e intimidadora que me encantou desde o início. Ela para diante de mim, os dedos traçando uma linha leve pelo meu braço antes de segurar minha mão.
- E aonde você pretende me levar, senhorita Packson?
- Para jantar. Para respirar um pouco. Para mim.
Ela solta um riso baixinho, um som raro e precioso, e se inclina para me dar um beijo suave nos lábios.
- Para você, sempre.
[...]
O restaurante é elegante, mas discreto, exatamente como Miranda gosta. Sentadas à mesa, um vinho encorpado entre nós, observo enquanto ela se permite relaxar aos poucos. É sutil e um pequeno suspiro, a tensão nos ombros se desfazendo, a forma como ela repousa o queixo na mão enquanto me encara com aquele olhar calculado, como se estivesse tentando decifrar meus pensamentos antes que eu os diga em voz alta.
- Você está muito calada - ela comenta, arqueando uma sobrancelha.
- Só estou aproveitando a vista.
Ela revira os olhos, mas há um brilho divertido neles.
- Se acha que um elogio vai me distrair, tente algo mais original, querida.
Rio baixinho e pego sua mão sobre a mesa, traçando círculos suaves com o polegar sobre sua pele.
- Estou sendo sincera. Você está linda. E, por sinal, eu estava pensando... que tal dormir no meu apartamento hoje?
Miranda ergue a taça de vinho e toma um gole, observando-me com olhos atentos. Sei que ela vai hesitar, porque Miranda Priestly não é do tipo que desvia da própria rotina facilmente.
- Você tem audiência cedo amanhã - ela lembra, como se isso fosse um argumento sólido.
- E você tem reuniões o dia todo. Nenhuma de nós precisa acordar antes do sol nascer, e meu apartamento fica mais perto do seu trabalho do que a sua própria casa. Ou seja, estou sendo extremamente lógica.
Ela me encara por um instante, como se estivesse decidindo se argumenta ou se se rende. E então suspira, levando a taça de volta aos lábios.
- Não acredito que estou sendo manipulada desse jeito por uma mulher bem mais nova.
Solto uma gargalhada e me inclino na mesa, segurando o queixo dela com delicadeza antes de beijá-la. Seus lábios se movem contra os meus de forma lenta, calculada, como tudo o que Miranda faz. Quando nos afastamos, ela suspira novamente - mas dessa vez com um sorrisinho no canto dos lábios.