꧁Há alguém no labirinto꧂

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Você não pretendia estar naquela festa.

Mal conhecia o aniversariante, se fosse sincera consigo mesmo, diria que sequer conhecia a família Catton, só estava lá porque sua amiga Kate aparentemente tinha um grau de parentesco distante com eles e por algum motivo ela não queria ir sozinha.

Você notou como as pessoas te encaravam, provavelmente era a única pessoa no local sem nenhuma fantasia, mas não era como se houvesse tido tempo para planejar algo, Kate havia te chamado a apenas uma hora.

Este lugar é enorme. Você pensou, olhando para a mansão, tudo parecia tão diferente da sua realidade, nem imaginava como seria viver com tanto luxo.

—Ei, vou beber alguma coisa.—Kate avisou, ela parecia estar buscando uma brecha para sair de perto de você há algum tempo, você apenas assentiu, encarando todas aquelas pessoas dançando animadamente na área do Jardim segurando copos coloridos que molhavam a grama.

Já estava muito escuro, Mas eles haviam instalados luzes fluorescentes.

Você havia escutado algo de Kate, sobre ser aniversário de alguém, mas ninguem se importava.

Suspirou, não deveria ter aceitado o convite se nem gostava de festas, fora que seu inglês não era tão bom, principalmente quando se tratava de entender o sotaque britânico.

Depois de um tempo, você acabou andando pelo local, afastando-se cada vez mais da multidão barulhenta e procurando um lugar tranquilo para arrumar seu cabelo. Em meio a todo aquele cenário aristocratico, de repente você viu um labirinto, nunca foi particularmente fã, mas parecia melhor do que ficar parada até Kate decidir que já estava cansada.

Entrou no local torcendo para achar a saída em em momento, as paredes eram altas demais para tentar pular, se fosse necessário.

Se arrependeu antes de fazer a terceira escolha de rumo, não havia ninguém por ali, obviamente as pessoas estavam mais interessadas na festa, se ficasse perdida, nem poderia gritar por ajuda, o som era alto demais.

Também não poderia ter imaginado que fosse tão grande, quem mandou fazer aquilo estava realmente animado para se perder, Chegou um momento que você nem sabia para onde estava indo, tentwva seguir sua intuição mas era como se ela só te fizesse ir ainda mais para o fundo.

Você suspirou, começando a se preocupar em como sairia de lá, se aproximou de uma das paredes para tentar escalar e encontrar o rumo da saída, mas quando colocou as mãos notou que além das folhagens verdes, haviam alguns espinhos.

Continuou caminhando por um longo tempo, em algum momento seus passos começaram a acelerar, se alguem visse, notaria na hora o seu desespero.

Você precisava sair dali.

De repente ouviu um som de tosse.

Nunca sentiu tanto alívio, suspirou, pelo menos havia encontrado outra pessoa, talvez ela soubesse a saída, se nao soubesse, era ao menos alguma companhia para chorar.

Você seguiu o som, aproximando-se rapidamente e escolhendo os caminhos que pareciam deixar o som mais alto.

—Com licença, pode me...— parou de falar quando chegou em uma área aberta, parecia ser o meio do labirinto, havia uma estátua enorme e assustadora,  abaixo dela... um homem? você se aproximou rapidamente. —ola—pensou que poderia ser apenas alguém que havia bebido demais dado pt, mas o jeito que ele estava tossindo era estranho.

Ele mal parecia ouvir você, sua mão pressionava seu próprio peito e ele tinha uma expressão de dor, você continuou paralisada com a cena até que ele caiu no chão e começou a vomitar. — ou cuspir? Aquela espuma branca misturada com bebida alcoolica não parecia nada com comida.—você percebeu que ele tentava vomitar e parecia não conseguir mais.

Não havia outra escolha a não ser correr até ele e tentar virar seu corpo de lado para que ele não morresse sufocado. Você não esperava que fosse tão pesado.

De repente, o rosto começou a ficar roxo e as mãos foram para o pescoço, como se ele não conseguisse mais respirar, mesmo assim ele tentava vomitar desesperadamente, como se fosse esta a causa de seu problema.

