꧁Precise de socorro.꧂

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Saltburn podia ser muito tediante, quando queria.

Você não sentia-se animada em explorar o local quando cada vez que abria uma das infinitas portas, Duncan magicamente aparecia, questionando se estava perdida ou não sabia o caminho para o quarto.

Ele parecia pior do que os próprios moradores, talvez apenas não gostasse de você ou da ideia de estar em local de serventia para alguém que muito possivelmente era mais pobre do que ele.

Ou Talvez não te achasse digna o bastante de Saltburn.

Você passou a língua pelos lábios, não era como se você estivesse ali por livre e espontânea vontade, de qualquer maneira. Nem fazia sentido que ele te olhasse como se você fosse um parasita na casa dos Catton.

Quando finalmente sentiu que havia conseguido fazer com que o mordomo saísse de perto, abriu a grande porta de madeira, esculpida nas bordar com cenários de Platão. Não que você fosse do tipo intrometida, ou que gostava de vasculhar a casa dos outros quando estes não estavam por perto. Mas desde que ficou apenas Farleigh e você no jardim, sentiu-se deslocada após um tempo, nao era como se o americano estivesse fazendo algum esforço para que o assunto entre vocês rendesse, ele parecia mais ocupado em tomar um bom bronze.

—Uau.—Você sussurrou, surpresa ao se deparar com fileiras e fileiras de estantes altas de madeira, todas recheadas de livros, no centro do enorme salão havia sofás e mesas confortáveis.

O chão de madeira fazia barulho a cada passo que você dava, o eco no local era tanto, que mesmo seus suspiros pareciam barulhentos.

Parou em uma estante, pegando o primeiro livro que pareceu minimamente familiar, era a primeira edição de O retrato de Dorian Grey, um dos cem primeiros exemplares, perfeitamente preservado.

Haviam muitos livros famosos, todos tendo em comum o fato de serem os primeiros publicados, mas a ficha só pareceu realmente cair sobre o quão os Catton eram pura elite, quando você se deparou com a edição de 1872 de Pride and Prejudice, com uma dedicatória da própria Jane Austen.

Como aqueles livros estavam de livre acesso e não em um cofre?

Aquele foi o momento em que você decidiu que era melhor não mexer em mais nada, nem trabalhando uma vida toda conseguiria parar o prejuízo de  quebrar a lombada de algum deles.

Bastou sair do corredor para se deparar com Felix no fim dele, ele escutou o som da porta e em sua direção.

—Estamos indo jogar Golfe.—ele deu os ombros e você sorriu forçando, coçando a nuca.

—Eu nunca joguei.—Admitiu, seria um verdadeiro desastre.

Felix passou a língua pelo lábio inferior, sorrindo.

—O Ollie também não, vai ser divertido.—ele disse, agora mais próximo, você tinha a sensação de que nunca se acostumaria com o quão alto era, parecia até uma criança quando estava do lado dele.—Além do mais, é seu dia de sorte, eu sou um bom professor.—disse piscando, com um sorriso de canto, se não ele não fosse tão extrovertido e não tivesse claramente tentando te incluir, você teria pensado se tratar de algum tipo de flerte.

Acabou desistindo, não era era como se houvesse algo melhor.

O seguiu pelos longos corredores, por sorte, Felix parecia realmente bom em não deixar que o clima se tornasse estranho, ou ao menos fazia algum esforço para que você não ficasse desconfortável. no meio do percurso ele comentou algo sobre você estar na biblioteca, perguntou se gostava de livros e até disse que ali haviam bons e você poderia lê-los quando quisesse.

𝐓𝐈𝐌𝐄 𝐓𝐎 𝐒𝐀𝐕𝐄.-𝕾𝖆𝖑𝖙𝖇𝖚𝖗𝖓Where stories live. Discover now