Amor egoísta

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AVISO

Antes de tudo, me desculpem pela demora. Tenho andado bastante centrada em estudar para um concurso que vou concorrer, então tenho tido menos tempo disponível para escrever. Mas achei que poderia, finalmente escrever alguma coisa para vocês. Aproveitem esse capítulo!! Esse capítulo vai ter uma dinâmica meio diferente do que os demais. Em primeiro lugar, para que entendam tudo o que aconteceu, vou precisar mudar a perspectiva. Então, deixo vocês com a Lena.

PS: Está bastante narrativo, mas prometo que é importante para o decorrer dos acontecimentos. Mas vai ter um bom flashback no passado para recompensar o tempo que passei fora.


Lena Point Of View

No mundo matemático, sabemos que existem diversas possibilidades e caminhos para um evento específico. Na vida, essa diversidade também acontece — uma escolha pode nos levar a um rumo totalmente diferente e assim sucessivamente. Sempre soube que as coisas nunca são totalmente estáticas e que não há, de fato, como controlar todos os fatores. Contudo, embora eu fosse uma mulher centrada, que estrutura a sua vida no poder da razão, a imprevisibilidade ainda era muito difícil para mim. Atualmente, no entanto, esse detalhe sobre mim estava me consumindo totalmente.

Antigamente sempre pensei em pequenas caixinhas para organizar a minha bagunça mental de sentimentos confusos. Empurrava todos eles para caixinhas de diferentes assuntos até que eu me esquecia, em algum determinado momento, que ao menos os tinha antes. Contudo, apesar de eficaz em assuntos do tipo "Luthor" e outros ainda mais complexos, descobri que esse método nunca funcionava quando o assunto era o que eu sentia por Kara Danvers.

Não era como se não tivesse tentado antes.

Depois que descobri a verdadeira identidade de Kara, o que eu mais almejava era apagar todo sentimento que se fazia presente dentro de mim em relação a ela. Porém, por mais que eu empurrasse o mais fundo que eu conseguisse na minha mente, varrendo meus sentimentos e a ínfima existência de Kara para as obscuridades do meu subconsciente, procurando me ocupar com assuntos empresariais, pesquisas científicas, em manter os olhos bem abertos nas artimanhas do meu irmão, vigiar minha mãe, apesar de fingir que não, e, ao mesmo tempo, procurar desenvolver uma cura para o sofrimento humano, ou até mesmo arranjar encontros com outras pessoas, a kryptoniana teimosamente fazia o caminho de volta para a minha mente com tanta facilidade que eu me sentia patética ao tentar superar sua traição de mentir e me manter no escuro por tanto tempo.

Kara simplesmente estava em todos os lugares.

Ela estava em cada parte da minha sala presidencial, nas flores que me presenteara certa vez, na maldita agenda que me dera no meu primeiro dia na presidência da CatCo — inclusive sempre aparecia na minha cabeça nas reuniões pendentes com Andrea referentes a essa minha antiga empresa — nos filmes animados que comprei apenas porque ela queria mostrar-me cada princesa da Disney em uma maratona que nunca aconteceu na época, na ridícula estátua que mandei fazer para a Supergirl... Como também aparecia irritantemente em todos os canais da televisão e em todas as capas dos jornais mais famosos da cidade. Para piorar tudo, ela também estava em coisas simples, como nos eventuais "buracos" para nossas visitas semanais a restaurantes diferentes no meu planner e no dia pintado de azul — sua cor predileta — marcando seu aniversário. Sem contar no porta retrato digital que eu mantinha no móvel pequeno que acompanhava a minha cama.

O fato é que, quando eu estava quebrada nessa época, ainda tinha alguma esperança de que eu pudesse seguir em frente e me esquecer de que uma vez já fui amiga de Kara Danvers.

Mas foi inútil.

Antes de Kara, eu realmente havia me acostumado com o silêncio: trabalhava, desenvolvia novos projetos com o meu cérebro sendo o único manifestante de barulhos ao meu redor, pois meus pensamentos — dos quais nem sempre conseguia escapar — eram os únicos que podiam atrapalhar uma noite produtiva de trabalho. Fora isso, os eventos corporativos e elitizados eram exceções raras no meu cronograma e, também, era onde eu conhecia uma pessoa aqui e outra ali para que pudesse sair. Mas tudo uma hora acabava: a papelada chegava ao fim, os projetos viravam protótipos e os protótipos eram transformados em algo real e as pessoas casuais nunca ficavam tempo o suficiente para que eu desenvolvesse sentimentos e muito menos para que eu soubesse de algo além do fato de serem bons ou não de cama. Tudo o que me restava era o silêncio que, com o passar do tempo, tornou-se algo reconfortante, como uma certeza de que tudo estava bem, de que eu estava segura. Mas tudo isso mudou quando a mulher loira de riso solto, felicidade constante — altamente irritante no início — e bondade exacerbada entrou na minha vida. Aos poucos, o meu silêncio reconfortante foi substituído por conversas animadas sobre os mais variados assuntos existentes, muita comida e risadas que jamais fizeram parte do meu cotidiano.

The Lost Years - Supercorp.Where stories live. Discover now