The Lost Years - Supercorp.

Tempestade

Esse é um capítulo comprido. Está bastante intenso, mas foi necessário para alguns planos seguintes. Espero que gostem! Preparem os lencinhos. 

xx

O vinho realmente não foi uma boa ideia.

Normalmente, o álcool não é um problema para mim, e nunca fiquei verdadeiramente embriagada sem intenção. No entanto, desta vez, foi diferente. Ao acordar no dia seguinte, o arrependimento por ter bebido estava presente. Minha lembrança da noite anterior era limitada a flashes de momentos em que ri bastante. Mas agora não havia mais graça alguma.

Que inferno. Como sequer os humanos conseguem beber tanto?

Resmungando devido à dor de cabeça, abri os olhos e me vi em um espaço notavelmente amplo, caracterizado por tons monocromáticos. A iluminação, parcialmente fornecida por luz natural, penetrava suavemente no ambiente através de frestas na cortina e na janela. Me assustei. Rapidamente, a dor de cabeça foi esquecida enquanto eu me sentava, exasperada.

Onde diabos eu estava?

Dúvidas invadiram minha mente: e se tudo aquilo fosse um sonho? E se meus filhos não fossem reais? E se... E se Lena ainda me odiasse?

No entanto, assim que observei ao redor, meus batimentos cardíacos se acalmaram. Eu me encontrava no único cômodo da casa que ainda não havia explorado: o quarto que compartilhava com minha melhor amiga. Essa revelação tornou-se evidente no momento em que meus olhos se fixaram em uma sequência de três, imagens de Lena e eu. No primeiro quadro, parecia que eu puxava alguém, ausente na foto, com um sorriso largo, vestindo um delicado vestido branco. No segundo, Lena era claramente puxada delicadamente por mim, usando um terno decotado azul-marinho, com seus cabelos em um penteado incrível e batom escuro realçando seus lábios entreabertos, como se estivesse prestes a falar ou rir. Na fotografia final, estávamos juntas, e eu beijava seus cabelos, segurando-a de maneira protetora enquanto ela gargalhava, com a cabeça apoiada em meu ombro e as mãos segurando meus antebraços.

Parecíamos tão... felizes.

Pela primeira vez, desde que vira quadros nossos, eternizando memórias que não mais me pertenciam, senti inveja de mim mesma. Eu não vira tamanha felicidade em mim desde... Eu não sei quando. Era tão frustrante pensar que eu havia encontrado o tipo de amor que sempre almejei, como o que meu primo compartilhava com Lois, mas simplesmente não conseguia me lembrar disso, que eu sentia vontade de perseguir até o inferno a pessoa que me fizera esquecer disso em primeiro lugar. Com qual objetivo haviam feito isso? O que eu fiz de tão errado para que fizessem isso comigo? Pensei na revelação que minha melhor amiga havia apresentado no dia anterior sobre temer que sua mãe tivesse causado tudo aquilo. Não era algo tão difícil de acontecer, considerando que a filha não me odiou para sempre, como ela esperava.

Quando escorreguei da cama que parecia muito maior do que a que eu usava em meu apartamento, percebi que vestia um pijama claro, sendo que em meus pés, um par de meias vermelhas e felpudas protegiam-me do frio. Ao perceber isso, senti minhas bochechas corarem violentamente. Lena havia... me colocado para dormir? Eu não me importava com o fato de estarmos casadas há tempos. Minha cabeça não conseguia computar que ela já havia me visto nua. Era estranho imaginá-la me vestindo.

Suspirando fiz uma anotação mental para nunca, jamais, colocar uma gota de álcool no meu sistema, enquanto essa confusão estiver acontecendo. Eu nem me lembrava, em primeiro lugar, de como havia chegado ao quarto.

Lena não parecia ser forte o suficiente para me carregar.

Tentei afogar todos esses pensamentos em um banho bastante demorado. É inacreditável como uma ducha pode proporcionar um momento tão reconfortante a uma mulher de ressaca. No momento em que deixei o banheiro, fumegando atrás de mim, enrolada em uma toalha na intenção de ir até o armário para escolher alguma peça de roupa para mim, dei de cara com a minha amiga, mas dessa vez estava preparada, então dei um passo para trás, entrando novamente no cômodo quente.