Os seus olhos se arregalaram, ele parecia cada vez pior.

E se ele morresse? Precisava ajudá-lo!

Alem disso, você poderia ser deportada? Ou então...incriminada? As leis eram severas, e se você fosse condenada a perpétua?

Eles definitivamente veriam suas impressões digitais nele, poderiam pensar que você o matou! Desesperada, você se abaixou na frente dele e abriu sua boca, se ele estava tentando vomitar, vomitaria.

Você nem pensou com clareza, a única coisa que passou pela sua cabeça foi enfiar os dedos na garganta dele, procurando a úvula. Ao encontrá-la, imediatamente uma enorme quantidade de líquido saiu, que parecia ser bebida alcoólica.

Foi a pior cena da sua vida.

Você continuou a ir mais fundo com os dedos até que ele teve outro reflexo de vômito, você já estava tendo seu próprio com toda aquela visão nojenta.

Ele parecia cada vez mais fraco.

Parou quando o líquido parou de sair, o rosto dele voltou a coloração normal, mas os olhos dele permaneceram fechados, respirava muito devagar.

—Você não pode morrer, por favor, por favor!—suplicou em português, o chaqualhando.

Rapidamente colocou os dedos ainda sujos no pulso dele, notou que ainda pulsava, embora fraco. Você sabia que não poderia arrastá-lo para fora do labirinto para pedir ajuda, era muito pesado e você sequer sabia sair dali, fora que isso poderia tornar as coisas ainda mais suspeitas.

Sua única opção seria chamar a emergência, sem pensar muito, tirou o celular do bolso e discou o número, por sorte ainda tinha crédito. Você repetiu várias vezes que estavam no meio labirinto, para tentarem encontrar um morador que soubesse o caminho.

Você acabou sentando no chão e apoiou a cabeça dele em sua perna para evitar que se engasgasse de novo, a todo momento checando se ele estava mesmo dormindo.

A ambulância demorou a chegar. Você só notou quando ouviu um barulho de passos apressados, logo à frente estava uma mulher desconhecida estava orientando os paramédicos sobre o rumo.

A mulher que até então parecia calma, soltou um grito de horror ao ver o rosto dele e correu em sua direção.

—Felix! O que...o que aconteceu?!— ela gritou, movendo os ombros dele.mO que você fez com ele?!—te encarou como se pudesse te matar a qualquer segundo.

Os paramédicos começaram a fazer o trabalho, afastando o homem desacordado.

—Eu...não sei, encontrei ele assim, eu juro! sinto muito.—Você começou a chorar com medo de algo ruim acontecer, as lágrimas só tornariam tudo mais suspeito, mas você estava desesperada demais para pensar racionalmente, não queria ser incriminada.

Várias pessoas da festa seguiram a equipe da ambulância para saberem o que havia acontecido e sussurravam entre si, você conseguia escutar os boatos, alguns diziam apenas que ele havia usado muitas drogas, já outros suspeitavam de você.

Os paramédicos levaram o homem até a ambulância que ficou estacionada no jardim.

Você só queria ir embora, seu dia tinha sido horrível e quase viu alguém morrer, mas aquela mulher te proibiu de ir para casa, ameaçando chamar a polícia se você tentasse.

—Você vai ficar por perto até descobrirmos o que aconteceu, querida.— ela disse com um sorriso falso, em tom baixo, enquanto o jovem ainda estava entubado na ambulância e vocês duas encaravam a cena, o braço dela estava enroscado no seu.—vai para o hospital também, assim quando Felix acordar ele pode nos contar o que você fez.—ela disse baixo em tom ameaçador.

Você percebeu naquele instante o porque ela ainda não tinha chamado a polícia, não queria escândalo.

Onde foi que você se meteu...

𝐓𝐈𝐌𝐄 𝐓𝐎 𝐒𝐀𝐕𝐄.-𝕾𝖆𝖑𝖙𝖇𝖚𝖗𝖓Where stories live. Discover now